Radical propunha ambientalismo eco-fascista, anti-imperialismo e antissemitismo |
O autor do atentado
na Nova Zelândia – Brenton Tarrant – já é classificado, como de praxe,
pela grande mídia e pelos precoces analistas de esquerda como espécime exemplar
de direitista.
Contudo, para variar,
estão sendo desonestos.
Brenton estava vinculado
ao pensamento eurasiano-duguinista da Quarta Teoria Política (QTP). Assunto
exótico, excêntrico e onde impera a total ignorância dos analistas da grande
mídia. Leitores conservadores brasileiros puderam ter insights a respeito da linha
de pensamento a partir da leitura do debate entre Olavo de Carvalho e Alexander Dugin – ideológo de Vladimir Putin e importante
teórico da “QTP” que tem por objetivo aberto reunir o que há de “melhor” no
comunismo, no fascismo e no liberalismo. Foi um confronto emblemático acerca do
que creem conservadores ocidentais e do que creem os adeptos do “‘conservadorismo’
revolucionário” de Dugin, Brenton e companhia.
Tudo isso pode ser
observado no manifesto do sujeito, divulgado e analisado pelo site Politz,
do qual pinça-se importantes trechos aqui.
Como se pode
facilmente perceber, mesmo entre analistas de esquerda de calibre mais elevado,
há total desconhecimento sobre temas caríssimos para tipos como Brenton, como a
própria QTP, eurasianismo e duguinismo, além de paganismo e neopaganismo do
leste e norte europeu (muito importantes para esses grupos), arqueofuturismo,
eco-fascismo e outros. Porém, o desejo de politizar mais uma tragédia e de alimentar
a narrativa maniqueísta que identifica a mesma esquerda proponente do
terrorismo urbano (guerrilha) e simpática a grupos como Hamas e Hezbollah com o bem e
qualquer forma de direitismo com o mal prevalece.
Para surpresa de muitos
esquerdistas autoproclamados iluminados, eles devem por a cabeça no travesseiro
essa noite e refletir sobre a quantidade incrível de semelhanças entre essas
linhas de pensamento excêntricas, Brenton e eles próprios: ambientalismo
radical, anti-imperialismo (o eurasianismo, obviamente, é anti-Ocidental e
antiamericano), anticonservadorismo (sim, sim), antissemitismo e mais.
Num trecho de seu
manifesto, Brenton responde sobre seu antissemitismo (a esquerda precisa
decidir se a direita é antissemita ou sionista):
A declaração de
Brenton torna-o um antissemita moderado diante de outros terroristas como os
do Hamas ou Hezbollah, que contam com o
apoio de grande parte da esquerda em seu desejo da obliteração do Estado de
Israel.
Os próprios nazistas
flertaram com a ideia de confinar os judeus num Estado, sob a condição que
ficassem isolados, como alternativa à “Solução Final” (extermínio total do povo
judeu).
Sobre cristianismo (a
esquerda precisa decidir se a direita são os cristãos do Tea Party ou
neopagãos), Brenton provavelmente professava alguma forma de neopaganismo (como
são os próprios adeptos da hipótese Gaia, ou seja, que o planeta terra é uma
“deusa” digna de adoração, derivando daí seu eco-fascismo), pois o paganismo, especialmente
nórdico, estaria mais afinado a um etnoestado branco. Não se considerava
cristão:
Brenton, como qualquer conhecedor das
ideias do eurasianismo-QTP sabe, desprezava
o conservadorismo ocidental. Pois o consideram “corporativista”, degenerado e fraco,
além de demasiadamente vinculado ao Estado de Israel, ao capitalismo liberal e
ao cristianismo (todos, como atestado acima, desprezados pelo sujeito):
Dizia que, a depender das definições, poderia
ser classificado como direitista, como esquerdista e até como socialista, em
acordo com o que defendem os adeptos da Quarta Teoria e sua intenção de absover
as melhores partes das ideologicas concorrentes do século XX:
Tentar enquadrar o
terrorista nos termos tradicionais da ciência política ocidental seria um erro
se não fosse má intenção. Trata-se de tentativa, outra vez, de imputar a
conservadores ocidentais características que sequer são marginalmente
componentes do que creem.
A mídia oficial não fará
o serviço sujo de meter as caras no submundo dessas pessoas, mas é preciso que
alguém o faça. Não há combate correto a um mal sem diagnóstico adequado de sua
causa, empurrar pensamento exótico no colo de conservadores é exercício de
proselitismo político e dos mais baixos. A esquerda, mais uma vez, não aguarda
o sangue de vítimas de tragédia esfriar para emendar soneto ideológico.
Como última evidência da
maçaroca ideológica que era a cabeça de Tarrant, ainda que “eco-fascista e
ambientalista”, o suposto extremo-direitista não nutria admiração pela América,
mas pela poluente China!
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Senso Incomum/ Politz
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