Posso receber a absolvição se eu me confessar com um padre por meio de um e-mail
ou de um confessionário virtual, por exemplo? A Igreja aceita isso?
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"Padre, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta: a confissão online é válida? Posso receber a absolvição se eu me confessar com um padre por meio de um e-mail, por exemplo? A Igreja aceita isso? Posso receber direção espiritual de um padre por meio das redes sociais?"
Certamente, vivemos em um mundo em que a internet tem cada vez mais protagonismo, em todos os âmbitos da vida. Não é de se estranhar, portanto, que haja dúvidas sobre a possibilidade de criar e utilizar confessionários virtuais. De fato há vários anunciados na rede – sobretudo na região anglo-saxônica. A maioria provém de grupos protestantes, mas também há católicos envolvidos.
Inicialmente, parece que a questão poderia ser estudada avaliando os prós e contras. Assim, a favor teríamos a facilidade para o penitente, em todos os sentidos, já que ele poderia se confessar sem que ninguém o visse nem reconhecesse (o anonimato é um direito do penitente), de forma que seria mais fácil que se motivasse a contar tudo o que for pertinente. O site também poderia facilitar uma boa preparação, incluindo um exame de consciência.
Contra esta prática, teríamos a dificuldade da tarefa de pastor – não só de juiz – por parte do padre. As imposturas também seriam mais fáceis. E certamente poderiam ser acrescentados mais argumentos, em ambos os sentidos.
No entanto, se estamos falando do que os católicos habitualmente entendem por "Confissão", ou seja, o sacramento da Penitência, não é assim que a questão deveria ser tratada. O que precisamos analisar é se a natureza própria do sacramento permite esta prática.
O tema não é tão novo quanto parece, e já foi estudado. Não seria estranho que, nos estudos de teologia ou os seminários, cedo ou tarde alguém perguntasse se é possível se confessar pelo telefone. A resposta invariável é: não.
Por quê? Para compreender esta resposta, é preciso entender o sentido próprio do sacramento. Jesus Cristo confiou à Igreja o perdão dos pecados, de maneira que estes podem ser perdoados ou "retidos" (cf. Jo 20, 23). O sacramento se torna um tribunal da misericórdia, no qual o pecador se aproxima da Igreja – representada pelo seu ministro, o padre – para confessar seus pecados com arrependimento.
O padre, percebendo que o penitente tem contrição pelos seus pecados, o absolve; se não a tem, deixa a absolvição pendente, para quando estiver contrito. Por isso, é preciso estar presente.
Desde sempre, examinou-se se a presença física era necessária – antes do telefone, havia cartas – e a resposta foi afirmativa. Recentemente, isso foi recordado por vários bispos e, em 2011, o próprio porta-voz da Santa Sé, Pe. Lombardi, comentou o tema com relação ao iPhone.
Estas considerações se referem exclusivamente à celebração do sacramento da Penitência. Não se referem à sua preparação, para a qual a internet pode ser de grande ajuda – por exemplo, proporcionando um bom exame de consciência para que o penitente se prepare.
Tampouco se referem a qualquer tipo de diálogo alheio ao sacramento. Porém, quando se trata de uma direção espiritual, penso que o recomendável (recomendável, não estritamente necessário) seja a presença física, com relação à virtual.
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Fonte: Aleteia
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