domingo, 26 de agosto de 2018

O que Jair Bolsonaro pensa sobre religião, aborto e casamento gay?



Polêmico. Não importa se você é contra ou a favor às ideias do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), é bem provável que essa seja uma das primeiras palavras que venha à sua mente para defini-lo. Grande parte da imprensa e dos analistas políticos o rotula de extremista, radical, grosseiro e até “ultraconservador”, contudo, pesquisas de opinião recentes não deixam dúvida sobre sua crescente força política que, para muitos, deve-se justamente à coragem de assumir posturas pouco convencionais na política brasileira.

Ex-capitão do exército e ferrenho defensor do regime militar vivido no Brasil décadas atrás, Bolsonaro ficou em segundo lugar na pesquisa espontânea CNT/MDA sobre as eleições presidenciais 2018, divulgada em fevereiro deste ano, ficando atrás apenas do ex-presidente Lula.

Em março do ano passado, quando trocou a legenda em que estava filiado (passando do PP para o PSC – Partido Social Cristão) o parlamentar foi apresentado pelo presidente do partido, o pastor Everaldo, como pré-candidato. Pastor Everaldo também foi quem batizou Bolsonaro nas águas do Rio Jordão, em Israel, em maio de 2016.

No dia 6 de setembro, Bolsonaro foi atingido por uma facada enquanto fazia campanha em Juiz de Fora (MG). 

O agressor foi preso em flagrante e conduzido para a Delegacia da PF naquele município. O agressor é formado em pedagogia, foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014 e tem passagem na polícia em 2013 por lesão corporal. 

O candidato chegou em estado de choque e com uma hemorragia forte na Santa Casa de Misericórdia da cidade. 

A hemorragia foi contida e ele foi operado. Na manhã do dia 7, o candidato foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo onde está se recuperando.

Gostem ou não os chamados “formadores de opinião”, Bolsonaro é um nome forte e as chances dele chegar ao Planalto são reais. Por isso, convém ao eleitorado saber exatamente o que ele pensa sobre assuntos morais tão caros ao público conservador. 

Aborto

Bolsonaro se posicionou contrariamente à legalização do aborto em ocasiões como esta sessão da Comissão dos Direitos Humanos. Em uma entrevista, ele se limitou a dizer que votaria contrariamente à legalização do aborto caso o assunto entrasse em pauta na Câmara.

Quando questionado sobre aborto, Bolsonaro frequentemente fala de projetos de políticas de planejamento familiar que incluam cirurgias para o controle de natalidade, como o do seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), que pretende facilitar vasectomias e laqueaduras a todos os homens e mulheres que assim desejem, sem a necessidade de se esperar até os 25 anos ou até ter 2 filhos, conforme a lei atual.

Porém, em uma entrevista no ano 2000 à IstoÉ Gente, o deputado foi claro sobre a questão do aborto: “Tem de ser uma decisão do casal”. Ele contou inclusive que cogitou o aborto de seu filho mais novo, Jair Renan. “Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter”, disse.

Em julho do ano passado, em entrevista à Folha de São Paulo, ele também mostrou-se flexível na questão do aborto em caso de estupro. Ele diz na entrevista: “Não vou discutir, já é lei. Se alguém apresentar projeto para revogar, é outra história”.

Mulheres

O deputado também sustenta opiniões controversas sobre a equidade salarial entre homens e mulheres. Para ele, o fato de que uma mulher engravide pode tornar injusta a equiparação. Em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora, ele disse: “Eu sou liberal. Defendo a propriedade privada. Se você tem um comércio que emprega 30 pessoas, eu não posso obrigá-lo a empregar 15 mulheres. A mulher luta muito por direitos iguais, legal, tudo bem. Mas eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…’”.

A solução para o dilema, segundo Bolsonaro, é o pagamento de salários diferenciados:

“Por isso que o cara paga menos para a mulher! É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual. Só que o cara que está produzindo, com todos os encargos trabalhistas, perde produtividade. O produto dele vai ser posto mais caro na rua, ele vai ser quebrado pelo cara da esquina. Eu sou um liberal, se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu”.

Dois anos depois dessas declarações, o parlamentar tenta mostrar outra postura dando entrevista ao site do PSC (que está fora do ar no momento) a qual teve trechos replicados por vários veículos de comunicação. Nessa nova fala, ele disse: “eu dei uma declaração para um jornal e ela foi modificada. Bem, o que eu falei foi que hoje em dia a mulher ganha a mesma coisa que um homem. Se você presta um concurso público ou concorre a um cargo público qualquer, sendo um homem ou uma mulher, o salário é o mesmo”.

Em outro trecho, ele completa: “na iniciativa privada, se alguém ainda acredita que existe uma diferenciação salarial, que essa pessoa apresente um projeto de lei para corrigir essa injustiça. Eu mesmo não acredito que isso ainda ocorra. Você acha que vou concordar com a ideia de pagar menos para a mulher só por ela ser mulher? Não, isso não é comigo. Sendo mulher ou homem, tendo competência para exercer a função, que seja remunerado de forma compatível e justa”. Fala semelhante a esta, consta em um vídeo disponível no canal do YoutTube Brasília Connection, que pode ser acessado aqui.

Ideologia de gênero:

Um vídeo sobre o assunto gravado no ano passado pelo deputado viralizou. Nele, Bolsonaro apresenta e denuncia publicações  que estariam em bibliotecas de escolas do país. Totalmente contrário à ideologia de gênero, essa não foi a primeira vez que ele mostrou seu ponto de vista sobre o assunto.

Em uma sessão da Câmara dos Deputados, durante uma estágio-visita, ele novamente voltou a dizer que esse tipo de assunto não deve ser tratado em escolas. Segundo ele “o governo do PT, via MEC oficializou as quase 6 mil prefeituras, para que fosse (o assunto da ideologia de gênero) incluída no plano decenal municipal. Em algumas prefeituras isso foi incluído. Hoje, mais importante do que saber a tabuada é saber se um menino vai fazer amor com outro menino no futuro. É o esculacho da família brasileira”. O vídeo pode ser visto aqui.

Recentemente, em participação noprograma de tevê The Noite com Danilo Gentili, que foi ao ar no dia 20 de março, ele voltou a tratar do assunto, levando, inclusive, um dos livros denunciados pelo parlamentar como tendo conteúdo abusivo.

Casamento gay

Totalmente contrário. Em 2013, Bolsonaro criticou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que naquele ano considerou legítimo o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Ele disse na ocasião que “o Judiciário, a exemplo do Supremo, tem avançado sobre a Constituição. Está bem claro na Constituição aqui: a união familiar é um homem e uma mulher. (…) Essas decisões aí só vêm a cada vez mais solapar a unidade familiar, os valores familiares: vai jogar tudo isso por terra”.

Neste ano, no dia 16 de março, ele voltou a reafirmar sua posição contra o casamento gay, quando participou do Programa do Ratinho, do SBT. Ele novamente citou a Constituição Federal para defender sua opinião e, quando questionado pelo apresentador sobre a decisão do CNJ, ele disse para que tal decisão fosse legítima, que fosse apresentado uma emenda constitucional para modificar o inciso 3 do artigo 226 (que trata sobre casamento).

Desarmamento

O parlamentar é favorável à possibilidade de a população ter porte de armas. Em 2015 ele pediu mudanças no Estatuto do Desarmamento, durante a comissão especial que estudava o caso, para permitir que o cidadão possa exercer o direito de se defender por conta própria. Na época ele disse: “o Estado está falido e o cidadão está praticamente sozinho, porque a Polícia Militar, que faz o patrulhamento, não tem nem retaguarda jurídica para agir”.

Em junho daquele mesmo ano, quando participou de uma audiência pública em Belo Horizonte, para discutir mudanças no estatuto, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ele afirmou que “o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país que quer ser democrático. Tem que abrir para o maior número de pessoas ter o porte de armas”.

Agora em 2017 diante da crise na área de segurança vivida pelo Espírito Santo, ele voltou a defender a necessidade de que a população tivesse o direito de ter o porte de armas. Em um vídeo publicado em sua página no Facebook ele disse: “Resolveram desarmar o cidadão de bem, então hoje você não tem segurança nem dentro de casa”.

Maioridade penal

A maioridade penal, também é um assunto em que Bolsonaro mantém opinião forte. Na mesma viagem à Belo Horizonte, em 2015, ele defendeu a redução da idade mínima, de 18 para 16 anos dizendo que “uma deputada defendeu que se um menino de doze anos, caso se sentisse menina, poderia fazer a cirurgia sem autorização dos pais. O menino pode cortar o ‘piu piu’ sem a autorização dos pais, mas não pode com 17 anos responder por um crime?”. Durante uma sessão da Comissão Especial do Estatuto da Família daquele ano, ele reafirmou a opinião de que um menor de idade tem plena consciência do que faz, e que essa redução de idade protegeria a sociedade, porque evitaria que um jovem criminoso ficasse solto cometendo crimes.
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Sempre Família

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