A despeito de haver, historicamente, inúmeras
culturas intolerantes à diversidade do comportamento sexual ao redor do mundo,
alguns grupos de psicólogos brasileiros que “estudam o assunto”
inexplicavelmente ignoram este fato.
De fato, eles parecem enxergar um Brasil
ilhado, isolado do mundo, onde a religião cristã fez parte de uma suposta
conspiração tríplice (cristãos, médicos e sexólogos) encarregada de “definir” o
homossexualismo como uma “patologia”, palavra esta que, aliás, não é sinônimo
de doença; significa, originariamente e tão somente, o ESTUDO do sofrimento e
das doenças.
Para esses “experts” da história brasileira,
os médicos psiquiatras norte-americanos, em franca conspiração e conluio com
cristãos e sexólogos, se reuniam com vistas a marginalizar e banir pessoas da
sociedade, mediante certo manual segregacionista denominado DSM. Eu
pessoalmente desconheço a edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais que contém, além dos critérios diagnósticos psiquiátricos e
científicos, argumentos ou definições que pareçam oriundos da opinião de padres
ou pastores.
Em contrapartida, a Bíblia dos cristãos não se
parece em nada com um dicionário. Nas passagens onde o texto bíblico aborda a
sexualidade, o faz dentro de um contexto geral e com uma linguagem muito
diferente da comunicação científica.
Não vejo como a interpretação das Escrituras
Sagradas possa ser comparada ao modo como encontram-se definições de assuntos
em particular, como numa enciclopédia. Imagino, portanto, que não existam
fontes ou referências bibliográficas que provem que este então chamado
“cristianismo” tenha julgado certos comportamentos sexuais como uma
“patologia”.
Não vejo evidências de que este cristianismo
tenha definido como “doença” um comportamento sexual até porque, para os
cristãos, todos são pecadores e por isso ninguém, além de Deus, deve julgar o
próximo.
Assim, se existem indivíduos cristãos
intolerantes a este ou aquele comportamento, não é a sua religiosidade que deve
ser combatida e sim seu comportamento pessoal, uma vez que já existem
dispositivos legais no chamado “Estado laico” para garantir a liberdade de
orientação sexual.
Em outras palavras, nenhum cristão deve pagar
pela intolerância de outro cristão, assim como nenhum homossexual deve ser
punido porque outro homossexual não tolera o cristianismo. Simples assim.
Voltando a falar em fontes, basta uma rápida
passada pelos textos que culpam os cristãos pela intolerância sexual e vemos
quase sempre que os autores agarram-se fervorosamente ao conhecido filósofo
francês Michel Foucault. De acordo com farto material publicado por este autor,
certamente ele e sua família – cristã – travaram intensos embates devido a sua
orientação homossexual, o que deve ter causado intensos sofrimentos para a
família.
Neste sentido, poucos duvidariam da veracidade
dos textos em que este autor refere-se ao que ouvia ao confessar-se, na igreja,
sobre sua homossexualidade. Certamente os padres devem ter-lhe sugerido
penitências por seus comportamentos sexuais, no sigilo da confissão.
Mas isso não justifica em hipótese alguma o
ataque ao cristianismo, já que o pároco apenas estava cumprindo o seu dever. Do
mesmo modo que um dentista não consegue tratar – sem que o paciente abra a boca
-um servo do Senhor não pode furtar-se de instruir quem o procura a não ceder
às tentações; não pode deixar de mostrar que o indivíduo desvia-se do que é
considerado correto na doutrina cristã.
Mais que isso, é sempre deixado claro aos
cristãos que as pessoas gozam de livre arbítrio para aceitarem os ensinamentos
de Cristo, assim como são livres para participarem das missas e cultos.
E sobre liberdade, convenhamos que a liberdade
de credo dos cristãos é tão constitucional quanto a orientação sexual das
pessoas o que, em resumo, significa que ninguém – nem qualquer instituição ou
órgão – está acima da lei e não pode achar-se no direito de perseguir alguém ou
julgar errados os valores morais de quem escolhe esta ou aquela religião.
Agora voltando ao psicólogo, penso que este
profissional não pode esquivar-se de ser, no mínimo, empático para com o
sofrimento das famílias contrariadas e frustradas pelo comportamento dos
filhos. Não há em seu juramento profissional qualquer menção sobre julgar as
pessoas por suas escolhas religiosas, nem sobre posicionar-se unilateralmente
na política, assumindo posições partidárias agressivasou revolucionárias.
Tais posturas têm manchado a reputação da
psicologia, que deve ater-se a imparcialidade no que tange aos valores e
princípios morais dos seus clientes.Assim, grupos de psicólogos que vivem
publicamente impondo suas verdades e regras ao restante da categoria, nada mais
fazem do que darem provas de autoritarismo e de rompimento com a ética e com a
liberdade profissional e de expressão.
No mais, assim como um dentista e seu cliente
podem decidir manter ou romper seu contrato de prestação de serviços, tal
liberdade tem que ser garantida a todos os profissionais, incluindo os psicólogos.
Fico então com a sensação de que entre os
profissionais da psicologia existe um grupo que persiste numa programação
ideológica, obcecados por atacar e perseguir cristãos. E, neste caso,
infelizmente, tal belicismo político acaba por ignorar as verdadeiras
injustiças e ataques violentos desferidos tanto contra homossexuais, como
contra cristãos aqui e ao redor do mundo, por parte de outras culturas e
religiões.
Quando entrei na faculdade, a psicologia era
uma ciência dotada de múltiplas facetas e teorias voltadas à saúde mental de
todos. Hoje os psicólogos estão sendo carimbados com um selo revolucionário,
antiprofissional, contraproducente e anticientífico. Talvez os responsáveis por
esta infeliz rotulação possam refletir sobre seus conflitos e suas amarguras
pessoais e trata-las em terapia, ao invés de viver batendo nas mesmas velhas
teclas foucaultianas, privilegiando alguns humanos sobre os demais.
Estes psicólogos, que se mostram como
justiceiros sociais contra o golpe, poderiam trabalhar em prol da categoria
profissional e não prejudicá-la. Poderiam enxergar que seus ideais marxistas de
empoderamento nunca convenceram a grande maioria da população, principalmente
hoje em dia, em que todos estão conscientes da tragédia social, política e
econômica que a esquerda vem trazendo à nação.
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Opinião Crítica
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