terça-feira, 28 de agosto de 2018

O que Manuela d’Ávila pensa sobre religião, aborto e casamento gay?



Manuela d’Ávila foi confirmada como pré-candidata à Presidência da República no dia 17 de novembro, pelo PCdoB, partido que desde 1985 não teve nenhum candidato concorrendo ao maior cargo político do país. No entanto, após várias rodadas de reuniões com dirigentes petistas, a direção do PCdoB decidiu, no dia 5 de agosto, retirar a candidatura da deputada federal Manuela D'Ávila à Presidência da República. A decisão permite ao partido coligar-se oficialmente com o PT na disputa presidencial, em chapa que a princípio é liderada por Lula e tem Fernando Haddad como vice.


Embora sua candidatura tenha sido encerrada, na prática, Manuela D'Ávila não ficará sem espaço na chapa petista. Isso porque de acordo com os termos do acordo celebrado neste domingo, nos próximos meses ela deverá indicada para o posto hoje ocupado por Haddad.

Jornalista por formação, atualmente ela é deputada estadual no Rio Grande do Sul. Embora jovem – tem apenas 36 anos de idade – sua trajetória política é longa, sendo eleita pela primeira vez para o mandato de vereadora aos 23 anos e posteriormente assumido o cargo de deputada federal por dois mandatos (2007 a 2014), ocasiões nas quais ela se tornou a deputada mais votada do estado. Casada com o músico Duda Leindecker, Manuela também é mãe. Sua filha de 2 anos, se chama Laura.

No que diz respeito aos temas morais, Manuela tende a seguir os posicionamentos clássicos dos partidos comunistas. Veja como ela já se manifestou sobre alguns desses assuntos: 

Religião

Em entrevista à Folha de São Paulo, em 20 de novembro, Manuela disse que sua origem é cristã. A resposta veio quando ela foi perguntada sobre um possível embate com a bancada evangélica, em questões relacionadas ao aborto ou homofobia. Diante disso, Manuela disse que os cristãos são um povo que acredita no amor ao próximo. “Acho que o povo evangélico, povo cristão – minha origem é cristã – é um povo que acredita no amor ao próximo”. Ela não frequenta, contudo, nenhuma igreja e não se identifica como pertencente a alguma denominação cristã.

Aborto

Em 2014, durante uma entrevista ao programa Agora é Tarde, de Rafinha Bastos, Manuela disse que é a favor da legalização do aborto, por considerar a prática “uma questão de respeito às mulheres”. Na ocasião, a deputada afirmou que “todo mundo fala: ‘é um debate sobre a vida’. E eu quero debater a vida das mulheres que morrem se submetendo a processos clandestinos. E as mulheres pobres, porque as mulheres ricas vão em clínicas maravilhosas como se fossem legalizadas e não morrem. Então esse também é um problema de classe social. As ricas não morrem fazendo aborto”.

Em entrevista recente ao UOL, em 11 de novembro, Manuela disse que este tema será um dos pontos abordados em sua campanha e criticou a PEC 181/15, que trata da licença-maternidade no caso de prematuros e inclui o termo “desde a concepção” na Constituição, blindando o país contra novas tentativas de legalização da prática. Para ela, a proposta contribuirá para o aumento do ódio e da intolerância e pode, inclusive, agravar a crise. “É uma agenda que precisa ter a página virada em 2018”, pontuou durante a conversa com o jornalista Marcos Cândido. Na entrevista concedida à Folhade São Paulo, em 20 de novembro, a deputada reforçou seu entendimento de que o aborto precisa ser tratado como uma questão de saúde pública, justificando a posição com o suposto alto índice de mortes maternas causados por abortos clandestinos.

Casamento gay


É completamente a favor. Em junho de 2015, em uma publicação em sua página no Facebook, ela parabenizou a atitude do governo norte-americano em aprovar o casamento gay. Com a imagem de um mapa que mostrava os poucos países em que o casamento gay era aceito, na época, ela disse: “ O mapa abaixo, com os poucos países que aceitam o casamento entre homossexuais, deixa claro o quanto ainda é preciso avançar. Respeitar a diversidade é apoiar o amor. Seguimos na luta!”.

Drogas


Em entrevista à revista Veja, em 16 de novembro, Manuela disse que a discussão da legalização das drogas deve ser feita sob a perspectiva proposta pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já deu declarações favoráveis à legalização. “Quantos jovens morrem, qual é a situação da segurança, qual o resultado concreto. Os números mostram que a violência aumentou a partir de uma política de guerra às drogas. O Brasil pode fazer esse debate, vinculando inclusive a tributação das drogas a campanhas educativas de prevenção do consumo de todas as drogas. O Brasil subestima o consumo de drogas lícitas”.

Manuela reforçou esse posicionamento em um bate-papo realizado nas redes sociais, na semana seguinte, ao ser questionada por um seguidor sobre sua visão em relação ao tema: “Minha visão é que o Brasil perde 40 mil jovens por ano na guerra às drogas. Partilho da ideia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que acredita que precisamos salvar esses jovens”. Ela se referia, segundo o site Rede Brasil Atual, à defesa da descriminalização do uso como um dos pontos de partida para se enfrentar o narcotráfico. A deputada lembrou também que muito se fala no Brasil sobre as drogas ilícitas, mas que as lícitas, como o álcool, também constroem uma sociedade violenta.

Armas


A deputada é contrária à revogação do estatuto do desamamento e crítica das propostas de Jair Bolsonaro sobre o tema. Durante o mesmo bate-papo mencionado no parágrafo acima, Manuela acusou Bolsonaro de simplismo, dizendo que ele apenas defende que a população tenha armas nas mãos, mas não mostra projetos consistentes voltados à àrea. “Qual é a proposta que o outro tem para a segurança pública? Nenhuma, a não ser a ideia de que todo mundo tem que se armar para se defender”.
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O Globo/ Sempre Família

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