Antes da Reforma Litúrgica, o padre celebrava
a Missa de costas para o povo, ficando de frente para o sacrário.
Após essa reforma, o padre fica de frente para
o povo.
O papa emérito Bento XVI incentivou a
utilização de uma cruz sobre o altar voltada para o sacerdote para que tanto
ele quanto todo o povo lembrem-se que Cristo é o principal, é o centro de toda
a celebração.
O fato de estar voltado para o povo não quer
dizer que o sacerdote esteja celebrando “para o povo”, mas sim oferecendo ao
Pai com todo o povo de Deus o sacrifício de Cristo que se renova na Santa
Missa.
Colocar o crucifixo sobre o altar é, então,
uma forma de fazer com que povo e sacerdote se recordem sempre do sentido da
celebração litúrgica e também possibilitar que o padre celebre tanto voltado
para o povo (pois fica de frente para o povo) como também voltado para Deus
(representado pelo crucifixo sobre o altar).
Confira pequenos trechos dos livros
“Introdução ao Espírito da Liturgia” e “Teologia della Liturgia”, onde o papa emérito explica suas motivações para essa prática:
“A cruz deveria encontrar-se no meio do altar,
sendo o ponto de vista comum para o sacerdote e para a comunidade orante.
Assim, seguimos a antiga exclamação de oração no limiar da Eucaristia “Conversi
ad Dominum” - voltai-vos para o Senhor. Desta maneira olhamos juntos para
Aquele cuja morte rasgou o véu – para o que está diante do Pai por nós e que nos
abraça, fazendo de nós templos vivos. Considero as inovações mais absurdas das
últimas décadas aquelas que põem de lado a cruz, a fim de libertar a vista dos
fiéis para o sacerdote. Será que a cruz incomoda a Eucaristia? Será que o
sacerdote é mais importante que o Senhor? Este erro deveria ser corrigido o
mais depressa possível, não sendo precisas para isso nenhumas reconstruções. O
Senhor é o ponto de referência. Ele é o Sol nascente da História. A cruz pode
ser a da paixão, que presencia Jesus que por nós deixou transpassar seu lado,
donde derramou sangue e água – eucaristia e batismo – tal como pode ser a cruz
triunfal, que reflete a ideia do regresso, guiando o nosso olhar para Ele. Pois
é sempre o mesmo Senhor Jesus Cristo, é sempre o mesmo ontem, hoje e por toda a
eternidade (Hb 13,8).” - (Joseph Ratzinger - Introdução ao espírito da
Liturgia).
"A idéia de que o
padre e as pessoas devem olhar-se mutuamente em oração surgiu apenas no
cristianismo moderno, e é completamente estranho à antiga. O sacerdote e o povo
certamente não rezam um ao outro, mas para o único Senhor. Então na oração
olham na mesma direção: ou para o Oriente como um símbolo cósmico do Senhor que
vem, ou onde isso não for possível, em direção a uma imagem de Cristo na
abside, ou ainda a uma cruz, ou simplesmente para o céu, como o Senhor fez em
sua oração sacerdotal da véspera de sua paixão (Jo 17, 1). Enquanto isso está,
felizmente, sendo aceita cada vez mais a proposta que fiz no final do capítulo
do meu livro: não avançar com novas transformações arquitetônicas, mas
simplesmente pôr a cruz no centro do altar, para a qual possamos, sacerdotes e
fieis, olhar juntos e nos deixar guiar de tal modo que juntos rezemos voltados
para o Senhor." - (BENTO XVI, Teologia della Liturgia, Prefacio da Edição
Italiana)
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