Livro de Daniel (Dn), capítulo 12, 1-3
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Naquele
tempo, surgirá Miguel, o grande chefe, o protetor dos filhos do seu povo.
Será uma época de tal desolação, como jamais houve igual desde que as nações
existem até aquele momento. Então, entre os filhos de teu povo, serão salvos
todos aqueles que se acharem inscritos no livro.
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Muitos
daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para uma vida eterna,
outros para a ignomínia, a infâmia eterna.
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Os que
tiverem sido inteligentes fulgirão como o brilho do firmamento, e os que
tiverem introduzido muitos (nos caminhos) da justiça luzirão como as
estrelas, com um perpétuo resplendor.
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Observe o tom solene, que deseja chamar atenção
para o fim da história, quando tudo será julgado pelo Senhor Deus – nós,
cristãos, sabemos que este Juízo dar-se-á em Cristo Jesus: “Naquele tempo...” –
Trata-se do tempo do fim, do Dia do Senhor, do Terceiro Dia, do Dia da
Ressurreição, do Dia da Ira de Deus, do Dia do Messias, do Dia de Cristo...
Por que a referência a Miguel? Na tradição bíblica,
cada povo tem seu anjo protetor. O anjo do Povo de Deus é Miguel (= quem é como
Deus?). É ele o protetor do antigo e do novo Povo de Deus.
Observe bem as imagens usadas o texto: a primeira
vista revelam angústia, mas o sentido é de salvação: essa angústia é a dor de
parto de um mundo novo, salvo pelo Senhor Deus. Releia o v. 1 e Jo 16,20-22.
Observe que não é garantido que todos se salvem...
Fala-se claramente numa ressurreição para a vida e numa ressurreição para a
morte, isto é, para o inferno. Releia o v. 2! É bom recordar que o inferno é
uma possibilidade tremenda, pois Deus respeita a nossa liberdade: aqueles que
culpavelmente se fecharam para sua graça que nos foi dada em Cristo, ficarão
sem ele para sempre. Várias vezes Jesus falou sobre a real e tremenda
possibilidade do inferno. Leia Mt 18,7-9; 25,41-45.
Qual a salvação que o Senhor nos prepara e nos
promete? A Ressurreição. Releia os vv. 2-3.
Atenção: a palavra “ressurreição” pode ter vários
sentidos: (1) sentido espiritual: aquele ligado ao filho pródigo, que estava
morto e voltou à vida; (2) sentido figurado: a ressurreição de Lázaro, da filha
de Jairo, do filho da viúva de Naim... (3) em sentido neutro: todos, bons e maus,
ressuscitarão, não ficarão num sono inconsciente; (4) em sentido próprio: em
corpo e alma, os justos ressuscitarão transfigurados na glória de Cristo, que é
o Espírito Santo, para estarem para sempre com o Senhor!
Como será a ressurreição? Leia 1Cor 15. Eis a nossa fé: imediatamente após
a morte compareceremos diante do Cristo Juiz Salvador. Leia Fl 1,20-24; 2Cor 5,10. Este estar diante do Cristo será
com a nossa dimensão espiritual, nossa alma e, no final dos tempos, no Dia da
Ressurreição, também com o nosso corpo. Trata-se de um só Juízo com dois
momentos. Leia com atenção 2Cor 4,17 – 5,10.
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica:
1051. Ao morrer: cada homem recebe, na sua alma
imortal, a sua retribuição eterna, num juízo particular feito por Cristo, Juiz
dos vivos e dos mortos.
1052. «Nós cremos que as almas de todos os que
morrem na graça de Cristo [...] constituem o povo de Deus no além da morte, a
qual será definitivamente destinada no dia da ressurreição, quando estas almas
forem reunidas aos seus corpos».
1053. «Nós cremos que a multidão dessas almas que
estão congregadas à volta de Jesus e de Maria, no paraíso, formam a Igreja
celeste onde, na eterna bem-aventurança, veem Deus como Ele é onde também,
certamente em graus e modos diversos, estão associadas aos santos anjos no governo
divino exercido por Cristo glorioso, intercedendo por nós e ajudando a nossa
fraqueza com a sua solicitude fraterna».
1054. Os que morrem na graça e amizade de Deus, mas
imperfeitamente purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois
da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar
na alegria de Deus.
1055. Em virtude da «comunhão dos santos», a Igreja
encomenda os defuntos à misericórdia de Deus e oferece em seu favor sufrágios,
em particular o santo Sacrifício eucarístico.
1056. Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja
adverte os fiéis da «triste e lamentável realidade da morte eterna», também
chamada «Inferno».
1057. A pena principal do Inferno consiste na
separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode encontrar a vida e a
felicidade para que foi criado e às quais aspira.
1058. A Igreja ora para que ninguém se perca:
«Senhor [...], não permitais que eu me separe de Vós». Sendo verdade que
ninguém se pode salvar a si mesmo, também é verdade que «Deus quer que todos se
salvem» (1Tm 2,4) e que a Ele «tudo é possível» (Mt 19,26).
1059. «A santa Igreja Romana crê e firmemente
confessa que, no dia do Juízo, todos os homens hão de comparecer com o seu
próprio corpo perante o tribunal de Cristo, para prestar contas dos seus
próprios atos».
1060. No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à
sua plenitude. Então, os justos reinarão com Cristo para sempre, glorificados
em corpo e alma; o próprio universo material será transformado. Deus será,
então, «tudo em todos» (1Cor 15,28), na vida eterna.
Dom Henrique
Soares da Costa
Bispo de
Palmares, PE
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