terça-feira, 19 de março de 2019

Brenton Tarrant, terrorista do ataque à Nova Zelândia, não tinha nada de “direita”

Radical propunha ambientalismo eco-fascista, anti-imperialismo e antissemitismo

O autor do atentado na Nova Zelândia – Brenton Tarrant – já é classificado, como de praxe, pela grande mídia e pelos precoces analistas de esquerda como espécime exemplar de direitista.

Contudo, para variar, estão sendo desonestos.

Brenton estava vinculado ao pensamento eurasiano-duguinista da Quarta Teoria Política (QTP). Assunto exótico, excêntrico e onde impera a total ignorância dos analistas da grande mídia. Leitores conservadores brasileiros puderam ter insights a respeito da linha de pensamento a partir da leitura do debate entre Olavo de Carvalho e Alexander Dugin – ideológo de Vladimir Putin e importante teórico da “QTP” que tem por objetivo aberto reunir o que há de “melhor” no comunismo, no fascismo e no liberalismo. Foi um confronto emblemático acerca do que creem conservadores ocidentais e do que creem os adeptos do “‘conservadorismo’ revolucionário” de Dugin, Brenton e companhia.

Tudo isso pode ser observado no manifesto do sujeito, divulgado e analisado pelo site Politz, do qual pinça-se importantes trechos aqui.

Capa do manifesto. Seus eixos: anti-imperialismo, ambientalismo, mercados “responsáveis”, comunidades livres de vício, lei e ordem, autonomia étnica, proteção a herança e cultural e direitos dos trabalhadores.
 
Como se pode facilmente perceber, mesmo entre analistas de esquerda de calibre mais elevado, há total desconhecimento sobre temas caríssimos para tipos como Brenton, como a própria QTP, eurasianismo e duguinismo, além de paganismo e neopaganismo do leste e norte europeu (muito importantes para esses grupos), arqueofuturismo, eco-fascismo e outros. Porém, o desejo de politizar mais uma tragédia e de alimentar a narrativa maniqueísta que identifica a mesma esquerda proponente do terrorismo urbano (guerrilha) e simpática a grupos como Hamas e Hezbollah com o bem e qualquer forma de direitismo com o mal prevalece.

Para surpresa de muitos esquerdistas autoproclamados iluminados, eles devem por a cabeça no travesseiro essa noite e refletir sobre a quantidade incrível de semelhanças entre essas linhas de pensamento excêntricas, Brenton e eles próprios: ambientalismo radical, anti-imperialismo (o eurasianismo, obviamente, é anti-Ocidental e antiamericano), anticonservadorismo (sim, sim), antissemitismo e mais.

Num trecho de seu manifesto, Brenton responde sobre seu antissemitismo (a esquerda precisa decidir se a direita é antissemita ou sionista):

 
A declaração de Brenton torna-o um antissemita moderado diante de outros terroristas como os do Hamas ou Hezbollah, que contam com o apoio de grande parte da esquerda em seu desejo da obliteração do Estado de Israel.

Os próprios nazistas flertaram com a ideia de confinar os judeus num Estado, sob a condição que ficassem isolados, como alternativa à “Solução Final” (extermínio total do povo judeu).

Sobre cristianismo (a esquerda precisa decidir se a direita são os cristãos do Tea Party ou neopagãos), Brenton provavelmente professava alguma forma de neopaganismo (como são os próprios adeptos da hipótese Gaia, ou seja, que o planeta terra é uma “deusa” digna de adoração, derivando daí seu eco-fascismo), pois o paganismo, especialmente nórdico, estaria mais afinado a um etnoestado branco. Não se considerava cristão:

 
Brenton, como qualquer conhecedor das ideias do eurasianismo-QTP sabe, desprezava o conservadorismo ocidental. Pois o consideram “corporativista”, degenerado e fraco, além de demasiadamente vinculado ao Estado de Israel, ao capitalismo liberal e ao cristianismo (todos, como atestado acima, desprezados pelo sujeito):


Dizia que, a depender das definições, poderia ser classificado como direitista, como esquerdista e até como socialista, em acordo com o que defendem os adeptos da Quarta Teoria e sua intenção de absover as melhores partes das ideologicas concorrentes do século XX:

 
Tentar enquadrar o terrorista nos termos tradicionais da ciência política ocidental seria um erro se não fosse má intenção. Trata-se de tentativa, outra vez, de imputar a conservadores ocidentais características que sequer são marginalmente componentes do que creem.

A mídia oficial não fará o serviço sujo de meter as caras no submundo dessas pessoas, mas é preciso que alguém o faça. Não há combate correto a um mal sem diagnóstico adequado de sua causa, empurrar pensamento exótico no colo de conservadores é exercício de proselitismo político e dos mais baixos. A esquerda, mais uma vez, não aguarda o sangue de vítimas de tragédia esfriar para emendar soneto ideológico.

Como última evidência da maçaroca ideológica que era a cabeça de Tarrant, ainda que “eco-fascista e ambientalista”, o suposto extremo-direitista não nutria admiração pela América, mas pela poluente China!

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Senso Incomum/ Politz

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