Em uma homilia recente, o Papa Francisco disse:
“…não é possível encontrar Jesus fora da Igreja. O grande Paulo VI dizia: é uma dicotomia absurda querer viver com Jesus sem a Igreja, seguir Jesus fora da Igreja, amar Jesus sem a Igreja”.
E Francisco deixou bem claro que estava falando da Igreja “hierárquica e católica”. Bem, se não é possível encontrar Jesus fora da Igreja Católica, não é possível salvar-se fora dela. Afinal, ninguém chega ao Pai senão por meio dEle.
Certo… E como ficam os evangélicos – existem muitos que dão um testemunho belo e sincero de fé – e as pessoas de outras religiões que nunca tiveram a oportunidade de receber uma boa catequese?
Em primeiro lugar, é preciso que tenhamos claro uma coisa: Deus não é um legislador frio e inflexível. Ele sabe que há pessoas que não têm culpa de não crerem em Seu Filho e na Sua Igreja (ou que têm sua culpabilidade atenuada). E isso pode ocorrer por diversas razões:
- porque ainda não ouviram as palavras do Evangelho;
- porque tiveram uma experiência negativa com os católicos ou porque receberam uma catequese ruim, e assim formaram uma má impressão;
- porque estão submetidos a fortes condicionamentos culturais.
“Ignorância invencível”: é assim que a Igreja nomeia essas condições extremamente desfavoráveis para o conhecimento e o acolhimento da verdadeira fé. É como um forte bloqueio, que impede a pessoa de dizer sim a Cristo e à Sua Igreja. Por isso, Deus não vê como culpados aqueles que ignoram a verdadeira religião, quando sua ignorância é invencível.
Então, sobre a salvação dos não-católicos, duas coisas devem ficar claras:
1. fora da Igreja não há salvação. Isso é dogma, ou seja, é uma verdade de fé que deve ser aceita por todo católico;
2. aqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e a Sua Igreja, mas buscam a Deus sinceramente e tentam cumprir a Sua vontade não estão fora da Igreja. Eles fazem parte da alma da Igreja e, assim, podem conseguir a salvação.
Como serão julgados os não-católicos?
São Paulo, em uma de suas cartas, fala que a noção básica do que é bom e do que é mau está inscrita nos corações das pessoas, inclusive daquelas que jamais ouviram falar de Jesus. Isso se chama “lei natural”.
“Os pagãos não têm a Lei. Mas, embora não a tenham, se fazem espontaneamente o que a Lei manda, eles próprios são Lei para si mesmos. Assim mostram que os preceitos da Lei estão escritos nos seus corações; a sua consciência também testemunha isso, assim como os julgamentos interiores, que ora os condenam, ora os aprovam.” - Romanos 2, 14-15
Diante de Deus, então, os não-católicos serão julgados conforme a sua fidelidade àquilo que aprenderam que é certo ou errado. Certamente, seus conhecimentos sobre o bem e o mal são muito limitados, pois não puderam conhecer a plenitude da verdade na Igreja Católica. E Deus levará essa desvantagem em conta.
É justo que os menos favorecidos sejam menos cobrados. Afinal, Deus julga não somente as ações, mas as intenções e a condição que cada um tem para compreender se o que faz é bom ou mau. Na parábola do mau administrador, Cristo diz:
“Todavia aquele empregado que, mesmo conhecendo a vontade do seu senhor, não ficou preparado, nem agiu conforme a vontade dele, será chicoteado muitas vezes. Mas o empregado que não sabia e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido…” - Lucas 12, 47-48
Isso quer dizer que nós católicos seremos julgados com muito mais rigor do que aqueles que ignoram a palavra de Deus, ou aqueles que a conhecem de modo parcial. Somos privilegiados: tivemos a oportunidade de receber muito mais amor, muito mais graças, muito mais consolações e muito mais sabedoria do que os demais.
UM EXEMPLO:
Foto: Agência Brasil |
Em muitas tribos indígenas brasileiras, são enterrados vivos bebês e crianças com deficiência, filhos de mães solteiras e gêmeos.
Notem que tal crueldade é feita com base nas crenças arraigadas da tribo, que julgam estar realizando algo bom para o grupo.
Agora, imaginem um casal católico, que recebeu a catequese de modo adequado, que frequenta as missas… A esposa, grávida, descobre que o bebê tem Síndrome de Down ou anencefalia e, então, o casal resolve fazer um aborto.
Será que no dia do Juízo a mão de Deus recairá sobre esses índios não-catequizados com o mesmo peso que sobre o casal católico?
Lembremos que o princípio da ignorância invencível não se aplica a todos os casos de descrença na fé da Igreja. Por isso, não terão salvação aqueles que, voluntariamente, fazem-se cegos e surdos para o Evangelho. “Quem não crer, será condenado” (Marcos 16,16).
Rezemos pela conversão dos pecadores. Rezemos também para que sejamos capazes de dar testemunho de Cristo com nossas palavras e ações, já que muitos não creem por nossa culpa, quando encandalizamos os demais com a nossa falta de amor e incoerência.
Que todos sejamos um!
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Fonte: O Catequista
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