Disseram por aí: “para quem votou no Aécio a eleição passada, você não acha que está muito exigente nesta eleição?”. Em 2014 o voto antipetista foi todo para o candidato do PSDB, Aécio Neves. De fato, a preferência a Aécio significava votar num grupo político de modo a escolher um “mal menor”, e quem sabe, nas eleições 2018, aparecesse um nome mais realista no campo da oposição, aonde a escolha do “mal menor” fosse transformada numa escolha por um “voto assertivo”. E se, mesmo que este voto assertivo não tivesse chances reais de vitória, seria de extrema importância sua participação nos debates presidenciais para expor e questionar toda uma agenda política de esquerda, hegemônica no País em todas as eleições das últimas décadas. Por isso, a campanha de Bolsonaro (PSL) na reta final da disputa eleitoral merece toda a atenção.
Como disse o professor Olavo de Carvalho, antes de colocar um presidente em Brasília que quebre o sistema político hegemônico, seria melhor um prazo maior para que a militância se organizasse bem, fazendo com que a base se fortalecesse para só depois, então, fosse empossado um presidente realmente de oposição, contando com a força de uma base militante estabelecida.
Formam-se aqui duas questões: 1- Não tivemos este período mais longo de preparação de uma base militante, mas temos um candidato favorito agora. 2- Até que ponto a base militante deste candidato ainda é fraca, uma vez que um dos motivos de Bolsonaro ter alcançado este favoritismo se dê por causa do trabalho de tal militância.
É óbvio que, se temos no presente momento, um candidato outsider, não contaminado pela atividade criminosa da política nacional, faz-se necessário e urgente apoiá-lo e (para usar uma expressão do professor Carlos Nougué) “Não é hora de ter medo, nem sequer de fraude. É hora de disputar votos palmo a palmo, conquistar todos quantos nos seja possível. Quanto mais votos em Bolsonaro, menos chances de fraude". E nisso consiste esta urgência: dar continuidade à hegemonia política, neste momento, seria levar o golpe fatal que nos conduziria à queda ao radicalismo esquerdista nos moldes da Venezuela ou Nicarágua.
Quanto à base militante direitista, apesar de sua curta existência e a necessidade intrínseca de adquirir amadurecimento a longo prazo, é notório que seu crescimento deu-se de modo acelerado, algo fora do comum, mas este crescimento não possui substância frágil. Tal militância está longe de ser fogo de palha. A força do apoio a Bolsonaro também reside no crescimento substancial de sua base eleitoral, algo que já vínhamos afirmando há um bom tempo, como demonstra este meu artigo do mês de janeiro. Outra força militante que se espalhou pelo país se concentra em meio a própria sociedade organizada já estabelecida há muito. Não se trata aqui de um grupo que nasceu com o propósito de militância, mas que naturalmente tomou partido nesta eleição por conta de suas reivindicações coadunarem-se à fala do candidato, que não possui uma ideologia, mas fala a linguagem comum que o povo também fala no dia a dia. Deste modo, há inúmeros setores da sociedade aonde o apoio a um governo não esquerdista é praticamente unânime.
Outro ponto importante desta reta final da campanha de Bolsonaro foi, obviamente, o atentado sofrido pelo candidato. A tentativa de assassiná-lo é um dos fatos mais graves da história recente da política nacional. É vergonhoso a cobertura que a mídia em geral, mas principalmente a grande mídia (grande, mas que perde terreno a cada dia e já começa a mendigar atenção), tem dado a este crime político. Querer qualificar o assassino como um desequilibrado mental que agiu sozinho em um momento de loucura é de um mau caratismo enorme, para não dizer que se trate de cumplicidade ao criminoso. Resta-nos confiar na investigação da Polícia e no julgamento da justiça.
Por outro lado, o tiro saiu pela culatra, ou melhor, a faca esfaqueou o esfaqueador. “Quando a facada não mata, elege” disse Dom Valério Breda. Como o analista Felipe G. Martins nota, o capitão da reserva sempre foi mostrado ao grande público pelo filtro da mídia que sempre o caracterizou como “o opressor”. Pululam vídeos e textos enviesados sobre Bolsonaro, aonde colam frases fora de contexto, forjando um significado que o adjetiva como um indivíduo da pior estirpe, um quase não-humano. O atentado à luz do dia e à vista de todos, jogaram luzes na pessoa de Jair Bolsonaro, que o fez ser exposto com maior realismo. De fato ele passou a ser visto como uma vítima da sociedade. Este, sim, uma vítima verdadeira de uma tentativa de assassinato. Ainda que passando pelo filtro midiático, a realidade de sua trajetória política e, mais do que isso, a realidade de sua pessoa, de sua personalidade, pôde ser explorada mais de perto, conferindo-lhe o humanismo sobre o qual a mídia insistia em esconder. A tentativa de assassinato, por mais bárbara que tenha sido (e pela justiça, que se espera, seja feita) agilizou o processo de conhecimento e apoio ao capitão da reserva nesta reta final de campanha.
No dia de hoje, Bolsonaro fez uma live nas redes sociais, já com um aspecto físico bem melhor, anunciando que estará novamente na ativa em menos de 10 dias, o que significa força máxima na reta final da campanha. Enquanto isso, sua militância continua manifestando-se com uma participação popular espantosamente grande. Mesmo sem a presença do candidato, carreatas com milhares de carros se espalham pelo Brasil numa demonstração de apoio poucas vezes vista na política nacional.
Josair Bastos
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Sempre Família
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