Uma das faculdades mais elitistas dos Estados Unidos vai oferecer este
ano um curso chamado “Queering the Bible” [Leitura queer da Bíblia]. O termo
‘queer’ não tem tradução exata em português, que literalmente seria ‘estranho’
mas já passou a ser usado para referir-se a gays ou simpatizantes da causa
homossexual.
Conforme o Christian Post, o Swarthmore
College, na Pensilvânia, que oferece graduação em Estudos da Religião e figura
entre os melhores no ranking de educação dos Estados Unidos, criou o curso
teológico para promover visões “queer e trans” na interpretação dos textos
bíblicos, usando uma “abordagem teórica inclusiva”. O responsável pelas aulas
de “teologia gay” será Gwynn Kessler, que tem um Ph.D. em Estudos Bíblicos
do Seminário Teológico Judaico de Nova York.
O material divulgado diz que o objetivo é “desestabilizar
pressupostos sobre o que a Bíblia e a religião dizem sobre gênero e
sexualidade”. Ele propõe ainda “abordagens teóricas pós-modernas, feministas e
queers” da teologia.
Não foram anunciados quantos alunos farão inicialmente o
curso no Swarthmore College, que foi fundado pelos protestantes Quakers em
1864. Entre taxas de matrícula e mensalidades, o custo é de U$ 50.822 por ano.
A denominação quaker, também conhecida por Sociedade
Religiosa dos Amigos são parte de um movimento do século 18, que nas origens
defendia o pacifismo e a vida simples, com destaque para seus ensinamentos
sobre pureza moral e a rejeição da “apostasia” da Igreja Anglicana.
O anúncio do curso
de “Queering the Bible” gerou muitas críticas. Emir Caner, presidente da
Universidade Truett-McConnell, uma instituição batista conservadora da Geórgia,
afirmou que esse era um sinal dos tempos, que visava atrair jovens que já
possuem ideias distorcidas sobre o cristianismo. “Embora não fiquei
surpreso em saber que as pessoas ímpias corrompem as Escrituras, talvez haja um
arco-íris no final da tempestade quando algum aluno ler João 3:16 e reconheça o
amor incondicional de Deus por eles através de Jesus Cristo”, alfinetou. “Esses
alunos clamam ter uma mente aberta, mas precisam da convicção do Espírito Santo
para salvá-los da doutrinação teológica liberal, pois só assim poderão conhecer
o Deus Verdadeiro e serem transformados”.
Robert Jeffress,
pastor da Primeira Igreja Batista em Dallas, e uma das mais influentes vozes
teológicas conservadoras na atualidade, disse que associar Deus com o termo
“queer” é uma forma de “idolatria moderna”.
“Quando você lê a Bíblia com seriedade, descobre que Deus
decretou a condenação mais severa para indivíduos e nações que praticavam a
idolatria, criando um deus imaginário que se conformava com a imoralidade de
sua cultura”, disparou.
Alguns teólogos desafiaram a Swarthmore a criar cursos que
ofereçam uma “leitura queer” do Alcorão, mas a escola não se manifestou sobre o
assunto.
A ideia de uma “teologia queer” não é nova. Criada na década
de 1960, ganhou popularidade há cerca de 15
anos pelo trabalho do pastor transexual Shannon T.L.
Kearns. Em entrevista à revista Vice, ele explicou: “A teologia queer não busca analisar se as
pessoas LGBT podem ou não se encaixar nas comunidades cristãs. Isso visa criar
ativamente uma nova teologia, na qual a Bíblia é interpretada através das
lentes da experiência queer, trans, gay e lésbica”.
No Brasil, seu maior teórico é Andre Musskopf, líder e
pesquisador do Núcleo de Pesquisa de Gênero da
Escola Superior de Teologia, de linha luterana, em São Leopoldo, Rio Grande do
Sul. Ele é autor de Via(da)gens Teológicas: Itinerários
para uma Teologia Queer no Brasil e oferece cursos de “Teologia e Gênero” no Instituto
Ecumênico de Pós-graduação da EST.
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Front Católico
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