O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
viajou para o Vaticano acompanhado por dois de seus advogados: Cristiano Zanin
e Manoel Caetano e deve se encontrar com o papa Francisco nesta quinta-feira
(13). Lula embarcou para Roma, na Itália, na última terça-feira (11) – é a
primeira viagem internacional de Lula após deixar a prisão, em novembro.
No Twitter, o ex-presidente disse querer
agradecer pessoalmente a solidariedade recebida do pontífice durante o período
em que esteve preso e pela dedicação do líder da Igreja Católica ao povo
oprimido. "Também quero debater a experiência brasileira no combate à
miséria”, escreveu.
A visita ao Vaticano, de fato, faz parte de
sua estratégia de defesa. Lula quer um depoimento do papa Francisco
absolvendo-o de seus crimes mas a visita do ex-presidente não consta na agenda
oficial do Santo Padre e é tratada com discrição pelo Vaticano, que a considera
uma audiência privada.
Em Roma para se encontrar com Papa Francisco,
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou as primeiras horas na
cidade para discutir com políticos da esquerda italiana a situação do Brasil
sob o governo de Jair Bolsonaro.
Acompanhado de seu ex-ministro Celso Amorim,
que comandou o Itamaraty nos seus oito anos de governo (2003-10), e de alguns
poucos assessores, Lula desembarcou na manhã desta quarta-feira em um voo
comercial. Ele e sua pequena comitiva estão hospedados num hotel a dois
quilômetros do Vaticano.
— Vim para ouvir — disse o ex-presidente sobre
o encontro com Francisco. Será a primeira vez que o brasileiro e o argentino
estarão juntos.
O encontro entre os dois foi intermediado pelo
presidente da Argentina, Alberto Fernández, que visitou o conterrâneo no
Vaticano no dia 31 de janeiro.
Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula e um
dos interlocutores do PT com a Igreja Católica (que não viajou a Roma por
questões pessoais), conta que o pedido foi prontamente atendido por Jorge Mario
Bergoglio.
— Foi tudo muito rápido. Na mesma hora que o
Alberto comentou, o papa pediu a seu secretário particular para marcar a
reunião — disse Carvalho, ressaltando a deferência do pontífice com o
brasileiro.
Gilberto Carvalho afirma que o papa estava
acompanhando toda a situação de Lula, lembrando das visitas de brasileiros ao
Vaticano para tratar da condenação do petista.
Segundo a Folha de S. Paulo, Lula também
aproveitará a audiência, que será reservada, para afirmar a Francisco que foi
vítima de lawfare, termo criado para indicar uma “perseguição política” travada
no Judiciário.
Em dezembro de 2018, Chico Buarque e a
namorada, a advogada Carol Proner, se encontraram com o líder católico na casa
de hóspedes de Santa Marta, onde Bergoglio vive e onde provavelmente receberá
Lula nesta quinta.
Na ocasião, Chico entregou a Francisco um
documento sobre o chamado “lawfare”, prática de manipulação do sistema jurídico
para fins políticos. O texto mencionava que “não é exagero reconhecer que o
‘lawfare’ se transforma em um dos maiores perigos para a democracia no mundo e
não apenas na América Latina”.
O ex-presidente já tinha recebido um terço
abençoado por Francisco, levado pelo advogado argentino Juan Gabrois, fundador
do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho
Justiça e Paz.
Em julho do ano passado, num vídeo
institucional divulgado pelo Vaticano, o pontífice argentino faz um alerta
sobre a atuação dos juízes e diz que eles “devem seguir o exemplo de Jesus, que
nunca negocia a verdade”. Francisco ainda pedia orações para que “todos aqueles
que administram a justiça operem com integridade”.
Dois meses antes, em maio de 2019, o papa
respondeu uma carta do ex-presidente brasileiro. Nela, Francisco faz uma
analogia à páscoa (época em que a missiva foi escrita) e diz que, “no final, o
bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a
condenação”. Ele ainda expressa “proximidade espiritual” a Lula em razão das
mortes da sua mulher, Marisa Letícia, de seu irmão Genivaldo e do neto Arthur –
as duas últimas ocorridas durante seu período na prisão – e pedia para ele “não
desanimar”.
Em abril de 2019, Lula escreveu a Francisco da
prisão agradecendo seu apoio ao povo brasileiro e à luta pela redução da
pobreza e das desigualdades sociais.
A visita ao Vaticano só foi possível porque a
10ª Vara Criminal Federal de Brasília adiou uma audiência da Operação Zelotes
em que Lula deveria depor. O petista é suspeito de vender medidas provisórias
(MPs) para beneficiar o setor automotivo.
A acusação é de corrupção passiva por
supostamente ter participado da venda da MP 471/2019, que prorroga os
incentivos fiscais para montadoras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Os advogados do petista argumentaram que
“conforme se procedeu durante todo o tramitar do feito, o peticionário [Lula]
declara que não deixará de comparecer a nenhum ato judicial para o qual sua
presença seja obrigatória”.
A audiência estava marcada para o dia 11 de
fevereiro. Lula deve voltar para o Brasil no sábado (15). O depoimento foi
remarcado para próxima quarta-feira (19).
Nesta quarta, o ex-presidente recebeu no hotel
o atual secretário-geral do Partido Democrático (um dos dois partidos que
governa a Itália), Nicola Zingaretti, e o ex-primeiro-ministro italiano Massimo
D’Alema, que havia visitado o petista na prisão em Curitiba em setembro de
2018.
Amanhã à noite, após o encontro privado com
Francisco, Lula será recebido na Confederação Geral dos Trabalhadores
Italianos, uma espécie de CUT local.
O ex-presidente deve retornar ao Brasil no sábado
(15). Segundo informou o Itamaraty, os diplomatas brasileiros baseados em Roma
não estão auxiliando Lula na viagem pois ela “não tem caráter oficial”.
O deputado Luiz Philippe de Orleans e
Bragança, enviou um ofício ao arcebispo Giovanni D’aniello, da Nunciatura
Apostólica em Brasília — a representação do Vaticano aqui –, cobrando
explicações sobre a visita que Lula fará ao Papa Francisco.
“Indago, respeitosamente, se Sua Santidade não
teme pela imagem da Santa Igreja ao apoiar abertamente notórios comunistas
brasileiros que, comprovadamente, cometeram graves crimes. Questiono, ainda,
quanto à legitimidade dessa visita e os efeitos negativos que poderão acarretar
ao povo e às instituições brasileiras”, escreveu Orleans e Bragança no
encerramento do ofício.
O arcebispo Giovanni é italiano e núncio
apostólico no Brasil desde 2012, nomeado pelo Papa Bento XVI. No decorrer do
texto, o deputado sugere que a Santa Sé tenha alguma dívida por algum benefício
alcançado no governo Lula, o popular rabo preso.
“Sem querer especular se há qualquer obrigação
que a Santa Sé tenha contraído com o condenado no passado, quando ocupava a
Presidência do Brasil, ao recebê-lo representará a impunidade e desrespeito às
instituições brasileiras. Essa é a prática reiterada pelo condenado e pela
organização criminosa que ele dirige. O partido (PT), assim como o condenado,
promovem ideologia socialista e objetivos comunistas abertamente há várias
décadas”.
Orleans e Bragança escreve ser público que a
Igreja Católica no Brasil apoia sistematicamente Lula e seus aliados nas
eleições.
“Fica a dúvida da missão da Igreja como braço
político militante de qualquer ideologia. Fica também a dúvida se houve mudança
nos valores tradicionalmente defendidos pela Igreja ou se esses foram
redefinidos lentamente pela ideologia comunista”.
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O Antagonista/ O Globo/ Gazeta do Povo/ Veja
O Santo Padre foi sumamente mal orientado por seus assessores. Causa grande indignação a imensa maioria do povo brasileiro esta visita. A igreja não deve partidarizar sua conduta.
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