domingo, 2 de junho de 2013

Mastectomia no Neopentecostalismo


Disse a atriz americana Angelina Jolie: “Meus filhos não vão me perder para o câncer”. A bela atriz anunciando ter feito uma mastectomia preventiva (1).

Temos que realizar pelo poder do Evangelho de Cristo uma mastectomia contra o terrível câncer das heresias do neopentecostalismo e suas patologias como: teologia da prosperidade, sessão de descarrego, corrente da meia-noite, exorcismo teatral, mágica da determinação da benção, idolatria do dízimo, toalha suada do apóstolo, evangelho do show gospel, igrejas do mercado religioso e a posse da bênção pela confissão positiva.

Diante da atual proliferação de seitas e heresias, requer dos verdadeiros líderes ortodoxos, ministros fiéis da santa doutrina dos apóstolos de Jesus Cristo uma COMISSÃO DA VERDADE TEOLÓGICA para fazer ciente a população brasileira a autêntica proclamação do Evangelho do Reino de Deus contra a propaganda enganosa do evangelho capitalista do reino dos homens do mercado religioso.


Diz o pastor Ricardo Gondim: “A corrida política dos evangélicos é reflexo da disputa entre as igrejas no mercado religioso” (2). Afirmação muito forte é a do intelectual Dr. Candido Mendes: “sexo, dinheiro e exploradores do evangelismo pentecostal. A exploração vai ao exponencial, nas multi-igrejas dos “últimos dias”, e na formação instantânea dos ditos pastores, nascidos das conveniências da hora” (O Globo, 31/05/2013, p.15).

“A Universal do Reino de Deus é uma grande empresa que usa o imaginário da população e tem uma alta elaboração. Cada semana ela lança um produto novo, como qualquer empresa que sabe qual é o seu público alvo; existe uma corrente dos 70 pastores, outra para os empresários, para quem tem problemas financeiros...”, enumera Saulo de Tarso Cerqueira Baptista, autor de Cultura Política e Neopentecostais (3).

IGREJA ELETRÔNICA

“O pastor Silas Malafaia não me representa. Envergonha-me da forma como se dirige aos evangélicos. Envergonho-me das suas grosseiras com a Bíblia na mão desacatando a sociedade brasileira. Envergonho-me da nossa falta de vergonha em desautorizá-lo”, escreve o pastor Valdemar Figueredo e diz mais: “já foi provado que a igreja eletrônica gera mais antipatia do que conversos; enche mais os bolsos do que as almas; constrói mais celebridades do que gente; reúne mais multidão do que rebanho” (4).

Diretor e professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor Lourenço Stelio Rega é doutor em Ciências da Religião e mestre em teologia. Autor do livro Dando um jeito no jeitinho (Editora Mundo Cristão), no qual trata da ética cristã, Rega é um dos maiores especialistas brasileiros no tema. Sob esta ótica, ele avalia a atuação do pastor Silas Malafaia: “Malafaia não sabe dialogar, só gritar, para alimentar a sede belicosa de seus fãs. Com o uso de uma estratégia apologética tão guerreira, está causando um prejuízo incalculável à imagem dos evangélicos. Ele está numa obsessão sem controle. Quem vai conseguir convencê-lo disso? Para poder tocar toda a estrutura que criou, Silas Malafaia acabou tendo de focalizar parte de sua mensagem no tema dinheiro. É uma armadilha terrível essa em que ele e os outros protagonistas da teologia de mercado, com o evangelho da prosperidade, têm caído”.

“Silas sempre vai falar na televisão o que lhe convém. De bobo, ele não tem nada. Assim como Satanás, fala algumas verdades para encobrir muitas outras mentiras”, afirma Flávio Magalhães, empresário e pastor da Igreja do Evangelho Simples, no Rio de Janeiro. “Violência verbal e ênfase no dinheiro levam Silas Malafaia a atrair rejeição dentro da Igreja Evangélica” (5).

GRANDES ESCÂNDALOS

“Tribunas estão sendo transformadas em púlpitos do fundamentalismo. E, de maneira estranha à atividade parlamentar, a tecnologia é usada na campanha viral de ataques à honra de pessoas que lutam contra a hipocrisia e a repressão dos que fecham os olhos à diversidade humana. Procura-se, por todos os meios e covardemente, reforçar antigos estigmas sociais. Vemos a infeliz combinação da influência religiosa com e para fins políticos e da política com e para objetivos que têm mais a ver com a disputa mundana de poder do que com algum propósito espiritual. Em qualquer dos casos, trata-se de uma excrescência a ser combatida. Devemos denunciar os que tentam manobrar politicamente a massa de fiéis e nos insurgimos contra a exploração da religiosidade para benefícios eleitorais”, escreve Dr. Wadih Damous que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB e da Comissão da Verdade no Rio (6).

O renomado pregador Inglês, conhecido como: “O príncipe dos Pregadores”, Charles Spurgeon disse: “Os pregadores não estão encontrando diamante nas Sagradas Escrituras, mas apenas um caco de vidro quebrado” (7).

A etiologia do neopentecostalismo, das seitas e heresias é a ganância idolátrica pelo dinheiro, a luxúria e a ânsia radical pelo poder religioso e político. Esses ingredientes são causas estupendas dos grandes conflitos e crimes e na esfera religiosa tais conflitos são colossais e duradouros. É urgente uma comissão no estilo do G20 para uma renovada Ordem Mundial Cristalina da doutrina cristã com total transparência da verdade, caridade, paz e justiça.

O neopentecostalismo é a suprema heresia no cristianismo pós-moderno e o seu fundamento é a esotérica teologia da prosperidade. A nossa era é refém dos grandes escândalos entre “igrejas” e dinheiro, evangelho e mercado, fé e heresias, seitas e denominações, pastores e mercenários, Bíblia e mercantilismo, ecumenismo e cismas, escatologia e fundamentalismo apocalíptico.

Não resta outra coisa, senão uma radical mastectomia, sem anestesia no pentecostalismo e muito mais no seu maldito filho: o neopentecostalismo. Não vamos perder mais fiéis para esse terrível câncer.

A voz profética em prol das ovelhas de Cristo contra os lobos deve ser radical e urgente!


Pe. Inácio José do Vale
Pesquisador de Seitas
Professor de História da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião
Pesquisador do CAEEC (Área Pós-Graduação)
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Notas:
(1)                O GLOBO, 19/05/2013, p.2.
(2)                CARTA CAPITAL, 24/04/2013, p. 25.
(3)                REVISTA SAMUEL, N° 6, p. 38.
(4)                CRISTIANISMO HOJE, DEZ/JAN. DE 2013, p. 64.
(5)                CRISTIANISMO HOJE, ABRIL/MAIO DE 2013, pp. 20,22 E 26.
(6)                O GLOBO, 18/05/2013, p. 23.
(7)                CHARLES HADDON SPURGEON, CITADO EM STEVE MILLER, C.H. SPURGEON ON SPIRITUAL LEADERSHIP (C.H. SPURGEON. SOBRE LIDERANÇA ESPIRITUAL). CHICAGO IL.: MOADY PUBLISHERS, 2003, p. 106.
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