O
ano de 2017, especialmente no findo mês de outubro, teve a
comemoração de importantes aniversários, uns de grata memória,
outros de triste recordação. Celebramos o tricentenário da
descoberta milagrosa da imagem de Nossa Senhora Aparecida e os cem
anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima. Também em 2017 fez
100 anos a implantação do comunismo na Rússia e 500 anos da
chamada reforma protestante, com Martinho Lutero pregando suas 95
teses contestatárias na porta da Igreja em Wittemberg.
O
Papa Pio XII resume assim as três revoluções dos tempos modernos,
concatenadas e consequentes uma da outra: “Cristo sim, a Igreja não
[a revolução protestante]. Depois: Deus sim, Cristo não [a
revolução francesa]. Finalmente o grito ímpio: Deus está morto,
ou mesmo: Deus nunca existiu [a revolução comunista]” (Discurso
de 12/10/1952).
Em 2012, já preparando essa efeméride, declarara o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que a Igreja Católica não poderia comemorar os 500 anos da ‘Reforma’, porque “não podemos celebrar um pecado”. Sim, a Igreja não celebra a divisão, mas, recordando esse aniversário, procura vias para restaurar a unidade. É o que o Papa Francisco, indo além do conflito, em direção à comunhão, tem procurado fazer, na linha já começada pelos Papas São João Paulo II e Bento XVI.
E
a verdadeira reforma, talvez vislumbrada por Lutero, não a
pseudo-reforma entendida e perpetrada por ele, foi realizada, no
mesmo século XVI, pelo Concílio de Trento e pelos santos
contemporâneos do monge alemão, como Santa Teresa de Jesus e São
João da Cruz, São Filipe Nery e, sobretudo, Santo Inácio de Loyola
com a Companhia de Jesus, concretizando assim o que dizia São João
Paulo II: “A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos!”
Os Santos, reformando a si mesmos, foram os verdadeiros reformadores
do mundo e da Igreja.
Dom
Fernando Arêas Rifan,
bispo
administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São
João Maria Vianney.
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