quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mandela, seus erros e as nossas pretensões


Oi Povo Católicoooooooo!!!!

Desde que Nelson Mandela morreu, vi trilhares de posts no Facebook, e em vários outros lugares, detonando a memória do cara e xingando ele de tudo o que é possível.  Alguns foram mais longe e detonaram nosso Papa Francisco, por ter lamentado publicamente a morte do líder sul-africano.  Falei tudo isso, mas este post não é sobre o Nelson Mandela.  Resolvi escrever um post sobre nós mesmos, nossa pretensão e nossa capacidade de julgamento.

Não, povo católico.  Não vou defender Nelson Mandela.  Na verdade, sei pouco de sua história pessoal.  O que vi em todo este episódio foram acusações de que ele teria matado centenas de pessoas em vários atentados dos braços armados revolucionários na África do Sul.  E isso é mesmo verdade… mas só começou depois que as forças armadas sul-africanas mataram quase 70 negros durante atos de resistência pacífica ao apartheid.  Isso talvez explique alguma coisa, mas concordo que não justifica.  Matar pessoas nunca é justificável.



Mas podemos apontar o dedo e avacalhar uma pessoa que estava lutando contra o fim de um dos mais duros regimes racistas da história?  Será que dava pra fazer de outro jeito?  Aliás… você consegue imaginar quão duro era o apartheid?  Confesso que eu não.  Eu, como muitos dos que xingavam muito no twitter e no Facebook, não tenho sofrimentos suficientes na vida pra entender como era a vida em um lugar em que pessoas que viviam com dignidade eram arrancadas de suas casas e jogadas em lugares sem um mínimo de dignidade para viver.  E não foram poucas.  Foram mais de 3,5 milhões.  E só por causa da cor.

Mas mesmo não tendo sentido nada parecido na pele, consigo imaginar o quanto estas pessoas deviam estar revoltadas.  O quanto deve doer na dignidade de um ser humano, ser proibido de viver em 90% de seu próprio país, por ser uma “raça” indesejada.  Tão indesejada, que qualquer tipo de relação sexual entre negros e brancos era considerado crime! Formar família, nem pensar!

Nós, católicos, vivemos reclamando de como somos execrados publicamente.  Mas eu garanto que, por pior que sejam as perseguições que sofremos hoje em dia, na frente do apartheid, vivemos no paraíso.

Diante disso, só posso valorizar quem lutou contra isso e desejar que a luta pela igualdade e pelo fim de qualquer discriminação seja levado adiante.  Por isso, entendo muito bem quando Papa Francisco diz:

“Louvo o firme compromisso demonstrado por Nelson Mandela ao promover a dignidade humana de todos os cidadãos da nação e forjar uma nova África do Sul, construída sobre os alicerces firmes da não-violência, da reconciliação e da verdade.”
Mensagem de Papa Francisco ao Presidente de África do Sul

E aí, eu não entendo é quem resolve apontar o dedo para o sucessor de Pedro e acusá-lo de estar “cometendo um grave erro”.  Qual “grave erro”?  O de louvar a promoção da dignidade humana?  O de louvar os acertos de um homem que levaram à paz e ao fim do sofrimento a milhares de pessoas?

O que queríamos?  Que Papa Francisco enumerasse uma lista de erros do passado de Nelson Mandela e dissesse “vai tarde”?  E o que faria com as boas obras?  Ignoraria?  Um mundo de miséria e violência só pode gerar homens de coração duro.  Mandela foi definitivamente um deles.  Mas lutou pelo que era justo e tirou milhares de pessoas da desgraça.

Ok.  Eu sei que ele, durante seu governo, foi a favor do aborto e pesam sobre ele, diversas acusações.  Mas o que esperar de um homem forjado em meio a tanto sofrimento? O que esperar de alguém que via a religião como meio de dominação?  Que não teve o privilégio que tivemos, de conhecer e experimentar o verdadeiro Cristianismo?

Tenho certeza de que ele errou.  Tenho certeza de que ele acertou.  O que tem mais peso, só Deus vai poder julgar.  Quem sou eu para achar que sei a resposta? Quem sou eu pra me achar melhor?


Povo católico, vamos passar adiante a mensagem de que todos temos dignidade infinita porque somos filhos do Senhor.  Deixemos Mandela descansar em paz, rezemos por sua alma e confiemos na justiça de Deus.


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Fonte: O Catequista

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