quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Governo da China exige que igrejas retirem referências aos Dez Mandamentos


As igrejas cristãs na China receberam a ordem de retirar qualquer tipo de exibição ou referência aos Dez Mandamentos e substituí-los por citações do presidente chinês Xi Jinping, de acordo com relatórios recentes.

A revista ‘Bitter Winter’, que cobre temas de liberdade religiosa e direitos humanos na China, informou que o pedido foi feito especificamente às igrejas da denominação protestante "Movimento Patriótico dos Três Seres".

A nova diretriz ocorreu depois que, em um primeiro momento, pediu-se à igreja protestante que eliminasse o Primeiro Mandamento que faz referência a “Não terás deuses alheios diante de mim”, pois Jinping não estava de acordo.

Também se indica que aqueles que se negaram a eliminar algum ou todos os mandamentos foram presos; inclusive aconteceu com pessoas de algumas igrejas que cumpriram com as instruções.

Funcionários do Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comitê Central do Partido Comunista Chinês indicaram, no final de junho, aos membros de uma igreja dos “Três Seres”, localizada na cidade de Luoyang, que “o Partido deve ser obedecido em todos os aspectos".

“Sempre tem que fazer o que o partido diga. Se você contradisser, sua igreja será fechada imediatamente”, advertiram.

A igreja teve que eliminar as referências aos Dez Mandamentos, depois de repetidas instruções do governo.

Três igrejas dessa denominação já foram fechadas por não eliminarem as exibições. Segundo os relatos, os fiéis que não estão de acordo foram ameaçados de serem colocados em listas negras do governo, o que leva a restrições de viagem e a exclusão de seus filhos de algumas escolas ou empregos.

Em vez dos Dez Mandamentos, as igrejas dos "Três Seres" agora mostram citações que promovem o socialismo e alertam contra a influência do Ocidente na China.

Núncio pede aos bispos da Alemanha fidelidade ao Papa


O Núncio Apostólico na Alemanha, Dom Nikola Eterovic, escreveu uma carta aos bispos do país europeu, na qual lhes pediu para serem fiéis ao Papa Francisco e compartilhou a recente carta do Santo Padre com uma encíclica do Papa Pio XI escrita no tempo dos nazistas.

Em sua carta enviada aos bispos alemães reunidos em assembleia plenária, o Núncio recordou o chamado do Papa Francisco à Igreja na Alemanha para que se centre na evangelização e mantenha a unidade com a Igreja universal durante seu “processo sinodal” vinculante.

No dia 29 de junho, Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco escreveu uma carta à Igreja na Alemanha na qual ofereceu suas prioridades e metodologias para o processo sinodal, cujos primeiros trabalhos já começaram no país. Durante sua assembleia plenária, os bispos votarão os estatutos do processo sinodal para a criação da chamada assembleia sinodal.

Na assembleia sinodal, os bispos seria uma minoria com 69 membros entre 200, para debater temas como a separação de poderes na Igreja, a vida sacerdotal, o acesso de mulheres a diversas funções na Igreja e a moral sexual.

O Núncio ressaltou em sua missiva que “a carta do Santo Padre merece especial atenção. De fato, é a primeira vez desde a encíclica de Pio XI, Mit brennender sorge – Com profunda preocupação –, que um Papa dedicou uma carta aos membros da Igreja Católica na Alemanha.

Dom Eterovic explicou que a “encíclica de 14 de março de 1937 denuncia as inadmissíveis intervenções do regime nacional socialista nos assuntos da Igreja Católica, mas a carta atual se refere a assuntos internos da Igreja”.

“Como representante do Santo Padre na Alemanha, alegra-me que os conteúdos da carta papal sejam objeto de estudo durante a assembleia. Não duvido de que a carta do Papa influenciará positivamente o chamado processo sinodal”, escreveu o Arcebispo de origem croata.

O Núncio ressaltou a importância da unidade, como ressalta o Papa Francisco. “A unidade entre a Igreja universal e as igrejas particulares é essencial para a efetividade da evangelização”, escreveu.

“É assim especialmente nestes tempos de forte fragmentação e polarização, para assegurar que o Sensus Ecclesiae realmente esteja em toda decisão que tomemos e que nutra e cubra todos os níveis”, acrescentou.

O Núncio explicou que o Papa quis recordar aos bispos alemães que a comunhão “nos ajuda a superar o medo que nos isola em nós mesmos e nossas particularidades, para que possamos olhar nos olhos e escutar os que estão ali, ou para que possamos renunciar a necessidades e assim acompanhar quem ficou no caminho”.

Finalmente, o Arcebispo advertiu os bispos alemães de qualquer tentação de buscar soluções fáceis diante da crise de fé no país.

Citando Dietrich Bonhoeffer, um teólogo protestante assassinado pelos nazistas, Dom Eterovic disse que confiar na “graça barata” não pode ser a base da renovação, pois é “o inimigo moral de nossa Igreja”. Ao contrário, incentivou os bispos a “lutar” pela “graça cara” que se encontra centrando-se na evangelização, como o Papa incentiva.

Para concluir, o Núncio Apostólica na Alemanha sublinhou que, “como uma comunidade de fiéis, como comunhão de esperança vivida e pregada, como comunidade de amor fraterno, a Igreja tem que escutar de si mesma o que deve crer e as razões de sua esperança, e o que é o novo mandamento do amor”.

Levem o Papa muito a sério, adverte Cardeal a bispos alemães




O Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Reiner Maria Woelki, alertou os bispos alemães reunidos em sessão plenária, na manhã de 24 de setembro, que devem "levar o Papa muito a sério" e, sob sua liderança e a da Igreja universal, revisar seus planos sinodais polêmicos.

“Levemos o Papa muito a sério!”, disse o Cardeal Woelki, enquanto pedia que fossem feitas mudanças importantes nos planos do sínodo para alinhá-los às recomendações de Francisco.

O Purpurado lembrou que o Papa Francisco lhes havia oferecido um "conselho paternal" essencial em sua carta de junho à Igreja na Alemanha.

Os bispos alemães se reúnem na cidade de Fulda, de 23 a 25 de setembro. Nesta quarta-feira, 25 de setembro, espera-se que votem para escolher o esboço com os estatutos do “processo sinodal vinculante” anunciado pelo presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, no início de 2019.

Em meados de setembro, o Cardeal respondeu ao Vaticano, através de uma carta, afirmando que o polêmico processo sinodal alemão continuará como planejado, apesar das críticas da Santa Sé e do Papa Francisco, e discutirá questões que têm a ver com o ensinamento universal da Igreja e sua disciplina.

A missiva se refere ao "processo sinodal", no qual os bispos planejam criar uma assembleia sinodal na qual seriam uma minoria com 69 membros entre 200, para discutir temas como a separação de poderes na Igreja, a vida sacerdotal, o acesso das mulheres a diversas funções na Igreja e a moral sexual.

Durante a sessão da assembleia plenária de terça-feira, 24, o Cardeal Woelki se referiu a vários temas-chave da carta do Papa que, segundo ele, os bispos devem honrar, especialmente seu chamado para se centrar na evangelização e comunhão com a Igreja em geral.

A Igreja na Alemanha deve começar por "re-evangelizar a si mesma", é um "pré-requisito indispensável" para sua missão mais ampla, disse o Purpurado, acrescentando que a carta de Francisco deixou claro que os bispos devem permanecer enraizados na unidade essencial da fé, em Cristo e com toda a Igreja universal.

“Este é o sinal indispensável para o nosso caminho sinodal, que precisa correr como um fio através dele, para que o caminho sinodal possa dar frutos verdadeiros. A carta do Papa não deixa dúvidas sobre isso”, disse o Cardeal Woelki.

A carta do Papa se tornou um ponto importante para o debate, à medida que os bispos alemães continuam suas deliberações sobre a criação de uma Assembleia Sinodal em associação com o Comitê Central dos Católicos Alemães.

Em 23 de setembro, o Núncio Apostólico na Alemanha, Dom Nikola Eterovic, escreveu aos bispos alemães para recordar que, com a carta de junho, é a primeira vez que um Papa escreve a todos os fiéis alemães desde o surgimento do nazismo, e que é essencial que escutem o Santo Padre.

O Cardeal Woelki assegurou que a advertência do Papa contra um sínodo inspirado em um "novo pelagianismo", centrado na reforma estrutural e em colocar a Igreja em conformidade com o espírito da época, é uma exortação importante.

"Não é casualidade que o Santo Padre advirta contra uma tendência que parece típica da Alemanha", disse o Cardeal Woelki, citando o Papa, ao descrever "essa antiga e sempre nova tentação dos promotores do gnosticismo que, querendo fazer seu próprio nome e expandir sua doutrina e fama, procuraram dizer algo sempre novo e diferente do que a Palavra de Deus lhes presenteava”.

O Purpurado disse que, embora seja importante permitir a ampla participação dos fiéis na vida da Igreja, isso não pode ser confundido com a autoridade legítima de ensinamento e governo dos bispos "garantia da apostolicidade e da catolicidade".

Referindo-se à recente avaliação do Vaticano sobre o esboço com os estatutos da Assembleia do Sínodo, o Cardeal lembrou aos bispos que existe uma diferença crucial entre um enfoque "parlamentar" para o governo da Igreja e o papel adequado da discussão e consulta antes do exercício da autoridade legítima para a tomada de decisões.

“O caminho sinodal não deve ser percorrido sem a Igreja universal. A carta (do Papa) exorta essa perspectiva quando diz: ‘Trata-se de viver e de sentir com a Igreja e na Igreja (...). A Igreja universal vive nas e das Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e florescem na e da Igreja universal, e se são separadas de todo o corpo eclesial, enfraquecem, murcham e morrem".

Os planos sinodais alemães incluem a formação de vários grupos de trabalho formados em associação com o Comitê Central dos Católicos Alemães. Estes já começaram a trabalhar e se espera que apresentem propostas em desacordo com o ensinamento universal da Igreja, algo que o Cardeal Woelki disse que iria contra as claras instruções do Papa.

“O Papa Francisco lembra que a fé das Igrejas particulares sempre se encontra na fé de toda a Igreja e deve ser encontrada lá. Em longo prazo, não pode e não deve haver maneiras diferentes de lidar com questões fundamentais de fé e moralidade que não apenas colocariam em perigo, mas possivelmente violariam, o alto bem da unidade que professamos no Credo como um atributo da Igreja”, afirmou.

“As estipulações da fé, que pertencem à existência imutável da doutrina da Igreja, não podem e, portanto, não devem ser objeto de debate no caminho sinodal. A impressão não deve ser transmitida de que haveria uma votação quase parlamentar sobre a fé”, insistiu o Arcebispo de Colônia.

As críticas do Vaticano aos planos alemães, apresentadas em uma carta datada de 4 de setembro ao Cardeal Reinhard Marx pelo Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos, levantaram uma série de preocupações. A principal delas é o plano de conceder à Assembleia Sinodal “poder deliberativo” para aprovar resoluções sobre questões que afetam o ensinamento e o governo da Igreja.

O Cardeal Woelki também disse que escutar as instruções do Papa não significa interromper o processo sinodal.

"A carta do Papa enfatiza que isso não significa ‘não caminhar, avançar, mudar e inclusive não debater e discordar’. Mas isso deve ser feito com a consciência, como diz o Papa, de ‘que somos essencialmente parte de um corpo maior que nos exige, espera e precisa e que também nós exigimos, esperamos e precisamos’".

O Cardeal concluiu exortando os outros bispos alemães a fazer as mudanças necessárias nas estruturas e temas sinodais para consideração, assinalando a versão alternativa que apresentou em agosto, na qual explicitou que o corpo sinodal tinha um papel estritamente consultivo e sugeriu temas alternativos centrados na evangelização.

“Junto com o Santo Padre, novamente advirto contra seguir um caminho substancial e formal que nos retiraria do corpo universal de Cristo. Nossa participação na fé da Igreja universal, cuja integridade servimos nada menos que no ministério episcopal, exclui qualquer negociação ou votação sobre assuntos de fé. Isso também se aplica à disciplina eclesiástica, na medida em que está inserida no contexto geral da Igreja”, afirmou.

“Levemos o Papa realmente a sério. Não precisamos de um ativismo agitado, mas da serenidade de todos os que estão totalmente comprometidos com Cristo. É crucial que a Igreja na Alemanha mostre com palavras e ações como é belo viver na presença do Senhor, saber que Ele nos acompanha e nos rodeia: porque a alegria do Senhor é a nossa força”, concluiu o Cardeal Woelki.

Clérigos que favorecem agenda gay agem como ministros de Satanás, diz sacerdote


Pe. Hugo Valdemar, cônego penitenciário da Arquidiocese do México, alertou recentemente que aqueles clérigos que favorecem a agenda gay, que inclui a aprovação e bênção do chamado casamento gay, não atuam como ministros de Deus, mas de Satanás.

Em sua coluna intitulada “Ninguém nasce homossexual”, publicada no jornal mexicano ContraRéplica, Pe. Valdemar disse que “pretender justificar o imoral das práticas homossexuais, buscar a aprovação de falsos direitos, como casamento ou adoção de filhos ou, pior ainda, buscar que a união de casais homossexuais seja abençoada, é blasfemo e diabólico, e não há dúvida de que os cardeais, bispos e sacerdotes que lutam por isso estão agindo como ministros do próprio Satanás, mas não de Deus”.

Pe. Valdemar, que durante 15 anos foi porta-voz da Arquidiocese do México, durante o governo pastoral do Cardeal Norberto Rivera, referiu-se em seu artigo a uma pesquisa genética publicada recentemente pela revista Science, que conclui que não há gene homossexual.

"A geneticista Andrea Ganna, que dirigiu a pesquisa, disse que o comportamento homossexual é em grande parte resultado de fatores culturais e ambientais", assinalou o sacerdote, que também enfatizou que "a seriedade deste estudo derruba muitos dos argumentos falaciosos dos lobbies LGBT, que afirmam que o homossexual nasce, não se torna”.

O sacerdote mexicano indicou que, “na experiência pastoral, muitas pessoas com atração pelo mesmo sexo se aproximam buscando orientação e apoio, são pessoas que sofrem muito com sua condição, que apesar de sentirem atração homossexual, não querem ter esse tipo de sentimentos.”

"No fundo, sabem que as práticas homossexuais não são humanas nem moralmente corretas, e gostariam de ser pessoas normais e formar famílias normais", disse.

Cardeal Burke e D. Athanasius publicam texto sobre o que significa ser fiel ao Papa


Nenhuma pessoa honesta pode continuar a negar a confusão doutrinária quase geral que reina hoje em dia na vida da Igreja. Isto deve-se, em particular, às ambiguidades acerca da indissolubilidade do matrimônio, que tem vindo a ser relativizada pela prática da admissão à Santa Comunhão de pessoas que coabitam em uniões irregulares; deve-se à crescente aprovação de actos homossexuais, intrinsecamente contrários à natureza e à vontade revelada de Deus; deve-se a erros a respeito do caráter único de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Sua obra redentora, que vem sendo relativizado através de afirmações errada sobre a diversidade das religiões; e, em especial, deve-se ao reconhecimento de diversas formas de paganismo e das respectivas práticas rituais em virtude do Instrumentum Laboris para a próxima Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica.

Tendo em conta esta realidade, a nossa consciência não nos permite ficarmos em silêncio. Nós, como irmãos no Colégio dos Bispos, falamos com respeito e amor, a fim de que o Santo Padre possa rejeitar inequivocamente os evidentes erros doutrinários do Instrumentum Laboris para a próxima Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazónica e não consinta a abolição na prática do celibato sacerdotal na Igreja Latina, mediante a aprovação da ordenação dos - assim chamados - “viri probati”.

Com a nossa intervenção, como pastores do rebanho, expressamos o nosso grande amor pelas almas, pela pessoa do próprio Papa Francisco e pelo dom divino do Ofício Petrino. Se não o fizéssemos, cometeríamos um grande pecado de omissão e de egoísmo. Pois, se ficássemos calados, teríamos uma vida mais tranquila e, quiçá, receberíamos até honras e reconhecimentos. No entanto, se ficássemos calados, violaríamos a nossa consciência.

Neste contexto, vêm-nos à mente as palavras sobejamente conhecidas do futuro santo, o Cardeal John Henry Newman (que será canonizado no dia 13 de Outubro de 2019): «Brindarei – ao Papa, com a sua licença –, mas, ainda assim, brindarei primeiro à Consciência, e só depois ao Papa» (Uma carta endereçada ao duque de Norfolk por ocasião da recente repreensão do Sr. Gladstone). Vêm-nos outrossim à mente estas outras palavras memoráveis e pertinentes de Melchior Cano, um dos bispos mais doutos do Concílio de Trento: “Pedro não precisa da nossa adulação. Aqueles que defendem cega e indiscriminadamente cada decisão do Sumo Pontífice são os que mais prejudicam a autoridade da Santa Sé: em vez de fortalecerem, eles destroem os seus fundamentos”.

Nos últimos tempos, criou-se uma atmosfera de quase total infalibilização das declarações do Romano Pontífice, ou seja, de cada uma das palavras do Papa, de cada um dos seus pronunciamentos e de documentos meramente pastorais da Santa Sé. Na prática, já não se observa a regra tradicional de distinguir os diferentes níveis dos pronunciamentos do Papa e dos seus serviços com as respectivas notas teológicas e o correspondente grau da obrigação de adesão por parte dos fiéis.

Apesar do diálogo e dos debates teológicos terem sido incentivados e promovidos na vida da Igreja nas últimas décadas após o Concílio Vaticano II, em nossos dias, parece não haver mais qualquer possibilidade de um debate intelectual e teológico honesto ou da expressão de dúvidas sobre afirmações e práticas que ofuscam e prejudicam seriamente a integridade do Depósito da Fé e da Tradição Apostólica. Uma tal situação conduz à desconsideração da razão e, portanto, da própria verdade.

Aqueles que criticam as nossas expressões de preocupação recorrem apenas a argumentos sentimentais ou de poder. Tudo indica que eles não querem entrar numa discussão teológica séria sobre o assunto. A respeito disto, parece que, muitas vezes, a razão é simplesmente ignorada e o raciocínio suprimido.

Uma expressão sincera e respeitosa de preocupação em relação a assuntos de grande importância teológica e pastoral na vida atual da Igreja, dirigida também ao Sumo Pontífice, é imediatamente esmagada e vista sob uma luz negativa com reprovações difamatórias dizendo que “semeia dúvidas”, que é “contra o Papa”, ou até que é “cismática”.

A Palavra de Deus ensina-nos, por meio dos Apóstolos, a mantermos a certeza, a sermos firmes e inabaláveis acerca das verdades universais e imutáveis da nossa Fé e a guardarmos e protegermos a Fé diante dos erros, na senda do que escreveu São Pedro, o primeiro Papa: «Tomai cuidado para que não caiais da vossa firmeza, levados pelo erro de homens ímpios» (2Pd 3, 17). São Paulo, por seu lado, também escreveu: «Não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e dos seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a Cabeça, Cristo» (Ef 4, 14-15).

É preciso ter em mente o fato de que o Apóstolo Paulo reprovou publicamente o primeiro Papa em Antioquia numa questão de menor gravidade, se comparamos com os erros que hoje em dia se espalham na vida da Igreja. São Paulo advertiu publicamente o primeiro Papa por causa do seu comportamento hipócrita e do consequente perigo de questionar a verdade que diz que as prescrições da lei mosaica não são obrigatórias para os cristãos.

Como reagiria hoje o apóstolo Paulo se lesse a frase do documento de Abu Dhabi que diz que Deus, na sua sabedoria, quer igualmente a diversidade de sexos, nações e religiões (entre as quais existem religiões que praticam a idolatria e blasfemam Jesus Cristo)! Tal afirmação representa uma relativização do carácter único de Jesus Cristo e da sua obra redentora! O que diriam São Paulo, Santo Atanásio e as outras grandes figuras do cristianismo ao ler essa frase e os erros expressos no Instrumentum laboris para a próxima Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazónia? É impossível pensar que essas figuras permaneceriam em silêncio ou se deixariam intimidar com censuras e acusações de falar “contra o Papa”.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Necroses de um tecido


A sociedade ocidental está se decompondo, desfigurando-se rapidamente. Sua matriz geradora foi a tradição judeu-cristã, que pariu nossa cultura do Ocidente. Foi o cristianismo, com sua crença de que cada indivíduo é imagem e semelhança de Deus em Cristo, quem possibilitou que essa cultura desenvolvesse conceitos como pessoa, direitos humanos, democracia, dignidade do indivíduo, etc. Foi o judeu-cristianismo, ao afirmar que a história é aberta e caminha para uma plenitude e que o homem tem a função de “dominar” a terra, quem inspirou e possibilitou o desenvolvimento tecnológico que fez com que o Ocidente se afirmasse hegemonicamente frente a outras culturas. Sem o cristianismo, o Ocidente não existiria. Até mesmo correntes de pensamento que se mostraram visceralmente antirreligiosas e anticristãs, beberam no cristianismo as bases de suas afirmações...

Desde o século XVIII, no entanto, com o iluminismo racionalista, o homem ocidental deu as costas a Deus, a Cristo, à Igreja e engendrou um projeto suicida: conservar e aprimorar os valores de nossa sociedade negando Deus. Tal projeto continua de pé; vai de vento em popa: a ilusão de um humanismo sem Deus e o Seu Cristo, um plano de fraternidade universal escondendo Jesus Cristo, nosso Senhor... Só há um problema, grave, urgente, inevitável: sem a sua seiva cristã, a grande árvore ocidental vai murchar, morrer e secar. Renegando a cosmovisão cristã que os inspirou, nossa sociedade não poderá conservar os valores admiráveis que construiu.

Morto estrangulado: assassinato de padre choca Brasília!


O padre polonês Kazimierz Andrzej Wojno, de 71 anos, foi estrangulado com fios de arame e morto na noite de sábado, 21, após missa na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Asa Norte de Brasília. De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, o crime foi um caso de latrocínio – roubo seguido de morte. Além de matarem o pároco, conhecido na comunidade como “padre Casemiro”, os criminosos arrombaram cofres localizados na casa paroquial.

“Foi um crime cruel pela forma que ele foi executado. Não havia a menor necessidade de cometerem esta barbárie”, afirmou o delegado Laércio Rossetto, da 2ª Delegacia de Polícia. “Se eles queriam roubar, podiam ter roubado, poderiam ter mantido ele dentro do banheiro. Não havia necessidade de matar.”

No início da noite de sábado, o padre celebrou uma missa na paróquia, às 18h30, e depois se dirigiu à casa paroquial, nos fundos da igreja. Ao lado da casa, é realizada uma obra de ampliação. Conforme a polícia, o padre e um funcionário da igreja teriam sido rendidos por pelo menos quatro criminosos.

Eles amarraram os pulsos, as pernas e o pescoço do padre, na altura da cervical, enquanto o funcionário José Gonzaga da Costa, de 39 anos, teve os pulsos e as pernas imobilizados. O padre foi estrangulado com fios de arame. “Houve arrombamento de mais de um cofre lá (na casa paroquial)”, disse o delegado. “Encontramos maquinário. Tudo indica que eles cometeram assassinato para roubar.”

Rossetto não informou exatamente quantos cofres haviam na casa e se todos foram arrombados. Segundo ele, os detalhes ainda estão em fase de apuração. O que se sabe até o momento é que os invasores roubaram objetos do cofre. “Não temos levantamento completo do que foi levado, mas posso assegurar que são objetos de valor”, acrescentou o delegado.

A polícia trabalha com a estimativa de que os bandidos permaneceram cerca de três horas no local. Imagens de vídeo obtidas pela polícia, de câmeras do entorno, mostram que eles saíram do local a pé, após pularem a cerca que delimita o terreno da igreja. Ainda não se sabe se, mais adiante, pegaram algum veículo. O funcionário da igreja que foi rendido conseguiu pedir ajuda a um vigia de um estabelecimento próximo e, a partir daí, a polícia foi avisada.

“Por conta do requinte de crueldade com que executaram o padre, a princípio, o crime não tem relação com os roubos anteriores”, avaliou Rosseto. “Pela situação na qual ele foi encontrado, a gente pode afirmar que houve sofrimento por parte da vítima”, completou o investigador.

Rossetto afirmou ainda que a polícia já tem alguns suspeitos e está colhendo depoimentos, inclusive do funcionário da igreja. A polícia trabalha com a hipótese de que as pessoas que participaram do latrocínio tinham conhecimento da rotina da igreja e dos próprios cofres que estavam na casa paroquial. “Elas vieram determinadas a cometer o roubo e a matar o padre”, disse o delegado.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Transfusão de sangue. O que pensa nossa fé católica?


Uma mulher de 61 anos, testemunha de Jeová, faleceu a alguns anos em Sevilha (Espanha), após ter sofrido um acidente de carro, porque em um documento de vontades antecipadas, rejeitava receber qualquer tipo de transfusão sanguínea devido às suas convicções religiosas.

Está baseada na Bíblia a proibição de comer ou receber sangue, inclusive por transfusão, ou de qualquer outra forma? A esta questão responde nesta análise Vicente Jara Vera, membro da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), diretor do programa “Conheça as seitas”, emitido quinzenalmente pela Rádio Maria na Espanha.

* * *

O problema

São numerosas as notícias sobre negativas de membros da seita das Testemunhas de Jeová para realizar transfusões de sangue, e de complicações, às vezes com o falecimento do paciente, ao não poder atendê-los devidamente em um hospital diante de uma cirurgia ou um transplante de órgão. Muitos destes acontecimentos podem ser conhecidos na documentação da Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES), especialmente no boletim eletrônico Info-RIES.

Sobre a seita das Testemunhas de Jeová

Recordemos que as Testemunhas de Jeová não são cristãs. São uma seita, já que se fazem passar pelo que não são, por cristãos. E não podem ser uma igreja cristã porque não acreditam no dogma da Trindade e na divindade de Jesus como Filho de Deus encarnado, a quem consideram como criatura excelsa, primeira no plano de Deus, que para eles é similar ao arcanjo Miguel.

As Testemunhas de Jeová mudaram várias passagens da Bíblia para adaptá-las às suas próprias ideias, que nenhum estudioso, crente ou não, poderia encontrar nos textos originais. Portanto, são um grupo com expressões e formas religiosas parecidas com as cristãs, mas que tentam fazer-se passar por uma igreja cristã sem sê-lo. Em definitivo, são uma seita, que pretende ter mais e mais adeptos e mais e mais dinheiro deles e, assim, maior influência.

Em que as Testemunhas de Jeová baseiam sua negativa de receber sangue?

Os textos que eles utilizam para negar-se a receber sangue são os seguintes, principalmente do Antigo Testamento, e um do Novo Testamento – este último analisaremos posteriormente em outra parte; vamos agora aos textos do Antigo Testamento:

Gênesis 9, 3-6: “Tudo o que se move e possui vida vos servirá de alimento, tudo isso eu vos dou, como vos dei a verdura das plantas. Mas não comereis a carne com sua alma, isto é, o sangue. Pedirei contas, porém, do sangue de cada um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem, aos homens entre si, eu pedirei contas da alma do homem. Quem derrama o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Pois à imagem de Deus o homem foi feito”.

Levítico 3, 17: “É para todos os vossos descendentes uma lei perpétua, em qualquer lugar onde habitardes: não comereis gordura nem sangue”.

Levítico 17, 10: “Todo homem da casa de Israel ou estrangeiro residente entre vós, que comer sangue, qualquer que seja a espécie de sangue, voltar-me-ei contra esse que comeu sangue e o exterminarei do meio do seu povo”.

Levítico 17, 13-14: “Qualquer pessoa, filho de Israel ou estrangeiro residente entre vós, que caçar um animal ou ave que é permitido comer, deverá derramar o seu sangue e recobri-lo com terra. Pois a vida de toda carne é o sangue, e eu disse aos israelitas: ‘Não comereis o sangue de carne alguma, pois a vida de toda carne é o sangue, e todo aquele que o comer será exterminado’”.

Deuteronômio 12, 23: “Sê firme, contudo, para não comeres o sangue, porque o sangue é a vida. Portanto, não comas a vida com a carne”.

Todos estes textos são claros e rotundos em sua proibição: não é lícito comer sangue animal porque é comer a vida. Analisaremos a seguir seu sentido e os situaremos em seu contexto, deixando para mais adiante o texto do Novo Testamento, que também utilizam para apoiar suas ideias.

O significado do sangue para os povos semíticos

Nos povos semitas do Oriente, o sangue era visto como o elemento onde residia a vida, o elemento vital e vitalizante dos seres vivos. Ao matar um animal, na morte de qualquer pessoa ou em um sacrifício, o sangue vertido indicava claramente que a vida ia embora conforme o sangue ia saindo.

A perda de sangue era também sintoma de fraqueza, de perda de vitalidade, de vida. Para os antigos, o sangue brotava do coração e a parada cardíaca indicava a morte da pessoa. Recordemos, além disso, como a mitologia da Mesopotâmia conta que o deus Marduk (deidade babilônica), o principal dos deuses, propôs-se a criar os homens para que adorassem as divindades; para isso, amassou argila com o sangue de um deus rebelde – posteriormente considerado um demônio – de nome Kingu.

Com este transfundo mesopotâmico, fica claro que nos antigos sacrifícios animais do povo de Israel se oferecia a vida a Deus e isso significava derramar o sangue do animal sacrificado. O sangue era a vida e ela era propriedade de Deus; daí que não se podia tomar o que pertencia a Deus. O pecado, a infração, estava, portanto, em tomar pelo homem o que não lhe correspondia, o que é de Deus.

Esta visão do sangue como vida é também a razão pela qual do mais terrível dos demônios mesopotâmicos, Lilitu ou Labartu – que no Poema de Gilgamesh se denomina como Lillake – se dizia que matava as crianças e bebia o sangue delas, isto é, seu pecado era arrancar-lhes a vida, propriedade de Deus, sendo por isso a primeira figura vampírica conhecida da história.

E não nos esqueçamos como, “na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isso em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’”. (1 Cor 11,24-25).

Recordemos que, na Antiga Aliança, o pão e o vinho eram oferecidos como sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de oferenda a Deus. Também o sacerdote Melquisedeque, figura de Cristo, ofereceu pão e vinho (Gn 14, 18). Junto a isso, a saída de Israel do Egito e o contexto do Êxodo dão ao vinho – no qual nos centramos – um caráter festivo no final do banquete judaico e uma dimensão escatológica de espera messiânica. O vinho é “verdadeira bebida” e bebê-lo é “ter a vida em Cristo, que é Deus, e permanecer n’Ele” (cf. Jo 6, 53-56).

Na antropologia semita, o princípio vital do sangue se relaciona com o suspiro ou a respiração, é o “ser vivente”, a vida, e se designa como nefesh. A nefesh ainda permanece na carne morta, no cadáver – daí que se possa tomar essa vitalidade quando se toma o sangue do animal ou da pessoa morta. Uma coisa diferente ocorre com seu espírito, o ruaj que, ao morrer o homem, vai para o além ou sheol. Daí que na antropologia semítica exista tanta unidade entre a carne (basar) e o princípio vital ou nefesh, mas é a ausência da ruaj que, ao não estar presente após a morte do ser humano, torna-o não-vivo.

Por outro lado, os animais não têm ruaj, mas basar e nefesh. Recordemos que os gregos traduziram nefesh como psykhé e este termo passou ao latim como anima, que é a nossa “alma”, ainda que é mais correto dizer que a alma está na ruaj (que se transformou em “espírito”) e não no psíquico, no nefesh que, como dizemos, ainda permanece no cadáver.