domingo, 9 de junho de 2019

3 coisas que o Vaticano II não ensinou


Na minha experiência, quando alguém acaba uma frase com: "que é, afinal de contas, o espírito do Vaticano II" ou "o espírito do Papa João XXIII", quase nunca sabe o que está a dizer. De facto, o "espírito" de que normalmente falam está em conflicto directo tanto com o Vaticano II como com João XXIII.

A Sacrosanctum Concilium é o documento do Vaticano II que lida especificamente com a a liturgia. Neste texto dou o exemplo (de uma forma ridiculamente breve) de três coisas que a constituição não disse.

1. ACABAR COM O LATIM NA LITURGIA

No parágrafo 54, a constituição diz: "Em Missas que são celebradas com o povo, pode-se dar um lugar próprio à língua vernácula. Isto é para aplicar em primeiro lugar às leituras e à Oração Comum. Mas também se pode aplicar às respostas das pessoas, se as condições locais o permitirem.

No entanto, a constituição continua, "Ainda assim, devem ser dados passos para que os fiéis também sejam capazes de rezar ou cantar juntos em Latim as partes do Ordinário da Missa que lhes correspondem" (isto é, as partes que não mudam e que rezamos todos os Domingos, como o Credo, o Glória ou o Pai Nosso).

2. DAR À MÚSICA CONTEMPORÂNEA UM LUGAR DE DESTAQUE

No parágrafo 116, o documento diz: "A Igreja reconhece o Canto Gregoriano como o canto próprio da Liturgia Romana; por isso, este terá, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar nas ações litúrgicas.”

Mãe esquarteja filho de 9 anos com ajuda da companheira porque menino “lembrava o pai”. Por que não nos chocamos mais?


Aqueles que acompanham notícias policiais ficaram chocados pela notícia do início deste mês: Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, foi presa após esquartejar o próprio filho de 9 anos neste sábado (01), em Brasília. Ela teve ajuda da companheira, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa.

Se uma mãe matar o próprio filho já é chocante o suficiente, o motivo revela a doença mental coletiva que dominou os tempos recentes: a criança, Rhuan Maycon da Silva Castro, lembrava muito o próprio avô, pai da assassina.

As duas lésbicas falam em abusos: uma do pai da criança, a outra da própria companheira. Rosana seqüestrou o filho em 2015, enquanto a família do pai, no Acre, buscava incessantemente pelo filho, acionando a Justiça inúmeras vezes e postando fotos nas redes sociais, sem sucesso.

Antes de mais nada, duas coisas chamam demasiadamente a atenção. A primeira é a torpeza da motivação: uma família desestruturada, um relacionamento bizarramente viciado, um seqüestro que, ao fim e ao cabo, apenas serviu para demonstrar força em destruir uma família: a mãe, definitivamente, não queria o filho, mas mais do que isso queria que o pai também não o tivesse.

A segunda, e ainda mais horripilante, é a indiferença do Brasil diante de uma notícia como esta. Fomos mortificados por inúmeras notícias de crimes chocantes: Liana Friedenbach, menino João Hélio, a dentista Cinthya Magaly de Souza, queimada viva por só possuir R$ 30 na conta bancária (enquanto os assassinos fugiram com o Audi da família de um deles), Isabela Nardoni, Marcos Matsunaga, os pais de Suzane Richthofen, a professora Heley Abreu, queimada enquanto tentava salvar crianças.

Simplesmente um crime como este – uma mãe esquartejando o próprio filho, por referências paternas mal resolvidas – é tratado como estatística – ou mesmo como um mero acidente de percurso na revolução feminista contra o patriarcado (sim, os perfis das lésbicas continham toda a verborragia da lacração), escudada pelo coitadinho penal que adora citar Freud e Foucault para justificar que o problema não é assassinar pessoas, esquartejá-las, destruir vidas em troca de prazer sexual: o problema é ter famílias “tradicionais”.

Não é de se duvidar que todo o ambiente no qual o crime grassou estava impregnado de abusos, violências e vícios. Entretanto, tal fato não gera discussão na mídia.

Não se discute nada: não se fala que precisamos mudar algo na sociedade. Não há cartazes “Rhuan vive” nas paredes da cidade (nem sequer um avatarzinho, uma hashtag). Não há nenhum sociólogo ou “jurista” dizendo o que precisa mudar no país para tal fato parar de acontecer (parece mesmo que a maior parte deles nem se importa se fatos como este continuarem ocorrendo).

O assassinato de uma vereadora do PSOL é terrível, mas por um mês, o Jornal Nacional noticiou a falta de notícias sobre o caso diariamente, e até um ano depois, ainda cobrava das autoridades quem seria o mandante (no único caso em que o PSOL exigia polícia e punição exemplar, acreditando que cadeia funciona para algo).

Mas uma mãe esquartejar o próprio filho? Sai uma notinha no fundo do G1 e se você não deu a sorte de cruzar com a notícia, paciência. Who cares? Depois basta chamar uns funkeiros e youtubers falando em feminismo contra o patriarcado no programa da Fátima Bernardes e pronto: temos lá todos os problemas do país expostos.

Quem ousaria falar algo contra um casal de lésbicas, afinal? Mesmo que esquartejem o próprio filho de uma delas, se as empoderadas fizeram algo errado, certamente a culpa permanece sendo da sociedade machista e precisamos de mais feminismo, Anitta, lacração e Catraca Livre.

A família do menino buscava informações sobre ele desde 2015. O avô do menino chegou a viajar de Rio Branco para Anápolis, em Goiás, após descobrir que as lésbicas estiveram por lá, mas sem sucesso de encontrar o neto.

Além do menino Rhuan, a filha de Kacyla, a companheira, morava com as duas e também fora seqüestrada, enquanto a família buscava informações há cinco anos (a última foi uma foto em uma rede social em 2017). A menina de 8 anos acordou durante o esquartejamento e testemunhou o evento macabro. As duas lésbicas não pretendiam matar a menina.

As duas crianças não frequentavam escola há 2 anos para que as duas lésbicas pudessem manter seu relacionamento às escondidas das famílias. Prazer, no mundo moderno, sempre vem primeiro: ambas queriam começar uma nova vida sem precisar do filho. Como estava tarde para um aborto clandestino, planejaram o crime por cerca de um ano.

O cenário foi tão macabro que a polícia pensou tratar-se de um ritual de magia negra. O leitor precisa ter sangue frio para continuar lendo.

Conheça o Pure Flix, uma Netflix só de filmes sobre fé e família


Pouca gente no Brasil sabe, porém, a Pure Flix, mantém desde 2015 um serviço de streaming semelhante à Netflix, apenas com filmes voltados para a família e a fé.

“O sonho que Deus nos deu é oferecer conteúdo de forma constante, de forma a ser uma alternativa ao que Hollywood oferece”, disse David A. R. White, um dos fundadores da empresa, ao The New York Times. Há uma enorme variedade de conteúdo na plataforma. Assim como a gigante do streaming, a Pure Flix mantém no cardápio tanto produções originais quanto de outras produtoras.

São mais de 7,5 mil títulos, que englobam diversos outros gêneros além dos filmes e séries com histórias de fé, superação e união do casal e da família. Se na Netflix você pode ver shows de stand-up com comediantes como Marco Luque e Dave Chappelle, no Pure Flix você conta com os episódios do Pure Flix Comedy All-Stars, com estrelas do stand-up norte-americano como Sinbad e Louie Anderson.

Mas se prefere documentários, a opção são séries apresentando a história da Medalha de Honra norte-americana e seus condecorados, um dossiê que tenta provar a verdade do criacionismo e os erros da teoria da evolução, a história da consagradíssima versão inglesa da Bíblia King James, a biografia da ex-secretária de Estado do governo Bush, Condoleezza Rice, ou a explanação dos salmos com o famoso autor Max Lucado.

E a Pure Flix ainda oferece uma programação especial para a criançada, com desenhos animados como How Can I Celebrate Halloween?, a história de Digger, um garoto que quer festejar o Halloween, mas é cristão; Theo, um simpático senhor que ensina teologia para crianças; uma versão animada do clássico livro O peregrino, de John Bunyan; e até Ursinhos Carinhosos.

Sem medo do câncer!


O câncer é uma enfermidade que acomete pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais. De acordo com o Dr. Ricardo Borges, médico paliativista no Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh, em Goiânia (GO), o câncer não é uma doença única e os sintomas variam muito. “Os tipos de câncer podem ser divididos em duas categorias: o de órgãos sólidos, como intestino, pulmão, estômago .etc, e o hematológico, que está relacionado ao sangue, por exemplo a leucemia e o linfoma”, explica. O médico também afirma que é uma doença que se caracteriza pela multiplicação desordenada de células de forma agressiva e que pode atingir diversas regiões do corpo.

Por ser uma doença agressiva e tão diversa quando se trata dos seus sintomas. Dr. Ricardo alerta para que as pessoas não esperem sentir algo ruim para procurar um diagnóstico médico. “É muito importante que as pessoas façam exames regulares e de rastreio com seu médico de confiança para detectar qualquer alteração ainda no início”, explica. O médico também pontua que os exames de rastreio também variam de acordo com o estágio da vida da pessoa. “O exame para detectar o câncer de colo do útero deve ser feito com frequência logo que a mulher inicia a sua vida sexual, já o exame de próstata é indicado para os homens a partir dos 45 anos”, afirma.

Dr. Ricardo destaca que, quando o câncer é do tipo sólido, ou seja, que atingiu algum órgão, a pessoa pode sentir dor, já que o órgão prejudicado tende a aumentar de tamanho. Além disso, ela pode perder peso e ter febre sem motivo aparente. Já quando se trata do câncer hematológico, é possível fazer o diagnóstico ao verificar alterações no hemograma, como queda de plaquetas e também manchas pelo corpo, ínguas e fraqueza.

Batizam bebê que sobreviveu à tentativa de aborto na 26ª semana de gestação


Uma bebê que sobreviveu à tentativa de aborto na 26ª semana de gestação recebeu o batismo de emergência no hospital onde está internada. Victoria é o nome dado à pequena que nasceu pesando apenas 1 quilo.

Victoria é filha de uma menor de 14 anos que foi ao Hospital da Mulher Percy Boland, em Santa Cruz (Bolívia), para solicitar o aborto por estupro, uma prática que pode ser realizada sem uma ordem judicial.

Segundo informa AFP, vários médicos se recusaram a realizar o aborto e apresentaram suas cartas de objeção de consciência, mas, finalmente, o diretor médico do hospital, Federico Urquizo ordenou que fosse realizado através da administração de comprimidos por via oral e vaginal à menor.

"Como havia respaldo legal, realizou-se a interrupção (aborto), mas o bebê nasceu vivo e está internado", afirmou Urquizo, segundo o jornal boliviano ‘El Deber’.

O chefe de neonatologia, Erwin Roman afirmou que era possível que a bebê nascesse viva, como de fato aconteceu, depois disso aplicaram o protocolo que estabelece que, “se um bebê nasce com um bom peso e com probabilidades de vida, a obrigação é assisti-lo e tentar salvar a sua vida”.

EUA: Cardeal DiNardo nega ter encoberto caso de extorsão sexual de um sacerdote


A Arquidiocese de Galveston-Houston (Estados Unidos) questionou o relato da Associated Press (AP) que acusa o Cardeal Daniel DiNardo por conduzir de forma inadequada uma denúncia de extorsão sexual supostamente cometida pelo seu ex-vigário geral.

A Arquidiocese também negou ter recebido relatos de que o sacerdote acusado, Mons. Frank Rossi, violou a lei canônica relativa ao sacramento da penitência.

A declaração foi uma resposta a uma matéria do dia 4 de junho da AP, que informou sobre a denúncia de uma mulher do Texas, Laura Pontikes, contra o sacerdote.

Segundo Pontikes, o Cardeal DiNardo reconheceu que ela foi vítima de manipulação por parte de um sacerdote, mas permitiu que este último continuasse em exercício e fosse transferido a outra diocese, apesar de terem prometido para ela que não permitiriam que continuasse o seu ministério.

"A Arquidiocese de Galveston-Houston rejeita categoricamente os relatos não profissionais, tendenciosos e unilaterais contidos na reportagem de hoje da Associated Press intitulada ‘The Reckoning’. Em cada parte deste processo, o Cardeal DiNardo reagiu de maneira rápida e justa, e sempre levou em consideração o bem-estar da família Pontikes. Uma série de citações atribuídas ao Cardeal são uma criação absoluta", disse a Arquidiocese em uma declaração de 4 de junho.

Além disso, enfatizou que o Cardeal DiNardo se comprometeu a não realocar "Mons. Rossi em nenhum caso na Arquidiocese de Galveston-Houston".

Em 2017, Mons. Rossi foi nomeado pároco da Diocese de Beaumont, sufragânea (que depende em certo modo) da Arquidiocese de Galveston-Houston. Esta última, em seu comunicado, disse que Mons. Rossi "completou seu processo de reabilitação e os profissionais que o avaliaram recomendaram que retornasse ao ministério ativo" antes de ter permissão para ser pároco na Diocese de Beaumont.

Por sua parte, a Diocese de Beaumont disse nesta semana que não foi informada sobre as acusações contra o sacerdote antes de ser nomeado pároco e que decidiu retirá-lo temporariamente de seu cargo na paróquia.

Bispo proíbe Comunhão a congressistas pró-aborto nos Estados Unidos


O Bispo de Springfield (Estados Unidos), Dom Thomas J. Paprocki, decretou que não poderão receber a Comunhão em sua diocese aqueles congressistas que trabalharam para aprovar o projeto de lei que declara o aborto como “direito fundamental” no estado de Illinois.

O Prelado também disse que os parlamentares católicos que votara a favor de uma legislação pró-aborto não poderão receber a Eucaristia até se confessarem.

A Lei de Saúde Reprodutiva de Illinois foi aprovada pela Câmara de Representantes e o Senado do estado há alguns dias. Para que se torne efetiva, faltaria apenas a assinatura do governador de Illinois, Jay Robert Pritzker.

“De acordo com o cânon 915 do Código de Direito Canônico, o presidente do Senado de Illinois, John Cullerton, e o presidente da Câmara dos Representantes, Michael J. Madigan, que facilitaram a aprovação da Lei sobre o aborto de 2017 (House Bill 40), assim como a Lei de Saúde Reprodutiva de 2019 (Senate Bill 25), não são admitidos para receber a Sagrada Comunhão na Diocese de Springfield, em Illinois, porque persistiram obstinadamente em promover o crime abominável e grave pecado do aborto”, escreveu Dom Paprocki em um decreto emitido em 2 de junho.

No entanto, sustentou que “estas pessoas podem ser readmitidas na santa Comunhão apenas depois de ter se arrependido destes pecados graves e, além disso, após uma reparação adequada por danos e escândalos, ou ao menos prometer fazê-lo seriamente, segundo o determinado por meu julgamento ou o julgamento de seu bispo diocesano que consulte comigo ou com meu sucessor”.

O projeto de lei declara que o aborto é um “direito fundamental” no estado. Além disso, elimina vários trechos das leis de aborto atuais, como as regulações para as clínicas abortivas, os períodos de espera requeridos como as notificações aos pais para obter um aborto, assim como a proibição do aborto tardio que se realiza no último trimestre de gestação.

A legislação permitiria aos não médicos realizar abortos, exigiria que todos os planos de saúde privados cubram abortos seletivos e eliminaria os requisitos de informação, assim como as regulamentações que requerem a investigação de mortes maternas devido a esta prática.

Os críticos da proposta de Illinois argumentaram que se trata de uma das medidas mais extremas da legislação sobre o aborto no país.

O decreto de Dom Paprocki instrui formalmente os sacerdotes e diáconos da Diocese de Springfield a se abster de administrar o sacramento da Eucaristia a Cullerton e Madigan, ambos católicos.

O Bispo também instruiu outros legisladores católicos que votaram a favor do aborto a não se aproximar da santa Comunhão e que os sacerdotes não as deem a estes.

"Quem vive segundo o Espírito leva paz onde há discórdia", diz Papa


SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Praça São Pedro
Domingo, 9 de junho de 2019

O Pentecostes chegou, para os discípulos, depois de cinquenta dias incertos. Por um lado, Jesus ressuscitara: cheios de alegria, tinham-No visto, escutado e até comido com Ele. Por outro, ainda não superaram dúvidas e temores: estavam com as portas fechadas (cf. Jo 20, 19.26), com perspetivas reduzidas, incapazes de anunciar o Vivente. Depois, chega o Espírito Santo e as preocupações desaparecem: agora os Apóstolos não têm medo nem sequer à vista de quem os prende; antes, preocupados por salvar a sua vida, agora já não têm medo de morrer; antes, fechados no Cenáculo, agora levam o anúncio a todas as nações. Até à Ascensão de Jesus, aguardavam um Reino de Deus para eles (cf. At 1, 6), agora estão ansiosos por alcançar fronteiras desconhecidas. Antes, quase nunca falaram em público e muitas vezes, quando o fizeram, criaram problemas como Pedro que renegou Jesus; agora falam corajosamente a todos. Em resumo, a história dos discípulos, que parecia ter chegado ao fim, é renovada pela juventude do Espírito: aqueles jovens, que dominados pela incerteza se sentiam no fim, foram transformados por uma alegria que os fez renascer. Foi o Espírito Santo que fez isto. O Espírito não é, como poderia parecer, uma coisa abstrata; é a Pessoa mais concreta, mais próxima, aquela que muda a nossa vida. E como faz? Vejamos os Apóstolos. O Espírito não lhes tornou as coisas mais fáceis, não fez milagres espetaculares, não eliminou problemas nem opositores, mas o Espírito trouxe para a vida dos discípulos uma harmonia que faltava: a Sua, porque Ele é harmonia.

Harmonia dentro do homem. Era dentro, no coração, que os discípulos precisavam de ser mudados. A sua história diz-nos que a própria visão do Ressuscitado não basta; é preciso acolhê-Lo no coração. De nada aproveita saber que o Ressuscitado está vivo, se não se vive como ressuscitados. E é o Espírito que faz viver e ressurgir Jesus em nós, que nos ressuscita dentro. Por isso Jesus, ao encontrar os Seus, repete: «A paz esteja convosco» (Jo 20, 19.21) e dá o Espírito. A paz não consiste em resolver os problemas a partir de fora – Deus não tira aos Seus tribulações e perseguições –, mas em receber o Espírito Santo. Nisto consiste a paz, aquela paz dada aos Apóstolos, aquela paz que não livra dos problemas, mas, nos problemas, é oferecida a cada um de nós. É uma paz que torna o coração semelhante ao mar profundo: permanece tranquilo, mesmo quando as ondas estão revoltas à superfície. É uma harmonia tão profunda que pode até transformar as perseguições em bem-aventurança. Mas, em vez disso, quantas vezes permanecemos à superfície! Em vez de procurar o Espírito, tentamos flutuar, pensando que tudo ficará bem se certo problema passar, se não virmos mais tal pessoa, se melhorar aquela situação. Mas isto é permanecer à superfície: superado um problema, chegará outro; e a ansiedade voltará. Não é afastando-nos de quem pensa diferente de nós que ficaremos tranquilos, não é resolvendo o problema presente que estaremos em paz. O ponto de mudança é a paz de Jesus, é a harmonia do Espírito.

Com a pressa que o nosso tempo nos impõe, parece que a harmonia esteja posta de lado: reclamados por uma infinidade de coisas, arriscamo-nos a explodir, solicitados por um nervosismo contínuo que nos faz reagir mal a tudo. E procura-se a solução rápida: uma pastilha atrás doutra para continuar, uma emoção atrás doutra para se sentir vivo, quando na verdade aquilo de que precisamos é sobretudo o Espírito. É Ele que coloca ordem neste frenesi. É paz na ansiedade, confiança no desânimo, alegria na tristeza, juventude na velhice, coragem na prova. É Ele que, no meio das correntes tempestuosas da vida, mantém firme a âncora da esperança. Como nos diz hoje São Paulo, é o Espírito que nos impede de recair no medo, fazendo-nos sentir filhos amados (cf. Rm 8, 15). É o Consolador, que nos transmite a ternura de Deus. Sem o Espírito, a vida cristã desfia-se, privada do amor que tudo une. Sem o Espírito, Jesus permanece um personagem do passado; com o Espírito, é pessoa viva hoje. Sem o Espírito, a Escritura é letra morta; com o Espírito, é Palavra de vida. Um cristianismo sem o Espírito é um moralismo sem alegria; com o Espírito, é vida.

O Espírito Santo produz harmonia não só dentro, mas também fora, entre os homens. Faz-nos Igreja, compõe partes distintas num único edifício harmónico. Explica-o bem São Paulo que, ao falar da Igreja, repete muitas vezes a palavra «diferente»: «diferentes carismas, diferentes atividades, diferentes ministérios» (cf. 1 Cor 12, 4-6). Somos diferentes, na variedade das qualidades e dos dons. O Espírito distribui-os com criatividade, sem rebaixar nem nivelar. E, a partir desta diversidade, constrói a unidade. Assim procede desde a criação, porque é especialista em transformar o caos em cosmo, em criar harmonia. Ele é especialista em criar as diversidades, as riquezas; cada um com a sua, diversa. Ele é o criador desta diversidade e, ao mesmo tempo, é Aquele que harmoniza, que dá harmonia, e dá unidade na diversidade. Somente Ele pode fazer estas duas coisas.