Um lobby gay tão coeso internamente a ponto de formar uma espécie de "sociedade secreta" e representar um perigo até mesmo para o papa: é o que foi denunciado sem panos quentes por Elmar Maeder, ex-comandante da Guarda Suíça no Vaticano (2002 a 2008) em uma entrevista ao semanário Schweiz am Sonntag, do seu país.
O ex-chefe da Guarda Suíça não está se referindo a hipóteses nem está mencionando fatos ouvidos de terceiros: "da existência desse lobby gay eu posso falar por conhecimento próprio". Maedar declara que alertou os seus homens quanto às atenções de alguns membros da Cúria particularmente "lascivos". O problema, prossegue ele, “é que essa rede é formada por pessoas tão leais umas às outras que chegam a formar uma espécie de sociedade secreta" (Repubblica.it, 19 de janeiro).
Por causa disso, Maeder afirmou que, se tivesse descoberto durante o seu período à frente da Guarda Suíça que um de seus soldados era homossexual, não teria permitido que ele seguisse carreira. Não porque considere a homossexualidade um problema, mas porque "o risco de deslealdade teria sido muito alto". É exatamente este o problema que pode se transformar em ameaça para a segurança do papa.
"Eu percebi que muitos homossexuais no seio da Igreja são mais leais uns aos outros do que a outras pessoas ou às instituições das quais eles fazem parte. Se essa lealdade se transformasse em uma rede ou num pacto secreto, na minha opinião, ela não poderia mais ser tolerada. Eu acho que existem pessoas em cargos decisivos no Vaticano que neste momento pensam dessa forma" (Giornalettismo, 20 de janeiro).
A questão, evidentemente, não é desconhecida pelo papa. Durante uma audiência com os delegados da Confederação dos Religiosos da América Latina e do Caribe (Clar), em junho passado, cujos conteúdos foram publicados em forma de relatório pelo site chileno Reflexión y Liberación, o papa Francisco afirmou, quando perguntado sobre a reforma da Cúria: "Sim, é difícil. Na Cúria existem pessoas santas, realmente santas. Mas há também uma corrente de corrupção. Essa também existe, é verdade. Fala-se de um lobby gay e é verdade, ele está lá... Agora temos que ver o que podemos fazer com isso" (Ansa, 12 de junho de 2013).
Seis meses atrás, no voo do Rio de Janeiro para Roma após a Jornada Mundial da Juventude, o papa declarou: "Escrevem bastante sobre o lobby gay. Eu ainda não encontrei ninguém no Vaticano que se apresente com um crachá escrito 'gay'. Dizem que eles estão lá. Eu acredito que, quando você se encontra com uma pessoa assim, você deve distinguir entre o fato de ela ser gay e o fato de ser um lobby, porque nem todos os lobbies são bons. Esse lobby é mau. Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?" (Vatican Insider, 20 de janeiro).
De ponto de vista contrário ao do ex-comandante Maeder, o atual porta-voz da Guarda Suíça no Vaticano, Urs Breitenmoser, minimizou as acusações de assédio. "Os boatos sobre uma rede gay dentro do Vaticano não são problema nosso. As preocupações dos nossos homens são exclusivamente de natureza religiosa e militar" (Repubblica.it, 19 de janeiro).
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Disponível em: Aleteia
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