O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal
Pietro Parolin, disse em 2 de abril que espera que as igrejas fechadas devido à
crise do coronavírus COVID-19 reabram o “mais breve possível”.
Em uma entrevista publicada em 2 de abril no
Vatican News, o Cardeal Parolin também disse que estava preocupado com as
notícias de católicos que morriam sem o sacramento da Unção dos Enfermos e
expressou sua preocupação com o impacto da doença nos países pobres.
“A suspensão das celebrações fez-se necessária
para evitar aglomerações. Mas em quase todas as cidades as igrejas permanecem
abertas e eu espero que sejam reabertas o mais breve possível aquelas que foram
fechadas: ali está a presença de Jesus Eucaristia, os sacerdotes continuam a
rezar e celebrar a Santa Missa pelos fiéis impossibilitados de ali participar.
É belo pensar que a porta da casa de Deus permanece aberta, como estão abertas
as portas de nossas casas, ainda que somos fortemente convidados a não sair, a
não ser por motivos de força maior”, disse o Purpurado.
Da mesma forma, reconheceu o sofrimento dos
católicos que atualmente estão privados dos sacramentos por cumprir a
quarentena. "Compartilho sua dor, mas ao mesmo tempo gostaria de recordar,
por exemplo, da possibilidade da comunhão espiritual", expressou.
“O Papa Francisco, ademais, por meio da
Penitenciária Apostólica, concedeu o dom de especiais indulgências aos fiéis,
não somente aos afetados pelo Covid-19, mas também aos profissionais de saúde,
aos familiares e a todos aqueles que, de diversas maneiras, também com a
oração, cuidam deles", afirmou.
O Secretário de Estado pediu para “rezar com a
Palavra de Deus; Ler, contemplar acolher a Palavra que vem", porque
"Deus preencheu com sua Palavra o vazio que nos assusta nessas
horas".
“Em Jesus, Deus se comunicou, Palavra plena e
definitiva. Não devemos simplesmente preencher o tempo, mas nos encher com a
Palavra", acrescentou.
Por outro lado, o Cardeal disse que estava
preocupado com as histórias de católicos morrendo sozinhos sem o consolo dos
sacramentos.
“É uma das consequências da epidemia que, em
certo sentido, me abala. Eu li e ouvi histórias dramáticas e comoventes.
Quando, infelizmente, não é possível a presença do sacerdote ao lado de alguém
que está à beira da morte, todo batizado e toda batizada podem rezar e levar
consolo, em virtude do sacerdócio comum recebido com o Sacramento do
Batismo", disse.
"É belo e evangélico imaginar neste
momento difícil que, de alguma forma ou outra, também as mãos dos médicos, dos
enfermeiros, dos agentes de saúde, que a cada dia consolam, curam ou acompanham
estes doentes no último momento de vida, tornam-se as mãos e as palavras de
todos nós, da Igreja, da família que abençoa, saúda, perdoa e consola. É o carinho
de Deus que cura e dá vida, também a eterna", continuou.
O Cardeal Parolin disse que estava
especialmente preocupado com a forma como o coronavírus afetaria os países em
desenvolvimento.
"Infelizmente, estamos diante de uma
pandemia e o contágio se propaga como fogo. Por um lado, vemos quantos esforços
extraordinários têm realizado os países desenvolvidos, com não poucos
sacrifícios em nível da vida cotidiana de famílias e da economia nacional, para
enfrentar com eficácia a crise sanitária e debelar a difusão do vírus",
comentou.
Por outro lado, confessou “que me preocupa
ainda mais a situação nos países menos desenvolvidos", onde "as
estruturas de saúde não serão capazes de assegurar os cuidados necessários e
adequados para a população".
“Por vocação, a Santa Sé procura ter o mundo
inteiro como horizonte, procura não esquecer quem está mais longe, quem mais
sofre, quem talvez tenha dificuldade para receber os refletores da mídia
internacional. Há realmente necessidade de rezar e de nos empenharmos, todos,
para que nunca falte a solidariedade internacional. Apesar da emergência,
apesar do medo, é o momento de não nos fecharmos em nós mesmos", lembrou.
O Cardeal confirmou que atualmente há sete
casos de coronavírus entre os funcionários do Vaticano. Todos eles passaram
pela fase crítica e agora estão melhorando, assegurou.
Afirmou também que o Papa estava procurando
novas maneiras de alcançar pessoas que sofrem em todo o mundo.
“O Santo Padre Francisco está buscando todos
os modos possíveis para estar próximo das pessoas, no mundo inteiro. Para ele,
o contato com pessoas sempre foi fundamental e, mesmo se de modo novo e
inédito, pretende mantê-lo", confessou.
“A transmissão ao vivo diária da Santa Missa
na Casa Santa Marta é um sinal concreto disso. A oração constante pelas
vítimas, seus familiares, os funcionários da saúde, os voluntários, os
sacerdotes, os trabalhadores, as famílias é outro sinal concreto. Todos nós
colaboradores buscamos ajudá-lo a manter os contatos com as Igrejas de todos os
países do mundo”, acrescentou.
Finalmente, o Cardeal Parolin explicou que as
autoridades do Vaticano visam garantir que o maior número possível de pessoas
possam acompanhar as liturgias do Tríduo Pascal enquanto estejam confinadas em
seus lares.
“Estudamos modalidades diferentes daquelas
tradicionais. De fato, não será possível acolher os peregrinos como sempre
aconteceu. No pleno cumprimento das regras de precaução para evitar o contágio,
buscaremos celebrar os grandes ritos do Tríduo Pascal, de forma a acompanhar
todos aqueles que infelizmente não poderão ir às igrejas”, concluiu.
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Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital
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