Através de sua conta oficial no Twitter, o
ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, condenado a 8 anos e 10
meses de prisão na operação Lava-Jato e que recorre em liberdade da sentença,
visitará o Papa Francisco no Vaticano em uma audiência privada que deverá
ocorrer no dia 12 de fevereiro.
“Vou visitar o Papa Francisco para agradecer
não só pela solidariedade que teve comigo em um momento difícil, mas sobretudo
pela dedicação dele ao povo oprimido. Também quero debater a experiência
brasileira no combate à miséria”, afirma o tweet de Lula.
Segundo o portal de notícias português O
Observador, o encontro teria sido mediado pelo presidente argentino Alberto
Fernández, que visitou o Pontífice há pouco.
“O Lula pediu-me para ver o Papa. E eu pedi se
ele podia receber o Lula. E ele me disse que claro e que (o Lula) lhe escrevesse
porque ele, com todo prazer, o receberá", afirmou o presidente argentino
em declarações recolhidas pelo O Observador.
A notícia da visita de Lula da Silva ao
Vaticano gerou polêmica no Brasil, já que devido à data da viagem, o
ex-presidente teria que faltar a uma audiência pública em um processo no qual é
acusado de corrupção passiva pela suposta venda da Medida Provisória (MP) 471,
de 2009. Esta teria favorecido com incentivos fiscais algumas montadoras de
veículos no Brasil, o que é considerado crime no Código Penal do país. O
Processo corre na 10ª Vara Criminal Federal de Brasília e os advogados de Lula
solicitaram formalmente ao juiz Vallisney de Oliveira que a audiência seja
postergada.
Os advogados de Lula argumentaram que,
“conforme se procedeu durante todo o tramitar do feito, o peticionário declara
que não deixará de comparecer a nenhum ato judicial para o qual a sua presença
seja obrigatória”.
Segundo indica a colunista Bela Megale, em seu
blog no site de O Globo, “a assessoria da 10ª Vara Federal de Brasília afirmou
que está verificando uma nova data para Lula ser ouvido no âmbito da operação
Zelotes ainda neste mês”.
Lula e o Papa Francisco
Lula já recebeu comunicações do Pontífice em
mais de uma ocasião durante os 19 meses em que esteve preso em Curitiba.
No dia 3 de maio de 2019, Lula recebeu uma
carta em resposta a uma missiva sua enviada ao Papa Francisco no 29 de março,
na qual o ex-presidente do Brasil agradecia ao Santo Padre por sua “contribuição
para a defesa dos direitos dos mais pobres e desfavorecidos dessa nobre nação”.
Além disso, Francisco diz que na missiva
recebida, Lula lhe “confidenciava seu estado de ânimo e comunicava a sua
avaliação sobre o atual contexto sócio-político brasileiro”.
O texto segue com menção à mensagem para o 52º
Dia Mundial da Paz, na qual o Papa lembra ter assinalado que “a
responsabilidade política constitui um desafio permanente para todos aqueles
que recebem o mandato de servir a seu país, de proteger as pessoas que habitam
nele e de trabalhar para criar as condições de um futuro digno e justo”.
“Tal como meus Antecessores, estou convencido
de que a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for
implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das
pessoas”, acrescenta.
Tendo sido redigida durante o Tempo Pascal, a
carta assinala ainda que “nestes dias, estamos celebrando a Ressurreição do
Senhor”. Nesse sentido, recorda que “o triunfo de Jesus Cristo sobre a morte é
a esperança da humanidade”.
“A sua Páscoa, sua passagem da morte à vida, é
também a nossa páscoa: graças a Ele, podemos passar da escuridão para a Luz;
das escravidões deste mundo para a liberdade da Terra prometida; do pecado que
nos separa de Deus e dos irmãos para a amizade que nos une a Ele; da
incredulidade e do desespero para a alegria serena e profunda de quem acredita
que, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação
vencerá a condenação”, diz o texto do Papa a Lula.
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ACI Digital
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