Aqueles que acompanham notícias policiais ficaram chocados pela notícia do início deste mês: Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, foi presa após esquartejar o próprio filho de 9 anos neste sábado (01), em Brasília. Ela teve ajuda da companheira, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa.
Se uma mãe matar o próprio filho já é chocante o suficiente, o motivo revela a doença mental coletiva que dominou os tempos recentes: a criança, Rhuan Maycon da Silva Castro, lembrava muito o próprio avô, pai da assassina.
As duas lésbicas falam em abusos: uma do pai da criança, a outra da própria companheira. Rosana seqüestrou o filho em 2015, enquanto a família do pai, no Acre, buscava incessantemente pelo filho, acionando a Justiça inúmeras vezes e postando fotos nas redes sociais, sem sucesso.
Antes de mais nada, duas coisas chamam demasiadamente a atenção. A primeira é a torpeza da motivação: uma família desestruturada, um relacionamento bizarramente viciado, um seqüestro que, ao fim e ao cabo, apenas serviu para demonstrar força em destruir uma família: a mãe, definitivamente, não queria o filho, mas mais do que isso queria que o pai também não o tivesse.
A segunda, e ainda mais horripilante, é a indiferença do Brasil diante de uma notícia como esta. Fomos mortificados por inúmeras notícias de crimes chocantes: Liana Friedenbach, menino João Hélio, a dentista Cinthya Magaly de Souza, queimada viva por só possuir R$ 30 na conta bancária (enquanto os assassinos fugiram com o Audi da família de um deles), Isabela Nardoni, Marcos Matsunaga, os pais de Suzane Richthofen, a professora Heley Abreu, queimada enquanto tentava salvar crianças.
Simplesmente um crime como este – uma mãe esquartejando o próprio filho, por referências paternas mal resolvidas – é tratado como estatística – ou mesmo como um mero acidente de percurso na revolução feminista contra o patriarcado (sim, os perfis das lésbicas continham toda a verborragia da lacração), escudada pelo coitadinho penal que adora citar Freud e Foucault para justificar que o problema não é assassinar pessoas, esquartejá-las, destruir vidas em troca de prazer sexual: o problema é ter famílias “tradicionais”.
Não é de se duvidar que todo o ambiente no qual o crime grassou estava impregnado de abusos, violências e vícios. Entretanto, tal fato não gera discussão na mídia.
Não se discute nada: não se fala que precisamos mudar algo na sociedade. Não há cartazes “Rhuan vive” nas paredes da cidade (nem sequer um avatarzinho, uma hashtag). Não há nenhum sociólogo ou “jurista” dizendo o que precisa mudar no país para tal fato parar de acontecer (parece mesmo que a maior parte deles nem se importa se fatos como este continuarem ocorrendo).
O assassinato de uma vereadora do PSOL é terrível, mas por um mês, o Jornal Nacional noticiou a falta de notícias sobre o caso diariamente, e até um ano depois, ainda cobrava das autoridades quem seria o mandante (no único caso em que o PSOL exigia polícia e punição exemplar, acreditando que cadeia funciona para algo).
Mas uma mãe esquartejar o próprio filho? Sai uma notinha no fundo do G1 e se você não deu a sorte de cruzar com a notícia, paciência. Who cares? Depois basta chamar uns funkeiros e youtubers falando em feminismo contra o patriarcado no programa da Fátima Bernardes e pronto: temos lá todos os problemas do país expostos.
Quem ousaria falar algo contra um casal de lésbicas, afinal? Mesmo que esquartejem o próprio filho de uma delas, se as empoderadas fizeram algo errado, certamente a culpa permanece sendo da sociedade machista e precisamos de mais feminismo, Anitta, lacração e Catraca Livre.
A família do menino buscava informações sobre ele desde 2015. O avô do menino chegou a viajar de Rio Branco para Anápolis, em Goiás, após descobrir que as lésbicas estiveram por lá, mas sem sucesso de encontrar o neto.
Além do menino Rhuan, a filha de Kacyla, a companheira, morava com as duas e também fora seqüestrada, enquanto a família buscava informações há cinco anos (a última foi uma foto em uma rede social em 2017). A menina de 8 anos acordou durante o esquartejamento e testemunhou o evento macabro. As duas lésbicas não pretendiam matar a menina.
As duas crianças não frequentavam escola há 2 anos para que as duas lésbicas pudessem manter seu relacionamento às escondidas das famílias. Prazer, no mundo moderno, sempre vem primeiro: ambas queriam começar uma nova vida sem precisar do filho. Como estava tarde para um aborto clandestino, planejaram o crime por cerca de um ano.
O cenário foi tão macabro que a polícia pensou tratar-se de um ritual de magia negra. O leitor precisa ter sangue frio para continuar lendo.
Rhuan estava dormindo, quando sua própria mãe lhe desferiu uma facada no peito. Rhuan deu um pequeno grito, enquanto Kacyla colocou um pano com acetona em seu nariz. Mais três facadas da mãe ceifaram a vida do filho. Durante a ação, a filha de Kacyla acordou e ficou calada, observando.
As assassinas cortaram braços e pernas com facas e um martelo e colocaram em duas mochilas infantis. Tentaram jogar em um bueiro. Meninos jogando futebol por perto notaram algo estranho e avisaram a polícia civil.
A mãe tirou os olhos da criança, tendo dificuldade em arrancar sua cabeça. Seu objetivo era fritar a pele do rosto e jogar na privada. Os ossos seriam triturados. Tentaram queimar o restante do corpo da criança numa churrasqueira, mas desistiram devido ao cheiro.
Um cenário que faria Ed Gein, o mais assustador serial killer americano, que povoa o imaginário daquele país por décadas devido à brutalidade de seus atos (é difícil imaginar um filme de serial killer que não seja baseado nele). No Brasil, é mera estatística. Ou nota de jornal para a seção policial, desinteressante para aqueles que querem ler colunas sobre feminismo e os viciados em política, que não têm mais nada o que dizer em 2019 além de macaquear a Reforma da Previdência.
Há um ano, as duas já haviam cortado o pênis do garoto, o que não precisa de muita explicação para se entender as motivações, na era empoderada. O Conselho Tutelar foi chamado, mas ainda assim, nada foi feito.
Pode parecer paranóia de quem usa chapéu de alumínio e acredita em teorias da conspiração, tipo Terra plana, mas talvez queira parecer que, fora o embrutecimento absurdo diante de vidas sendo ceifadas como só se via em filmes de terror e se imaginava que eram bastante raras an vida real, também não se dê o destaque midiático de uma Marielle Franco porque atrapalharia uma narrativa tão fofinha sobre progressistas serem vítimas, feminismo nunca ter matado ninguém e sobre os perigos da masculinidade tóxica.
Para quem ainda tem estômago, segue o depoimento das assassinas.
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Senso Incomum
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