domingo, 9 de junho de 2013

Nota sobre a "Pílula do dia seguinte"


Segundo a notícia veiculada recentemente pelo Liberal (02.05.13) a FDA (Administração de alimentos e medicamentos) dos Estados Unidos, autorizou no dia 30 de abril a venda sem necessidade de receita da pílula do dia seguinte para as adolescentes a partir dos 15 anos. Esta decisão responde a um pedido da fabricante Teva Pharmaceuticals Industries para a venda livre da pílula a todos as mulheres em idade reprodutiva. Portanto, por um interesse puramente comercial.

O fato de ter sido aprovada nos EUA não justifica não oferece garantia humanista nem ética nenhuma da pílula em questão. Notícias semelhantes a partir das autoridades brasileiras estão suscitando receio, apreensão e revolta. Desde o ponto de vista ético, da saúde e da inviolabilidade da vida humana , a pílula do dia seguinte levanta questionamentos graves com relação a inviolabilidade da vida humana,às  atitudes a serem tomadas pelos pais e à própria saúde espiritual e biológica das adolescentes.


A par dos meios contraceptivos propriamente ditos, que impedem a concepção resultante do ato sexual, existem outros meios técnicos que atuam depois da fecundação, quando o embrião já está constituído, antes ou depois da implantação no útero. Estas técnicas são interceptivas, se interceptam o embrião antes da sua implantação no útero materno e contra-gestativas, se provocam a eliminação do embrião apenas implantado. [DP 43]

Como se sabe, o aborto “é a morte deliberada e direta, independentemente da forma como é realizada, de um ser humano na fase inicial da sua existência, que vai da concepção ao nascimento”  ( João Paulo II, Evangelium Vitae 58). Portanto, tanto as técnicas interceptivas como as contra-gestativas provocam de modo direto a morte de um ser humano que deve ser “respeitado e tratado como pessoa desde a sua concepção e por isso, desde esse momento devem-lhe ser reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais o primeiro de todos: o direito inviolável de cada ser humano inocente a vida” (DV 1). Um verdadeiro ser humano inocente. Ele nunca pode ser um agressor.Ele é tão frágil, tão indefeso, sem a defesa dos gemidos ou do choro do recém nascido, totalmente entregue à proteção e aos cuidados de uma mãe, quem precisamente algumas vezes decide sua eliminação e até a provoca.

Os meios interceptivos mais conhecidos são o DIU e a chamada “pílula do dia seguinte”. Os resultados experimentais demonstram  que o efeito de impedir a implantação está certamente presente mesmo se não signifique que os interceptivos provoquem um aborto sempre que se os tome, até porque nem sempre, depois da relação sexual, se dá a fecundação. Esta pílula contém altas doses de hormônios que impedem a ovulação. Ela dificulta o encontro do espermatozóide com o óvulo. Quando o espermatozóide se uniu ao óvulo e ainda não se fixou no útero (A nidação ainda não ocorreu) a pílula altera a camada interna do útero , no endométrio. Isso impede a fixação do óvulo fecundado (Zigoto-embrião) que será eliminado, abortado.

Sabemos que a partir do momento em que o óvulo é fecundado , inaugura-se uma nova vida que não é do pai ou da mãe  e sim  um novo ser humano. A esta evidência de sempre a ciência genética moderna oferece preciosas confirmações. Esta doutrina permanece valida e consolidada pelas recentes aquisições da biologia humana que reconhece no zigoto (Célula resultante da fusão dos núcleos dos dois gametas), já está constituída a identidade biológica de um novo individuo humano (EV 60).      

Por outra parte, a contra-gestação que provoca a eliminação do embrião apenas implantado acontece principalmente pela pílula RU 486 ou Mifepristone, as prostaglandinas e o Methotrexate.  Contra-gestação que se pratica habitualmente dentro de uma ou duas semanas depois da constatação do atraso menstrual. O objetivo declarado é fazer vir a menstruação, mas na realidade, trata-se do aborto de um embrião apenas anidado.

Segundo Jennider Wider, especialista em saúde feminina da Cosmo Radio (Metropolitan) a pílula do dia seguinte tem efeitos colaterais: náuseas, vômitos, dor de cabeça, cansaço, sensibilidade mamária (Em 24horas). Wider lembra que essa pílula e uma verdadeira “bomba” hormonal. O seu uso exagerado pode trazer graves conseqüências para o organismo das mulheres. Por exemplo, a alta dose de hormônios pode desregular o ciclo menstrual. Sobrecarrega o fígado onde o hormônio é metabolizado. Por sua vez, o excesso de hormônios pode é metabolizado. Por sua vez, o excesso de hormônios pode levar a queda dos cabelos e a diminuição da libido.

Todos os autores consultados, também os que prescindem de toda consideração ética, chamam a atenção sobre a necessidade de não utilizar a pílula pós-coital ou do dia seguinte como recurso rotineiro. Nunca como método de controle de natalidade. Meninas de relações sexuais com certa regularidade, devem procurar orientação necessária segundo as condições de seu organismo e faixa de idade.
        
Quem entre nós pode garantir às nossas adolescentes estes serviços? Que tipo de atendimento realista pode proporcionar um sistema de saúde como o nosso no Brasil? Onde encontrar no interior da nossa Amazônia posto de saúde competente e responsável para informar e orientar as adolescentes ou a qualquer mulher?
        
Que ideologia, que desumanidade está por detrás destas abominações? Quem está querendo invadir a área dos direitos fundamentais dos pais, da família em mais outro setor tão sensível e fragilizado como é a vida humana e o das nossas adolescentes? É o “pensamento único” do nosso governo em muitos aspectos desatualizado, e reacionário e portanto, tirânico ?
        
E a desinformação por sistema? “Todo mundo pensa que pílula não falha. Falha, sim, mesmo que a mulher tenha tomado direitinho” (J. Mendes Aldrighi, Médico, Professor de Ginecologia do Dep. de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de São Paulo.”.)” A eficácia da pílula se tomada corretamente( Nas 24horas após relação sexual é de 90% “(Wider).
        
A vida humana é sagrada e inviolável em cada momento da sua existência, inclusive na fase inicial que precede o nascimento. Desde o seio materno o homem pertence a Deus que tudo perscruta  e conhece, que o plasma com suas mãos, que vê quando ainda é um pequeno embrião informe e que nele entrevê o adulto de amanhã. “Quando está ainda no seio materno –como testemunham numerosos textos bíblicos – já o homem é objeto muito pessoal da amorosa e paterna providência de Deus” (EV 61).

Conhecer, defender, promover o evangelho da vida que é o mesmo evangelho do amor, é a única garantia de futuro, de esperança no presente desespero e da verdadeira paz!


Marajó, 07 de maio de 2013

Dom José Luis Azcona

Bispo do Marajó

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