Dentre as finalidades da Liturgia, uma delas é
celebrar a presença divina entre nós. Celebramos esta presença em forma
sacramental, mas é presença real, de Deus agindo entre nós e, nós, como Igreja,
celebrando sua presença e sua Salvação em nosso meio.
A celebração da presença divina entre nós acontece
por obra do Espírito Santo. É o Espírito quem conduz a Liturgia, quem
possibilita a presença divina entre nós. Isso livra a Igreja da possibilidade
de considerar a Liturgia um ato mágico. Invés disso, garante que só existe
possibilidade de atualização litúrgica, no sentido teológico Memorial, se
houver presença e graças à presença do Espírito Santo no ato celebrativo. A
celebração de Pentecostes faz memória disso de modo solene, mas toda celebração
litúrgica é sempre momento epiclético, quer dizer, invocação do Espírito Santo
para que Deus esteja entre nós, para que a presença divina esteja entre nós: “Ele
está no meio de nós!”
É pelo Espírito Santo que somos convocados e
reunidos em nome de Jesus Cristo: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor
de Cristo”. É o Espírito que age, é Deus que nos reúne no amor de Jesus
Cristo, é a presença da Trindade envolvendo-nos em todo ato litúrgico. É diante
da Trindade Santa que, pela Liturgia, homens e mulheres de toda a terra, são
convidados a adoração, ao louvor e a ação de graças. Mas, é também obra do
Espírito Santo, a convocação para sermos alimentados com o alimento Eucarístico
e para sermos conduzidos pela Palavra proclamada em cada celebração litúrgica,
nos caminhos e nos desertos da vida. A celebração litúrgica, portanto, promove
a presença divina entre nós e, mais que isso, torna esta presença alimento e
orientação para a vida.
A Liturgia evidencia, de modo muito claro, que quem
se alimenta da Eucaristia, na Mesa da Palavra e na Mesa do Pão, encontra-se com
Deus, alimenta-se de Deus e fortalece-se com a vida divina para o cotidiano de
sua vida e de sua história. Quem se alimenta a Eucaristia encontra o sentido da
vida, o motivo para o seu viver.
Liturgia, missão, evangelização
É pela presença divina que somos convocados, na
Liturgia e através da Liturgia, a dar continuidade à mesma missão de Jesus
Cristo. Dar continuidade tendo o mesmo olhar de Jesus que, contemplando o
tamanho da messe, convida a Igreja a não deixar de interceder por mais gente,
porque a messe é grande e poucos são os operários (11DTC-A). É pelo acolhimento
da missão evangelizadora de atuar na messe do Senhor que testemunhamos, no meio
do mundo, que somos o Povo Santo de Deus. Povo que não vive de uma ideologia ou
de um sonho, mas que é chamado a se empenhar a favor do projeto divino. Uma
missão que, reconhecidamente, não é fácil, a ponto de inspirar temor e medo a
quem se dispõe acolher o convite de Jesus.
Diante da possibilidade do medo, à medida que se
conhece a pedagogia litúrgica, entende-se que a Liturgia não celebra ilusões;
não esconde a agressividade do mundo, mas proclama pela Palavra que o mundo
promove provações. Por isso, traz para suas celebrações a necessidade de
crescer na confiança de quem conta com a presença divina no envio missionário e
evangelizador. A Liturgia evidencia que o segredo do evangelizador está em
confiar em Deus e não ter medo (12DTC-A). Não ter medo nem mesmo daqueles que
podem matar o corpo. Não ter medo, como diz Jeremias, do poder dos exércitos
que espalham mortes (12DTC-A). Ter confiança em todos os momentos, porque quem
participa do Mistério celebrativo, enche-se da força divina, é envolvido pelo
poder de Deus e é enviado a trabalhar na messe do Senhor.
Serginho Valle
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Serviço
de Animação Litúrgica
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