Há 26 anos a velha cidade de Petrolândia, no Sertão
de Pernambuco, foi inundada para a construção da Usina Hidrelétrica Luiz
Gonzaga. Após a inundação, apenas o topo da Igreja do Sagrado Coração de Jesus
ficou visível. Hoje, por conta da estiagem, o volume do Lago de Itaparica
reduziu e praticamente metade da estrutura do templo pode ser visualizada. As
algarobas ao redor da construção também podem ser vistas, bem como uma caixa
d'água de uma escola da velha cidade. A Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco (Chesf) informa que o volume útil da barragem atualmente é de
aproximadamente 16%. No último período chuvoso, o armazenamento máximo do
reservatório de Itaparica foi de 44,3%.
A situação prejudica as principais atividades
econômicas do lugar. A agricultura, baseada na fruticultura irrigada, registrou
uma baixa na produção. Dos aproximadamente 2.000 agricultores, praticamente
todos tem a terra mas não estão plantando mais nada. "As estações de
bombeamento dos perímetros irrigados já não conseguem captar a água suficiente
para atender a demanda dos plantios que existem. Isso já paralisou a produção
do município e apenas fruteiras que já estavam produzindo continuam a
produção", explica ao G1 o secretário municipal de Desenvolvimento
Econômico, Turismo e Pesca, Rogério Viana. Para a agricultora Joana Nogueira fica
a tristeza de não poder continuar o cultivo. "Tenho minha propriedade e
sou impedida de plantar no meu próprio lote porque não é garantido a
água", conta.
VEJA GALERIA DE FOTOS REGISTRADAS NO LAGO DE
ITAPARICA
Na piscicultura, os pescadores tiveram que se
adaptar ao novo nível da água. Segundo o secretário, 90% do que se produz de
peixe é em tanques, redes ou gaiolas que são colocadas dentro do lago. Esses
equipamentos são colocados em lugares pré-determinados pela Agência Nacional de
Águas (ANA). Porém, por causa da estiagem, eles precisam ser levados para
locais de maiores profundidades, que tenham mais oxigênio. Com isso, os custos
da produção são elevados e muitos peixes não se adaptam e morrem. "Antes
quando ela [barragem] tava cheia, nós pegava até uma tonelada de peixe aqui.
Por semana. E hoje em dia para você pegar 150 quilos dá trabalho para você
pescar. Nós pegamos 150 quilos agora, no período de uma semana", lamenta o
pescador Reginaldo Campos dos Santos. Tô pedindo a Deus que é para que o lago
encha de novo que é para nós pegar mais peixer de novo, né?", desabafa.
A prefeitura realiza algumas ações para minimizar
os efeitos da seca. "Temos disponibilizado equipamentos para abertura e
limpeza de canais de aproximação, para que os agriculutores irrigantes consigam
captar a água. Estamos articulando um grande encontro de instituições para
discutir a situação atual. Ver quais são as perspectivas de chuvas. E quanto
pretende-se baixar o nível do lago para que em cima disso possa ser feito um
planejamento. A gente trabalha também com a hipótese das chuvas serem
insuficientes e chegar ao caos, numa situação que a agricultura irrigada tenha
que parar", observa o o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico,
Turismo e Pesca. Já em relação à pesca, uma reunião está marcada com
representantes do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para definir ações.
As comunidades rurais também sofrem com a estiagem.
A agricultora Lucicleide Maria do Nascimento trabalha em uma produção agrícola
mas não cultiva nada em casa. Ainda assim, a família dela tenta controlar a
quantidade de água utilizada para consumo humano, pois a localidade costuma
ficar até três dias seguidos sem o líquido até para beber. "Tem que
economizar bastante para não faltar. Quando a água chega nós colocamos em uma
caixa d'água para ir usando", diz.
_____________________________________
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário