Em Lc 16, 1 – 13 o Senhor convida-nos a uma reflexão sobre o uso correto das riquezas: “Não podes servir a Deus e ao dinheiro”. Os cristãos são chamados a investir com sabedoria os bens materiais para adquirirem um tesouro nos céus. Somos chamados a refletir sobre os perigos de um excessivo apego ao dinheiro, aos bens materiais e a tudo o que nos impede de viver em plenitude a nossa vocação para amar Deus e os irmãos. Hoje, a parábola provoca em nós uma certa admiração, pois fala de um administrador desonesto que é elogiado. Como sempre o Senhor inspira-se em acontecimentos da vida quotidiana: narra sobre um administrador que está para ser despedido pela desonesta gestão dos negócios do seu patrão e, para garantir o seu futuro, procura, com astúcia, pôr-se de acordo com os devedores. É sem dúvida um desonesto, mas astuto: o Evangelho não nos apresenta o administrador desonesto como modelo para seguir na sua desonestidade, mas como um exemplo a ser imitado pela sua habilidade previdente. De fato, a breve parábola concluiu-se com estas palavras: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza” (Lc 16, 8).
Quem não tem esperança, coloca seu apoio sobre os bens materiais. Na virtude da esperança, as pessoas são chamadas a viverem como senhores e senhoras da criação, sem se deixarem escravizar por ela. Por uma inversão de valores, as pessoas caem na tentação de substituir a Deus, que é o Sumo Bem, pelos bens passageiros.
O Senhor, nessa parábola, mostra que o administrador começou a refletir sobre o que o esperava: “Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração” (Lc 16, 3 – 4). Chamou os devedores do seu patrão e fez com eles um acordo que os favorecia…
O dono teve notícia do que o administrador tinha feito e louvou-o pela sua astúcia. E Jesus, talvez com um pouco de tristeza, acrescentou: “os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. O Senhor não louva a imoralidade desse homem que, no pouco tempo que lhe restava, preparou uns amigos que depois o recebessem e ajudassem. “Por que o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho –. Não porque aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi prevenido em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação”; louvou-lhe o empenho, a decisão, a astúcia, a capacidade de sobrepor-se e resolver uma situação difícil, sem deixar-se levar pelo desânimo.
Podemos observar, com frequência, como é grande o esforço e os inúmeros sacrifícios que muitas pessoas fazem para conseguir mais dinheiro, para subir na escala social…
E nós, cristãos, devemos pôr ao menos esse mesmo empenho em servir a Deus, multiplicando os meios humanos para fazê-los render em favor dos mais necessitados. O interesse que os outros têm nos seus afazeres terrenos, devemos nós tê-lo em ganhar o Céu, em lutar contra o que nos separa de Cristo.
Ao escutar o Evangelho de hoje, pode-se perguntar: e “porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz” (Lc 16,8) se o Senhor nos mandou ser “prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16)? Ao citar essa passagem, outra pergunta se impõe à nossa consideração: por que as serpentes servem como modelo de prudência? Quiçá porque, como se diz, elas não se expõem para atacar. Já no livro do Gênesis se dizia que “a serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado” (Gn 3,1). Neste capítulo também se pode ver a maneira espertalhona que a serpente, símbolo do diabo nesse caso, teve para levar os nossos primeiros pais ao pecado que nos trouxe a ruína espiritual.
Mas, cuidado, prudência e astúcia são duas realidades distintas, ainda que, à primeira vista, poderíamos confundi-las. A astúcia, na verdade, é uma falsa prudência, porque está penetrada de simulação e interesse. A prudência, ao contrário, é uma virtude que – segundo a maneira de pensar de Santo Tomás de Aquino – nos dá uma visão clara das coisas, fazendo com que valorizemos mais a verdade que nelas há que as nossas tendências apetitivas. Um exemplo das mais variadas manifestações da virtude da prudência é – como dizia um santo – não expor-se como católico quando está de moda ser católico e, ao contrário, manifestar-se católico quando todos se acovardam. Pensemos, por um momento, em qual dessas duas situações nos encontramos.
O uso do dinheiro exige uma grande honestidade, tanto nos negócios mais importantes, como nos mais insignificantes, porque “quem é fiel no pouco é também fiel no muito” (Lc 16, 10).
Quem não tem esperança, coloca seu apoio sobre os bens materiais. Na virtude da esperança, as pessoas são chamadas a viverem como senhores e senhoras da criação, sem se deixarem escravizar por ela. Por uma inversão de valores, as pessoas caem na tentação de substituir a Deus, que é o Sumo Bem, pelos bens passageiros.
O Senhor, nessa parábola, mostra que o administrador começou a refletir sobre o que o esperava: “Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração” (Lc 16, 3 – 4). Chamou os devedores do seu patrão e fez com eles um acordo que os favorecia…
O dono teve notícia do que o administrador tinha feito e louvou-o pela sua astúcia. E Jesus, talvez com um pouco de tristeza, acrescentou: “os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. O Senhor não louva a imoralidade desse homem que, no pouco tempo que lhe restava, preparou uns amigos que depois o recebessem e ajudassem. “Por que o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho –. Não porque aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi prevenido em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação”; louvou-lhe o empenho, a decisão, a astúcia, a capacidade de sobrepor-se e resolver uma situação difícil, sem deixar-se levar pelo desânimo.
Podemos observar, com frequência, como é grande o esforço e os inúmeros sacrifícios que muitas pessoas fazem para conseguir mais dinheiro, para subir na escala social…
E nós, cristãos, devemos pôr ao menos esse mesmo empenho em servir a Deus, multiplicando os meios humanos para fazê-los render em favor dos mais necessitados. O interesse que os outros têm nos seus afazeres terrenos, devemos nós tê-lo em ganhar o Céu, em lutar contra o que nos separa de Cristo.
Ao escutar o Evangelho de hoje, pode-se perguntar: e “porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz” (Lc 16,8) se o Senhor nos mandou ser “prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16)? Ao citar essa passagem, outra pergunta se impõe à nossa consideração: por que as serpentes servem como modelo de prudência? Quiçá porque, como se diz, elas não se expõem para atacar. Já no livro do Gênesis se dizia que “a serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado” (Gn 3,1). Neste capítulo também se pode ver a maneira espertalhona que a serpente, símbolo do diabo nesse caso, teve para levar os nossos primeiros pais ao pecado que nos trouxe a ruína espiritual.
Mas, cuidado, prudência e astúcia são duas realidades distintas, ainda que, à primeira vista, poderíamos confundi-las. A astúcia, na verdade, é uma falsa prudência, porque está penetrada de simulação e interesse. A prudência, ao contrário, é uma virtude que – segundo a maneira de pensar de Santo Tomás de Aquino – nos dá uma visão clara das coisas, fazendo com que valorizemos mais a verdade que nelas há que as nossas tendências apetitivas. Um exemplo das mais variadas manifestações da virtude da prudência é – como dizia um santo – não expor-se como católico quando está de moda ser católico e, ao contrário, manifestar-se católico quando todos se acovardam. Pensemos, por um momento, em qual dessas duas situações nos encontramos.
O uso do dinheiro exige uma grande honestidade, tanto nos negócios mais importantes, como nos mais insignificantes, porque “quem é fiel no pouco é também fiel no muito” (Lc 16, 10).
Comentário dos textos bíblicos
Leituras: Am 8,4-7; Sl 112; 1Tm 2,1-8; Lc 16,1-13
Caríssimos irmãos e irmãs, no Evangelho deste
domingo Jesus nos conta uma parábola que provoca em nós uma certa admiração
porque fala de um administrador desonesto que é elogiado (v. 8). O texto nos
fala de um homem rico, que tinha um administrador acusado de ser desonesto,
porque dissipava os bens de seu patrão. Por isso, o patrão planeja a sua
demissão, mas, antes de deixar o emprego o administrador teve que prestar
contas de sua gestão. Assustado e despreparado para outro tipo de trabalho,
tratou de fazer amigos para garantir o seu futuro.
O administrador entendeu que, no futuro, mais
do que de dinheiro, precisaria de amigos. Ele avalia a situação em que se
encontra e sabe que antes de deixar a administração, ele deve fechar as contas
com o seu patrão. Ele tem consciência que são muitos os devedores e, por isso,
começa a refletir: “O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para
cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer
para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’.
Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao
primeiro: “Quanto deves ao meu patrão?’ Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O
administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve
cinquenta!”(v. 6).
Esta dívida correspondia a 3.650 litros, ficou
reduzida a 1.825 litros de óleo. Trata-se de uma economia bem expressiva,
correspondente a um ano de salário. A pergunta, em seguida, vem para o segundo
devedor: “‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O
administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’” (v.7). Estas cem
medidas de trigo correspondem a 27 toneladas, equivalentes a 42 hectares de
terra. A dívida fica reduzida a oitenta medidas, ou seja, 5,5 toneladas a
menos.
Na parábola, pode-se perceber que o patrão é
taxativo ao dizer ao administrador: “Já não podes mais administrar meus bens”
(v.2). Ao receber esta informação, o administrador não esboça nem mesmo uma
autodefesa. Ele parece estar consciente das suas falhas e sabe perfeitamente
que as informações recebidas pelo patrão são verdadeiras e logo pensa em
soluções para garantir a sua sobrevivência de forma tranquila. O texto
apresenta um elogio do patrão ao administrador pela sua esperteza (v.8),
entretanto, o patrão não voltou atrás em sua decisão de despedir o
administrador infiel.
Como homem de negócios ele calcula e busca
saídas para a emergência dentro do sistema econômico que conhece. Ele age com
interesse e busca cúmplices, pois os devedores de seu patrão passam a ser
devedores de seus favores. Estes devedores passam a dever muito menos ao
empresário e se sentem na obrigação de reconhecer a ajuda daquele
administrador.
Certamente, no futuro, estes devedores não
esquecerão que foram favorecidos pela generosidade do administrador. Para
melhor compreender esta parábola, faz-se necessário um retorno histórico. No
tempo de Jesus não havia na Palestina uma remuneração salarial aos
administradores, eles recebiam uma porcentagem, em conformidade com os negócios
realizados. Os administradores de então, como os publicanos ou cobradores de
impostos, não costumavam ter um salário fixo, mas uma comissão de acordo com as
transações comerciais que conseguissem. Na parábola, o administrador não reduz
o valor que o seu patrão tinha estipulado. O desconto que oferece aos devedores
é o resultado da não cobrança da sua parte, ou seja, da sua comissão. Ele
oferece esta parte em troca da amizade dos devedores, pois, na sua reflexão,
muito mais importante que ter dinheiro é ter amigos.
Um empresário não poderia ficar indiferente
diante de um prejuízo de 1.825 litros de óleo e 5,5 toneladas de trigo. Este
patrão louva o seu antigo administrador, que não o havia prejudicado nessa
operação. Por isto, tudo indica que o administrador renunciou ao que estava
acostumado a lucrar com as comissões sobre os negócios. Ele renuncia à sua
comissão, ao seu próprio ganho, ao dinheiro que lhe era devido, com o objetivo
de conquistar amigos.
A mensagem da parábola está no fato de que, a
única maneira de fazer frutificar para a eternidade os nossos talentos e
capacidades pessoais, assim como as riquezas que possuímos, é partilhá-las com
os irmãos, sendo bons administradores daquilo que Deus nos confia. Uma outra
grande lição que deve ficar dessa parábola é a de fazer um bom uso do dinheiro
em vista da eternidade. No final da parábola, Jesus aponta outro caminho:
investir o dinheiro e os bens que temos, poucos ou muitos, em criar amigos nas
moradas eternas do Reino, pois serão eles que nos acolherão na vida eterna.
A parábola não apresenta o administrador como
modelo a ser seguido, evidentemente que Jesus não está convidando a imitar a
sua desonestidade, mas a sua habilidade, sua esperteza. Como de fato, esta
breve parábola conclui-se com estas palavras: “O senhor elogiou o administrador
desonesto por ter procedido prudentemente” (Lc 16,8). O dinheiro em si não é
desonesto, mas pode fechar o homem a um egoísmo cego. Em vez de usá-lo em
benefício próprio, é preciso pensar também nas necessidades dos outros,
imitando o próprio Cristo, como nos diz São Paulo, que “sendo rico se fez pobre
por nós, a fim de nos enriquecer pela pobreza” (2Cor 8,9).
Esse administrador teria todos os motivos para
não dar nenhum desconto àqueles que deviam para o seu patrão, pois ele
precisaria desse valor logo depois, tendo em vista que seria demitido. Mas ele
vê que na vida, os bens materiais ficam, perecem, são realidades terrenas. Os
relacionamentos, com Deus e com os irmãos, ao contrário, permanecem. Também nós
devemos ter consciência de que mais importante do que os bens materiais são os
relacionamentos que fazemos com os irmãos e com Deus.
A parábola do administrador infiel é uma
imagem da vida do homem. Tudo o que temos é dom de Deus, e nós somos os seus
administradores, mais tarde ou mais cedo também teremos de prestar contas a
Ele. Trata-se, pois, de um apelo ao esforço e à vigilância tendo em vista o
último dia, quando se haverá de dizer a cada um: “Presta contas da tua
administração!” (Lc 16,2). O uso do dinheiro exige uma grande honestidade,
tanto nos negócios mais importantes, como nos mais insignificantes, porque
“quem é fiel no pouco é também fiel no muito” (Lc 16,10). Hoje, como ontem, a vida
do cristão exige a coragem de ir contra a corrente, de imitar sempre o Cristo,
que também nos ensinou a não servir a Deus e ao dinheiro (cf. Lc 16,13).
Peçamos a Virgem Maria que interceda sempre
por nós e nos faça usar com sabedoria evangélica, isto é, com solidariedade
generosa, os bens terrenos e que possamos sempre ter consciência que Deus é o
nosso único Bem. E que ele mesmo nos faça desapegar dos bens terrenos, para
desejarmos apenas os bens eternos, pois só eles não levarão à verdadeira felicidade.
Assim seja.
PARA REFLETIR
O sentido do Evangelho de hoje encontra-se
numa constatação e num conselho de Jesus. Primeiro, a constatação: “Os filhos
deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz”. Depois, o
conselho, que, na verdade, é uma exortação: “Usai o dinheiro injusto para fazer
amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”. Que
significam estas palavras?
A constatação de Jesus é tristemente real: os
pecadores são mais espertos e mais dispostos para o mal, que os cristãos para o
bem. Pecadores entusiasmados com o pecado, apóstolos do pecado, divulgadores do
pecado… Cristãos sem entusiasmo pelo Evangelho, sem ânimo para a virtude, sem
criatividade para crescer no caminho de Deus! Pecadores motivados, cristãos
cansados e preguiçosos! Que vergonha! Hoje, como ontem, a constatação de Jesus
é verdadeira. Olhemo-nos, olhemos uns para os outros, olhemos para esta
Comunidade que, dominicalmente, se reúne para escutar a Palavra e nutrir-se do
Corpo do Senhor… Somos dignos da Eucaristia? Sê-lo-emos se nos tornamos
testemunhas entusiasmadas e convictas daquele que aqui escutamos, daquele por
quem aqui somos alimentados!
Da constatação triste do Senhor, brota sua
exortação grave: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando
acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”. Palavras estranhas; à primeira
vista, escandalosas… Que significam? Jesus chama o dinheiro de “injusto”. Isto
porque o dinheiro, a riqueza, os bens materiais e os bens da inteligência, do
sucesso, da fama, ainda que adquiridos com honestidade, são sempre traiçoeiros,
sempre perigosos, sempre na iminência de escravizar nosso coração e nos fazer
seus prisioneiros. Dinheiro injusto porque sempre nos tenta à injustiça de
dar-lhe a honra que é devida somente a Deus e de buscar nele a segurança que
somente o Senhor nos pode garantir. Por isso, Jesus chama os bens deste mundo
de “dinheiro injusto”… Sempre injusto, porque sempre traiçoeiro, sempre
traiçoeiro, porque sempre sedutor! Constantemente corremos o risco de nos
embebedar com ele, fazendo dele o fim de nossa existência, nossa segurança e
nosso deus… Mas, os bens materiais, em geral, e o dinheiro, em particular, não
são maus de modo absolutos… Eles podem ser usados para o bem. Por isso Jesus
nos exorta a fazer amigos com eles… Fazemos amigos com nossos bens materiais ou
espirituais quando os colocamos não somente ao nosso serviço, mas também ao
serviço do crescimento dos irmãos, sobretudo dos mais necessitados. Aí, o
dinheiro se torna motivo de libertação, de alegria e de vida para os outros…
Aí, então, tornamo-nos amigos dos pobres, que nos receberão de braços abertos
na Casa do Pai! Bendito dinheiro, quando nos faz amigos dos pobres e, por meio
deles, amigos de Deus! Que o digam os cristãos que foram ricos e se fizeram
amigos de Deus porque foram amigos dos pobres! Que o digam Santa Brígida da
Suécia, Santo Henrique da Baviera, São Luís de França, os Santos Isabel e
Estevão, reis da Hungria, Santa Isabel de Portugal… e tantos outros, que
souberam colocar seus bens a serviço de Deus e dos irmãos! Uma coisa é certa: é
impossível ser amigo de Deus não sendo amigo dos pobres. Sobre isso o Senhor
nos adverte duramente na primeira leitura: ai dos que celebram as festas
religiosas dos sábados e das luas novas em honra do Senhor com o pensamento de,
no dia seguinte, roubar, explorar o pobre e pisar o fraco! Maldita prática
religiosa, esta! A queixa do Senhor é profunda, sua sentença é terrível.
Ouçamos o que ele diz, e tremamos: “Por causa da soberba de Jacó, o Senhor
jurou: ‘Nunca mais esquecerei o que eles fizeram!’” A verdade é que não podemos
usar nossos bens como se Deus não existisse e não nos mostrasse os irmãos
necessitados, como também não podemos adorar a Deus como se não tivéssemos
dinheiro e outros bens materiais ou da inteligência, bens que devem ser
colocados debaixo do senhorio de Cristo! Não se pode separar nossa relação com
Deus do modo como usamos os nossos bens! Ou as duas vão juntas, ou a nossa religião
é falsa! Por isso, perguntemo-nos hoje: como uso os bens materiais, como uso
meus talentos, como uso minha inteligência? Somente para mim? Ou sei colocar-me
a serviço, fazendo de minha vida uma partilha, tornando outros felizes e o nome
de Deus honrado?
Os bens deste mundo são pouco, em relação com
os bens eternos que o Senhor nos promete para sempre. Pois bem, escutemos o que
diz o nosso Salvador: “Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas
grandes. Se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o
verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo
que é vosso?” Em outras palavras, para que ninguém tenha a desculpa de dizer
que não compreendeu o que o Senhor quis dizer: Quem é fiel nas coisas pequenas
deste mundo, será fiel nas coisas grandes que o Pai dará no céu. Se vós não
sois fiéis no uso dos bens desta vida, como Deus vos confiará a vida eterna,
que é o verdadeiro bem? E se não sois fiéis nos bens que não são vossos para
sempre, como Deus vos confiará aquilo que é o verdadeiro bem, a vida eterna,
que será vossa para sempre?
Olhemos nós, que o modo de nos relacionarmos
com o dinheiro e demais bens diz muito do que nós somos, afinal o nosso tesouro
está onde está nosso coração! Dizei-me onde anda o vosso coração, o vosso
apego, a vossa preocupação, e eu vos direi qual é o tesouro da vossa vida!
Tristes de nós quando o nosso tesouro não for unicamente Deus! Tristes de nós
quando, por amor ao que passa, perdemos a Deus, o único Bem que não passa! Uma
coisa é certa: a advertência duríssima de Jesus: “Ninguém pode servir a dois
senhores. Vós não podereis servir a Deus e ao dinheiro!”
Que nos converta a misericórdia de Deus, que
sendo tão bom, “quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”.
A ele a glória para sempre. Amém.
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