Um quadro cópia da famosa Imaculada de
Murillo, do século XVII, foi restaurado sem sucesso por um restaurador de
móveis em Valência (Espanha). A imagem de Nossa Senhora apareceu totalmente
desfigurada. Posteriormente, o proprietário contratou um especialista no
assunto para tentar consertá-lo e recuperar a semelhança com o original.
A restauração de obras de arte não é nada
simples. Prova disso são as inúmeras restaurações fracassadas que ocorreram nos
últimos anos, como é o caso do Cristo de Borja, em 2012, a escultura de São
Jorge, em 2018, ou a de três imagens de madeiras em Rañadoiro, Astúrias
(Espanha).
Nesse caso, a última restauração fracassada
foi a de uma cópia do século XVII da famosa Imaculada, de Bartolomé Esteban
Murillo, em Valência (Espanha).
O proprietário, um colecionador de arte
valenciana, encomendou a restauração e a limpeza do quadro a um restaurador de
móveis por 1.200 euros. No entanto, ao devolver a peça, percebeu que o rosto
estava completamente mudado.
Segundo destaca a Europa Press, ao pedir
explicações ao autor da restauração, ele tentou "solucionar" o
problema, mas o resultado foi ainda pior porque não tem nenhuma semelhança com
o original.
Posteriormente, o colecionador contatou um
profissional especializado em restauração de pintura e formado para isso para
tentar reabilitar a obra e desfazer, na medida do possível, a falha na
restauração dessa pintura significativa.
Maria Borja, vice-presidente de relações
internas e coordenadora da Associação Profissional de Conservadores e
Restauradores da Espanha (ACRE), disse à Europa Press que essas restaurações
fracassadas "infelizmente são muito mais frequentes do que se
imagina".
“Conhecemos apenas os casos que a sociedade
denuncia através da imprensa ou das redes sociais, mas há muitas situações nas
quais as obras recebem a intervenção de pessoas que não têm formação. As obras
passam por esse tipo de intervenções não profissionais, podendo provocar uma
mudança irreversível”, garantiu.
ACRE enviou um comunicado afirmando que, se os
fatos dessa restauração fracassada forem confirmados, “teríamos que lamentar a
perda, mais uma vez, de um bem cultural e, nesses casos, solicitamos que essa
situação não se torne motivo de diversão para a mídia e social, como aconteceu
anteriormente. Além disso, deveríamos ficar alarmados com o fato de que essa parte
de nossa herança está desaparecendo devido a essas intervenções desastrosas”.
Do mesmo modo, enfatizaram que “nenhum
profissional com formação acadêmica oficial realizaria esse tipo de ataque ao
patrimônio. Portanto, esse tipo de acontecimento não pode ser confundido com
uma intervenção de conservação-restauração, pois é uma intervenção falsa e
ofensiva para a nossa profissão”.
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Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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