Existe
mesmo a chamada “oração em línguas”, que, curiosamente, é comum lamentavelmente
assistirmos em encontros da Renovação Carismática Católica?
Desde agora, separamos 2 pontos: a Igreja aprovar o movimento e os
erros que muito são praticados pela maior parte. São pontos distintos.
Portanto, embora a Igreja reconheça a RCC, não aprova o raríssimo “dom de
línguas”, que não é o mesmo de Pentecostes, ainda que o movimento carismática
faça algum bem aos católicos. O bem não justifica os erros.
Alguns cristãos acreditam no “dom de línguas” como sinal do
batismo do Espírito Santo
Há
quem acredite que isto provém do céu, talvez. A não ser que, na verdade, o
pronunciar de sílabas que não se compreendem nem mesmo quem as pronuncia não
parece representar bem a presença de Deus. E se realmente isso não é
certo? E se a Bíblia não ensina isso?
Se isto é um fenômeno de autossugestão aprendido e imitado por
milhares de cristãos, então este é um dos maiores enganos da história.
1. Em todo o Novo Testamento, os
dons dados à Igreja são para cumprir uma função. Jesus ordenou
pregar o Evangelho a todo o mundo, mas os discípulos sabiam um ou dois
idiomas. Por isso foi feito o milagre. Em Atos 2, o verdadeiro
dom não foi glossolalia (dom das línguas), e sim falar um idioma que não
sabia antes.
2. Em Atos 10, 19 ocorrem casos similares: era um símbolo útil para
os não-crentes. Mas o capítulo 4, 8 e 9 dizem que se derramou o Espírito Santo e
não houve dom de línguas. Por que? Porque não havia estrangeiros, então não
havia necessidade.
3. A Bíblia não ensina que falar
em línguas seria o único símbolo do Espírito comum a todos os crentes. Alguns afirmam que o dom
consiste em orar em idiomas angélicos desconhecidos. Dizem que se pode praticar
relaxando a boca e se deixando levar pela euforia. Mas falam assim os anjos?
Santo Tomás de Aquino diz que
nem Deus nem mesmo os anjos falam,
mas se comunicam por iluminação: um ilumina a inteligência do outro e comunica o que se quer |
4. Na Universidade da Pensilvânia demonstrou-se que ao
falar essas línguas não se ativam as áreas cerebrais da linguagem.
O motivo é simples: não há nenhuma forma de
comunicação.
5. Primeira Carta de São
Paulo aos Coríntios, capítulo 14. Como se explica: desde o capítulo 13, a
Igreja estava repleta de problemas espirituais, contendas e disseções. Em
Corinto havia a tradição de rituais nos quais se falavam a língua dos deuses.
Ao mesclar o dom real com crenças pagãs, ele tentava definir o problema da
Igreja, mesmo à distância. Como julgar se alguém diz orar
a Deus em idioma desconhecido? Paulo sabiamente assina a crença dos
coríntios, debatendo com lógicas do seu ponto de vista. Mas ele encerrar o caso
com versículo 28: “Se não interpreta, cale-se”.
Porque, se é um idioma real, poderá ser
interpretado sempre. Paulo reduz ao particular uma experiência
subjetiva e identificável para proteger a Igreja. E disse no versículo 13: “Se
alguém fala em línguas, peça para interpretá-la”. Se
isso não ocorre, não está orando com sua mente. E isso não serve para nada.
Todos que balbuciam estas supostas línguas sempre a traduzem? Estão violando um
importante mandamento bíblico. Porque
um dom verdadeiro sempre edifica a Igreja e se não faz, é falso. Por certo,
Cristo nunca falou em línguas.
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Análise de Daniel Bosqued, espanhol,
Doutor em Teologia e Pastor Adventista
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