Depois da Última Ceia com os Apóstolos, Jesus
sai do Cenáculo e põe-se a caminho do Monte das Oliveiras. Acompanham-no os Onze:
Judas Iscariotes já os tinha deixado e, daí a pouco, iria traí-Lo.
É um momento dramático e solene. Jesus
pronuncia um longo discurso de despedida. Quer dizer coisas importantes aos
seus, confiar-lhes palavras que nunca devem esquecer.
Os seus apóstolos são hebreus, conhecem as
Escrituras. Recorda-lhes, por isso, uma imagem muito familiar: a da videira,
que nos textos sagrados representa o povo hebraico, de quem Deus cuida, como um
agricultor solícito e experiente. Agora Jesus fala de si mesmo como sendo a
vide que transmite aos seus discípulos a linfa vital do amor do Pai. É por isso
que eles devem, acima de tudo, preocupar-se em permanecer unidos a Ele.
“Vós já estais purificados pela palavra
que
vos tenho anunciado”
Um caminho para permanecer unidos com Jesus é
acolher a sua Palavra. Ela permite que Deus entre no nosso coração para o
tornar “puro”, isto é, liberto do egoísmo, preparado para dar frutos abundantes
e de qualidade.
O pai ama-nos e sabe melhor do que nós o que
nos dá leveza, liberdade para caminhar sem o peso inútil dos nossos apegos, dos
juízos negativos, da procura ansiosa do lucro, da ilusão de querer ter tudo e
todos sob o nosso controle. No nosso coração também há aspirações e projetos
positivos, mas que poderiam ocupar o lugar de Deus e levar-nos a perder o
generoso dinamismo da vida evangélica. Por isso Ele intervém na nossa vida
através das circunstâncias, permitindo também experiências dolorosas, por
detrás das quais está sempre o Seu olhar de amor.
E o saboroso fruto que o Evangelho promete a
quem se deixa podar pelo amor de Deus é a plenitude da alegria. Uma alegria
especial que floresce até no meio das lágrimas e transborda do coração,
difundindo-se à nossa volta. É um pequeno sinal da ressurreição.
“Vós já estais purificados pela palavra
que vos tenho anunciado”
A Palavra vivida faz-nos sair de nós para ir
com amor ao encontro dos irmãos, começando pelos que estão próximos: nas nossas
cidades, na família, em todos os ambientes da nossa vida. É uma amizade que se
torna rede de relacionamentos positivos, centrados no cumprimento do mandamento
do amor recíproco, que constrói a fraternidade.
Chiara Lubich, meditando nesta frase do
Evangelho de João, escreveu: «Como viver, então, de forma a merecermos também
nós este louvor de Jesus? Colocando em prática as Palavras de Deus,
nutrindo-nos delas momento a momento, fazendo da nossa existência uma obra
contínua de reevangelização. Tudo isto para chegar a ter os mesmos pensamentos
e sentimentos de Jesus, para O reviver no mundo, para mostrar à sociedade, por
vezes envolta no mal e no pecado, a divina pureza, a transparência do
Evangelho.
Durante este mês, então, sempre que possível
(com aqueles que partilham os nossos propósitos) procuremos pôr em prática, de
modo especial, aquela palavra que exprime o amor recíproco. Para o evangelista
João, […] de facto, existe uma conexão entre a Palavra de Cristo e o mandamento
novo. Para ele, é no amor recíproco que se vive a Palavra com os seus efeitos
de purificação, de santidade, de impecabilidade, de frutos, de proximidade com
Deus. O indivíduo isolado não é capaz de resistir por muito tempo às
solicitações do mundo, enquanto no amor recíproco encontra o ambiente sadio,
capaz de proteger a autenticidade da sua existência cristã».
Letizia Magri
1) Cf.
Jo 15, 1-2. 2) Cf. Jo 15, 11. 3) C. Lubich, Palavra de Vida de maio de 1982,
in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova,
Roma 2017, p. 237.
_______________________
Movimento dos Focolares
Nenhum comentário:
Postar um comentário