Pelo menos 232 pessoas foram
massacradas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) nesta semana perto de
seu reduto de Mossul, segundo as Nações Unidas, enquanto o fantasma de um
grande deslocamento de civis no Iraque está crescendo a cada dia.
Os assassinatos, que “foram
corroborados na medida do possível”, segundo o Escritório de Direitos Humanos
da ONU, são apenas os últimos de uma série de atrocidades perpetradas pela
organização extremista desde 2014.
Alguns relatos dizem respeito
a “execuções por fuzilamento na quarta-feira”, 26 de outubro, de 232 pessoas,
informou a porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Ravina
Shamdasani, a jornalistas em Genebra.
Entre as vítimas haviam “190
ex-oficiais da segurança iraquiana”, acrescentou, observando que o número total
de pessoas mortas pode ser maior.
Estas informações foram divulgadas
um dia após a atribuição do prestigiado Prêmio Sakharov pelo Parlamento Europeu
a duas vítimas da brutalidade do EI.
Nadia Murad e Haji Bashar
Lamia, que sobreviveram a uma série de perseguições – sequestro, estupro,
escravidão – tornaram-se símbolos da defesa da comunidade Yazidi perseguida
pelos extremistas islâmicos.
A ofensiva lançada em 17 de
outubro pelas forças de segurança iraquianas para retomar o controle do último
grande reduto do EI no Iraque permitiu apertar o cerco sobre Mossul pelo norte,
leste e sul, mas o número de pessoas fugindo da organização radical aumenta.
As organizações humanitárias
organizavam nesta sexta-feira acampamentos para acomodar os civis em fuga.
“Constatamos um aumento
enorme de civis em fuga nos últimos dias, e eles serão acomodados nos
acampamentos”, declarou à AFP Karl Schembri, conselheiro regional do Conselho
Norueguês para os Refugiados (NRC).
Segundo ele, a situação “é
preocupante” porque as forças iraquianas ainda não entraram na cidade. Quando
isso acontecer, “vamos assistir a um deslocamento em massa”, acrescentou.
‘Independência’ curdaMas os
deslocados da guerra são apenas um dos muitos problemas que assombram o Iraque.
Outra questão importante é a
relação entre Bagdá e a região autônoma curda, cujas forças Peshmergas
desempenham um papel importante na guerra contra o EI, lutando contra os
extremistas, mas também alargando o território sob seu controle para além de
sua fronteira oficial.
Isso representaria um
problema especialmente se o Curdistão pressionar para obter independência, uma
questão que o primeiro-ministro da região disse que queria colocar sobre a mesa
depois de retomar Mossul.
“Assim que Mossul for
libertada, vamos nos reunir com nossos parceiros em Bagdá e discutir a nossa
independência”, disse Nechirvban Barzani ao jornal alemão Bild.
“Nós não somos árabes, somos
nossa própria nação curda. (…) Em um determinado momento, haverá um referendo
sobre a independência do Curdistão e vamos deixar o povo decidir”, acrescentou.
Mas no 12º dia de ofensiva, a
batalha de Mossul está longe de terminar.
Apoiados pela aviação da
coalizão internacional sob comando dos Estados Unidos, as forças iraquianas e
curdas continuam a avançar e já recuperaram cidades e aldeias em torno de
Mossul.
Em uma entrevista à AFP, o
general americano Joseph Votel, chefe do Comando central do exército americano
(Centcom), considerou na quinta que as forças iraquianas haviam “provavelmente
matado entre 800 e 900 combatentes do EI” até o presente momento.
De acordo com estimativas
americanas, há entre 3.000 e 5.000 combatentes extremistas em Mossul, além de
mais de 2.000 outros espalhados na periferia da cidade.
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Aleteia
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