quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Santa Quitéria, a “curadora da raiva”


Santa Quitéria é muito venerada e estimada em algumas regiões da Espanha, da França e de Portugal. Pouco se sabe com certeza a seu respeito, já que tudo o que chegou até nós sobre ela veio por transmissão oral, entremeado de lendas piedosas. O que é verdade e o que é fantasia ninguém mais sabe, mas o fato é que a sua veneração é muito antiga.

A lenda nos conta que Santa Quitéria era uma das nove filhas de Cálsia Lúcia, esposa de Lúcio Caio Otílio, governador romano em Braga no século II da nossa era. Quando Quitéria tinha 13 anos, estava um dia a rezar quando lhe apareceu um anjo pedindo que ela se retirasse a um lugar solitário, na montanha, onde se dedicaria à oração e à contemplação porque Deus a tinha escolhido para ser sua esposa.

Ela obedeceu, mas voltou quando soube que seus pais estavam angustiados com o seu retiro. Receberam-na com muita alegria e lhe comunicaram que tinham decidido casá-la com um jovem rico e nobre chamado Germano. Ela se negou e foi detida no palácio, de onde fugiu graças à Virgem Maria.

Perseguida, foi encontrada e decapitada, mas, diante do horror de seu carrasco e da admiração das pessoas presentes, Quitéria recolheu a própria cabeça, com a coroa de virgem e mártir, e caminhou até o lugar que lhe fora indicado por um anjo. O local era uma fonte, o que nos leva a outra das lendas mais curiosas sobre esta santa: Quitéria é invocada como intercessora para curar os doentes de raiva.

Há duas razões para este particular patrocínio.

A primeira é a sua fuga do cárcere. Diz a lenda que, no cativeiro, ela recebeu a visita da Virgem Maria, que, entregando-lhe um anel, garantiu-lhe que ela conservaria a virgindade e que todos os afetados pela raiva recuperariam a saúde se invocassem a sua intercessão. Quando Maria desapareceu, Quitéria se viu milagrosamente fora da prisão.

A segunda é o primeiro milagre realizado pela santa: em sua fuga, ela encontrou um pastorzinho que a delatou. Quando foi decapitada e recolheu a própria cabeça com as mãos, os cachorros do pastorzinho lamberam o seu sangue derramado e acabaram mordendo o próprio dono. O pastorzinho contraiu a raiva, mas se lavou na fonte ali próxima e as suas feridas foram curadas.

Atualmente, a raiva ainda mata cerca de 59.000 pessoas por ano no mundo, principalmente em áreas da África e da Ásia: 40% dos casos envolvem crianças e adolescentes menores de 15 anos. São muitos, portanto, os que ainda pedem a intercessão de Santa Quitéria.
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Aleteia

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