Considerando-se o feto como um amontoado de células
ou algo pertencente ao corpo da mãe, o aborto seria defensável. Mas,
cientificamente falando, não é. Trata-se, segundo a ciência moderna, de um ser
humano, apesar de ainda em formação, - como, aliás, também o é um bebê
recém-nascido - com código genético, conjunto de cromossomos e personalidade
independente da sua mãe. E a sua morte provocada vem a se constituir em um
voluntário e direto ato de se tirar a vida de um ser humano inocente, ato ilícito
perante a lei natural e a lei positiva de Deus.
E já foi estatisticamente refutado o argumento de
que, nos países em que o aborto foi legalizado, o seu número diminuiu. E mesmo
que o fosse, continua o princípio de que não se pode legalizar um crime, mas
sim estabelecer a proteção da criança que está no ventre de sua mãe. Cada bebê
é um dom precioso com personalidade própria e não um número de
estatística.
E ao argumento falso de que a mulher é dona do seu próprio corpo devemos responder com a ciência que o nascituro não faz parte do corpo da sua mãe, não é um apêndice ou um órgão seu, mas é um ser independente em formação nela.
A questão de uma nova vida começar com a concepção é um dado científico atual e não objeto da fé. Portanto, ser contra o aborto é posição normal de quem aceita os dados da ciência.
“O ciclo vital, do ponto de vista estritamente biológico, é que, cada ser humano é um organismo distinto e singular... A fertilização dá início ao ciclo vital levando a um período de desenvolvimento, chamado de embriogênese, no qual as células, os tecidos e os órgãos se desenvolvem progressivamente a partir de uma única célula, o zigoto...
Segundo as evidências fornecidas pela biologia, o
zigoto humano, que dá início ao embrião multicelular que dele deriva, é
verdadeiramente um indivíduo, e não parte de um todo ou um agregado de
elementos... Isto tudo leva a concluir que o embrião humano, mesmo no seu
primeiro passo, não é um amontoado de células, mas um indivíduo real... A
partir da constituição do Zigoto, exige-se o respeito, que é moralmente devido
aos seres humanos em sua totalidade corporal e espiritual” (exposição do Prof.
Dr. Carlos Mateus Rotta, Doutor e Mestre em Medicina, Professor responsável pela
disciplina de Clínica Cirúrgica e gestor acadêmico do Curso de Medicina da
Universidade de Mogi das Cruzes).
Dr. Jerôme Lejeune, cientista, professor da Universidade René Descartes, de Paris, e especialista em Genética Fundamental, descobridor da causa da síndrome de Down, em entrevista à VEJA, que lhe perguntou se, para ele, a vida começa a existir no momento da concepção, respondeu: “Não quero repetir o óbvio. Mas, na verdade, a vida começa na fecundação. Quando os 23 cromossomos masculinos transportados pelo espermatozoide se encontram com os 23 cromossomos da mulher, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano já estão presentes. A fecundação é a marco do início da vida. Daí para frente, qualquer método artificial para destruí-la é um assassinato”.
Dom Fernando Arêas
Rifan,
bispo
administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria
Vianney.
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