terça-feira, 21 de abril de 2020

Arcebispo argentino propõe medidas para reabrir igrejas durante a pandemia de COVID-19



O presidente da Comissão de Fé e Cultura da Conferência Episcopal Argentina (CEA), Dom Víctor Fernández, propôs 13 medidas para reabrir as igrejas durante a pandemia de coronavírus para celebrar as Missas, reduzindo os riscos de contágio.

Em 21 de abril a quarentena estabelecida pelo Governo argentino para controlar o contágio de coronavírus fez um mês. Segundo a Universidade John Hopkins, na Argentina há 3.031 casos confirmados de COVID-19, com 145 falecidos.

Dom Fernández, também Arcebispo de La Plata, indicou que, embora a Igreja colabore concedendo o apoio material às pessoas mais afetadas pela pandemia, quando “pensamos em apoiar a vida interior dos fiéis e incentivar seu crescimento, encontramos a séria dificuldade de vê-los privados da Eucaristia durante muito tempo, prevendo também que essa situação possa se prolongar por vários meses”.

Em uma carta datada de 19 de abril, dirigida à Comissão Executiva da CEA, o Prelado destacou que isso representa um dilema, uma vez que o Concílio Vaticano II ensina que "não se constrói nenhuma comunidade cristã se esta não tem a sua raiz e centro na celebração da Sagrada Eucaristia”; e que “São João Paulo II destacava que a Missa ‘antes que um preceito deve ser sentida como uma exigência inscrita profundamente na existência cristã’”.

Dom Fernández, que indicou que a carta inclui sugestões de vários bispos, disse que é compreensível "que muitos fiéis exijam que procuremos alguma maneira de torná-la acessível". “Dizemos a eles que podem experimentar outras formas de oração, e o fazem, mas já dizia São João Crisóstomo: ‘Também podes rezar em tua casa; no entanto, não podes rezar da mesma forma que na Igreja, onde se reúnem os irmãos’”.

"Além disso, há as Missas transmitidas online e eles sabem bem que a comunhão espiritual tem valor, que Deus também derrama sua graça dessa maneira, mas o faz desde que seja o desejo de Cristo presente na Eucaristia", afirmou.

No entanto, recordou que o Papa Francisco "ensina que Deus                 ‘no auge do mistério da Encarnação, quis chegar a nossa intimidade através de um pedaço de matéria’. É bom que nossos fiéis tenham aprendido isso, e é por isso que não são indiferentes”, mas desejam “o alimento do amor que é a fonte da vida sobrenatural”.

"Não será fácil fundamentar que essa situação se prolongue por muito tempo, nem poderemos esperar simplesmente que a pandemia passe por completo”, expressou Dom Fernández.

"Sabemos que expor-se ao contágio é uma irresponsabilidade, sobretudo porque implica expor outros ao contágio e indiretamente pode favorecer uma situação de crise de saúde que não queremos ver em nosso país", indicou.

Por isso, para dar "uma mensagem clara ao nosso Povo de Deus, mostrando que estamos realmente preocupados e que estamos tentando dar um passo para resolver esta situação o mais rápido possível", sem deixar de acompanhar “a preocupação sanitária das autoridades", propôs uma série de medidas obrigatórias para celebrar a Missa, minimizando os riscos e que não seja caracterizada como um ato massivo.

Essas medidas obrigatórias são: 

1) Que haja uma distância de dois metros entre as pessoas, tanto para os lados como para trás e para frente. Isso exigirá a remoção ou cancelamento de metade dos bancos do templo.

2) Que não haja mais de duas pessoas por banco.

3) Uma vez que os bancos estejam cheios desta maneira, não poderá aceitar a entrada de mais pessoas.

4) Que nos templos, onde geralmente há um fluxo maior de pessoas, o número de missas seja multiplicado, para que os fiéis sejam distribuídos entre sábado e domingo em diversos horários. Dada a capilaridade e a proximidade dos templos, isso não afetará o transporte.

5) Que não se celebre Missa com fiéis nos santuários mais visitados, devido à dificuldade para estabelecer um controle deste tipo nestes locais. Nestes casos, poderiam ser convidados, a portas fechadas, os agentes pastorais que prestam serviço à comunidade.

6) Que na Missa não haja fila para receber a Comunhão, mas que os ministros se aproximem das pessoas localizadas nas extremidades dos bancos e coloquem a Eucaristia na palma se suas mãos.

7) Que cada ministro que distribua a comunhão lave as mãos antes e depois com sabão e coloque álcool gel.

8) Que se omita a saudação da paz e qualquer contato físico.

9) Que as Missas não durem mais de 40 minutos.

10) Que a saída do templo seja progressiva e que as saudações sejam evitadas.

11) Que as intenções da Missa não sejam anotadas no momento e que sejam recebidas apenas previamente por telefone, email, ou mensagens.

12) Que aqueles que, devido à sua idade, não podem comparecer, possam receber a comunhão em seus lares.

13) Que se mantenha transitoriamente a dispensa do preceito dominical, de forma que as pessoas que prefiram extremar os cuidados não se sintam obrigadas a assistir. De fato, antes de se declarar a quarentena, a quantidade de participantes da Missa já havia diminuído muito de modo espontâneo.

Em sua carta, Dom Fernández indicou que "se temos que prever os impactos econômicos, também é conveniente valorizar aquelas coisas que dão consolo e fortaleza às pessoas nos momentos duros”.
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Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital

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