Jesus vai a caminho de Jerusalém, acompanhado
pelos discípulos. Começara já a prepará-los para o acontecimento decisivo: a
sua rejeição por parte das autoridades religiosas, a condenação à morte pelos
romanos e a crucifixão, à qual se seguirá a ressurreição.
Para Pedro e para os outros que O seguiram, é
algo difícil de compreender, mas o Evangelho de Marcos acompanha-nos nesta
progressiva descoberta da missão de Jesus: realizar a salvação definitiva da
humanidade através da fragilidade do sofrimento.
Durante o percurso, Jesus encontra muitas
pessoas e torna-se próximo de cada uma nas suas tribulações. Agora vemo-Lo a
atender ao pedido de ajuda de um pai, para que lhe cure o seu filho numa
situação muito difícil. Provavelmente era epilético.
Para que o milagre se realize, Jesus, por seu
lado, requer algo deste pai: ter fé.
O pai do jovem disse em altos brados: «Eu creio! Ajuda a minha pouca
fé!»
A resposta do pai, pronunciada em voz alta
perante a multidão reunida em redor de Jesus, é aparentemente contraditória.
Este homem experimenta – como muitas vezes também nos acontece – a fragilidade
da fé, a incapacidade de confiar plenamente no amor de Deus e no Seu projeto de
felicidade sobre cada um dos Seus filhos.
Por outro lado, Deus confia no homem e nada
faz sem o seu contributo, sem a sua livre adesão. Ele pede a nossa parte, ainda
que pequena: reconhecer a Sua voz na consciência, confiar n’Ele e pormo-nos
também nós a amar.
O pai do jovem disse em altos brados: «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»
Boa parte da cultura em que estamos inseridos
exalta a agressividade em todas as suas formas, como principal recurso para
atingir o sucesso.
O Evangelho, por seu lado, propõe-nos um
paradoxo: reconhecer a nossa fraqueza, os nossos limites e fragilidades, como
ponto de partida para entrar em relação com Deus e participar com Ele na maior
das conquistas: a fraternidade universal.
Jesus, com toda a sua vida, ensinou-nos a
lógica do serviço, a escolha do último lugar. Esta é a atitude adequada para
transformar a aparente derrota numa vitória, não egoísta e efémera, mas
partilhada e duradoira.
O pai do jovem disse em altos brados: «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»
A fé é um dom que podemos e devemos pedir com
perseverança, para colaborar com Deus em abrir caminhos de esperança para
muitos.
Chiara Lubich escreveu: «Acreditar é sentir-se
olhado e amado por Deus, é saber que cada nossa oração, cada palavra, cada
ação, cada acontecimento triste, alegre ou indiferente, cada doença… tudo,
tudo, tudo […] está sob o olhar de Deus. Então, como Deus é Amor, a total
confiança n’Ele vem como consequência lógica. Podemos, por isso, ter aquela
intimidade que nos leva a falar muitas vezes com Ele, para Lhe expor os nossos
problemas, os nossos propósitos, os nossos projetos. Cada um de nós pode
abandonar-se ao seu amor, na certeza de ser compreendido, confortado, ajudado.
[…]
Como viver esta Palavra de Vida e crescer na
fé? Antes de mais, rezando […]. “Senhor – podemos pedir-lhe – faz-me permanecer
no teu amor. Faz com que nunca viva nem sequer um instante sem sentir, sem
reconhecer, sem saber pela fé, ou também pela experiência, que Tu me amas, que
Tu nos amas”. E também amando. À força de amar, a nossa fé tornar-se-á
cristalina e profundamente sólida. Não só acreditaremos no amor de Deus, mas
também o sentiremos de maneira tangível no nosso espírito, e veremos acontecer
“milagres” à nossa volta».
Letizia Magri
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1) A Palavra de Deus que propomos para este
mês é a que um grupo de cristãos de várias igrejas da Alemanha escolheu viver
durante todo o ano. C. Lubich, Palavra
de Vida de outubro 2004, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara
Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 732-734.
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Movimento dos Focolares
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