sexta-feira, 1 de maio de 2020

Palavra de Vida: “Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado” (Jo 15,3).



Depois da Última Ceia com os Apóstolos, Jesus sai do Cenáculo e põe-se a caminho do Monte das Oliveiras. Acompanham-no os Onze: Judas Iscariotes já os tinha deixado e, daí a pouco, iria traí-Lo.

É um momento dramático e solene. Jesus pronuncia um longo discurso de despedida. Quer dizer coisas importantes aos seus, confiar-lhes palavras que nunca devem esquecer.

Os seus apóstolos são hebreus, conhecem as Escrituras. Recorda-lhes, por isso, uma imagem muito familiar: a da videira, que nos textos sagrados representa o povo hebraico, de quem Deus cuida, como um agricultor solícito e experiente. Agora Jesus fala de si mesmo como sendo a vide que transmite aos seus discípulos a linfa vital do amor do Pai. É por isso que eles devem, acima de tudo, preocupar-se em permanecer unidos a Ele.

“Vós já estais purificados pela palavra 
que vos tenho anunciado”

Um caminho para permanecer unidos com Jesus é acolher a sua Palavra. Ela permite que Deus entre no nosso coração para o tornar “puro”, isto é, liberto do egoísmo, preparado para dar frutos abundantes e de qualidade.

O pai ama-nos e sabe melhor do que nós o que nos dá leveza, liberdade para caminhar sem o peso inútil dos nossos apegos, dos juízos negativos, da procura ansiosa do lucro, da ilusão de querer ter tudo e todos sob o nosso controle. No nosso coração também há aspirações e projetos positivos, mas que poderiam ocupar o lugar de Deus e levar-nos a perder o generoso dinamismo da vida evangélica. Por isso Ele intervém na nossa vida através das circunstâncias, permitindo também experiências dolorosas, por detrás das quais está sempre o Seu olhar de amor.

E o saboroso fruto que o Evangelho promete a quem se deixa podar pelo amor de Deus é a plenitude da alegria. Uma alegria especial que floresce até no meio das lágrimas e transborda do coração, difundindo-se à nossa volta. É um pequeno sinal da ressurreição. 

“Vós já estais purificados pela palavra 

que vos tenho anunciado”


A Palavra vivida faz-nos sair de nós para ir com amor ao encontro dos irmãos, começando pelos que estão próximos: nas nossas cidades, na família, em todos os ambientes da nossa vida. É uma amizade que se torna rede de relacionamentos positivos, centrados no cumprimento do mandamento do amor recíproco, que constrói a fraternidade.

Chiara Lubich, meditando nesta frase do Evangelho de João, escreveu: «Como viver, então, de forma a merecermos também nós este louvor de Jesus? Colocando em prática as Palavras de Deus, nutrindo-nos delas momento a momento, fazendo da nossa existência uma obra contínua de reevangelização. Tudo isto para chegar a ter os mesmos pensamentos e sentimentos de Jesus, para O reviver no mundo, para mostrar à sociedade, por vezes envolta no mal e no pecado, a divina pureza, a transparência do Evangelho.

Durante este mês, então, sempre que possível (com aqueles que partilham os nossos propósitos) procuremos pôr em prática, de modo especial, aquela palavra que exprime o amor recíproco. Para o evangelista João, […] de facto, existe uma conexão entre a Palavra de Cristo e o mandamento novo. Para ele, é no amor recíproco que se vive a Palavra com os seus efeitos de purificação, de santidade, de impecabilidade, de frutos, de proximidade com Deus. O indivíduo isolado não é capaz de resistir por muito tempo às solicitações do mundo, enquanto no amor recíproco encontra o ambiente sadio, capaz de proteger a autenticidade da sua existência cristã». 


Letizia Magri

 1) Cf. Jo 15, 1-2. 2)  Cf. Jo 15, 11. 3)  C. Lubich, Palavra de Vida de maio de 1982, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, p. 237.
_______________________
Movimento dos Focolares

Nenhum comentário:

Postar um comentário