O Egito despediu-se na noite de quinta-feira, 15, das mais de 600 vítimas do massacre ocorrido após a violenta remoção das pessoas acampadas nas praças, apoiadores do adversário ao golpe militar. Enquanto isso, no entanto, seguem os incidentes que as autoridades prometeram combater com dura luta. Entre lágrimas e orações, milhares de seguidores do presidente deposto Mohamed Morsi congregaram-se em mesquitas e outros templos do país para despedirem-se dos que morreram.
Em paralelo ocorreu também um funeral oficial aos 43 policiais mortos durante o tumulto, que contou com a presença de diversos políticos. Ainda segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 4.200 pessoas ficaram feridas. Apesar de todos esses números, contudo, a situação ainda está longe de voltar à calma. Mesmo oficialmente em estado de emergência por, pelo menos, um mês, mais manifestações estão previstas para ocorrer em diferentes partes do país.
O Primeiro-Ministro, Hazem Al Beblaui, entrou em contato com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Copta, Theodore II, para mostrar sua solidariedade frente aos vários ataques que as igrejas estão sofrendo em diferentes áreas do Egito. Apenas nesta quinta-feira a televisão estatal informou que supostos membros da Irmandade Muçulmana invadiram uma igreja em Fayoum – sul do Cairo – e atearam-na fogo.
Além disso, outras quatro igrejas, um mosteiro e a sede de uma Associação Copta foram queimados nas cidades de Nazla e Tamia, localizadas na mesma província. Também no mesmo dia, foram atacadas outras sete igrejas cristãs – maior parte no sul do país. A Irmandade Muçulmana e as autoridades acusam-se mutuamente por esses ataques. “A união entre cristãos e muçulmanos é turbulenta, mas as forças da escuridão e o terrorismo não deixarão isso ser afetado ou enfraquecido”, destacou Al Beblaui.
No total, as igrejas queimadas ou depredadas chegam em torno de 40. Mesmo com o apelo do Papa, a reconciliação no país será difícil. “Houve muitas manifestações da Irmandade Muçulmana e a violência não era apenas nas igrejas, mas também nas instituições. Foram incendiadas também estações da polícia. Cerca de 40 igrejas – 10 católicas e 30 entre ortodoxas, protestantes e grego-ortodoxas – foram depredadas ou queimadas, se não totalmente destruídas”, comentou o Padre Rafic Greiche, porta-voz dos bispos católicos egípcios.
Em meio à onda de violência, o grupo “Tamarrud” (rebelião), instigador dos protestos pré-golpe, pediu aos egípcios para que formem comitês populares para proteger as ruas e templos religiosos. Em esfera judicial, o juiz questionou Morsi – no lugar desconhecido onde está retido desde sua derrubada – e ordenou a renovação de sua prisão preventiva por mais 15 dias. O ex-presidente é acusado de colaborar com o movimento islâmico-palestino Hamas por cometer “ações inimigas contra o país”.
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Fonte: Rádio Vaticano
Disponível em: CatólicaNet
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