Hoje celebramos o VI Domingo da Páscoa! A
Igreja celebra nos próximos dias duas grandes festas: Ascensão e Pentecostes;
convida-nos a ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor
nos chama.
No Evangelho de hoje (Jo 14, 15-21), João
define como podemos cumprir os mandamentos divinos. Agora nos ensina que o modo
de viver o mandamento provém do próprio Deus. E, nem sempre conseguimos agir
como queríamos. Também nós sentimos como São Paulo: “quero fazer o bem, mas
faço o mal”. Por isso nos envia o Espírito Santo, por isso é Ele mesmo a falar
e a agir em nós. Ele não nos deixa órfãos. É urgente que dediquemos tempo na
oração para pedir a Deus a graça de fazer o bem no amor ao próximo.
“Se me amais, guardareis os meus
mandamentos”. Poderíamos fazer a oração
negativa, tão verdadeira quanto a afirmativa: se não me amais, não guardareis
os meus mandamentos. A moral cristã não é a moral dos heróis, dos gigantes da
vontade, daquelas pessoas que à força de teimar e teimar conseguem chegar à
meta. Lembro-me de uma das aulas do já falecido bispo emérito da Diocese de
Anápolis, D. Manoel Pestana Filho. Animando-nos a estudar muito, ele dizia que
“um gênio é 5% de inspiração e 95% de transpiração”. Aquele santo bispo nos
animava a ser estudiosos de verdade. Hoje eu gostaria de utilizar a frase dita
pelo D. Manoel, mas mudando-a um pouquinho para servir ao meu propósito, e sem
pretensões matemáticas do mistério: “um cristão é 95% graça de Deus e 5% de
esforço pessoal”.
A graça de Deus e o seu amor é o que nos vai
construindo a cada momento. Podemos e devemos lutar, mas – como diz o Salmo –
“se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem” (126,1).
Com o passar do tempo, a experiência nos vai mostrando a importância de confiar
mais na graça de Deus que nas nossas próprias forças. Os nossos propósitos, por
mais firmes que sejam; a nossa luta, por mais heroica que venha a ser; os meios
humanos dos quais dispomos, por mais seguros que nos pareçam… Tudo isso estaria
destinado ao fracasso, dentro de pouco ou muito tempo, se não fosse a ajuda de
Deus. Essa ação de Deus criou em nós, no momento em que fomos batizados, um
dinamismo novo que nos capacitou para viver a nova vida em Cristo.
É possível cultivar o amor? Em primeiro lugar,
a caridade inicial ninguém a merece, a recebemos no momento do nosso Batismo
sem mérito algum da nossa parte. Depois de batizados, podemos atrair mais o
amor de Deus para nós.
Os Apóstolos, que se tinham entristecido com a
predição das negações de Pedro, são confortados com a esperança do Céu. A volta
a que Jesus se refere inclui a sua segunda vinda no fim do mundo e o encontro
com cada alma quando se separar do corpo. A nossa morte será precisamente o
encontro com Cristo, a quem procuramos servir nesta vida e que nos levará à
plenitude da glória. Será o encontro com Aquele com quem falamos na nossa
oração, com quem dialogamos tantas vezes ao longo do dia.
Da Oração, do trato habitual com Jesus Cristo,
nasce o desejo de nos encontrarmos com Ele. A fé purifica muitas das asperezas
da morte. O amor ao Senhor muda completamente o sentido desse momento final que
chegará para todos.
O pensamento do Céu nos ajudará a superar os
momentos difíceis. É muito agradável a Deus que fomentemos a virtude da
esperança, que está unida à fé e ao amor, e que em muitas ocasiões nos será
necessária. Ensinou São Josemaria Escrivá: “À hora da tentação, pensa no Amor
que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de
generosidade” (Caminho, nº 139). Devemos fomentá-la nos momentos em que a dor e
a tribulação se tornarem mais fortes, quando nos custar ser fiéis ou perseverar
no trabalho ou no apostolado. O prêmio é muito grande! Está no dobrar da
esquina, dentro de não muito tempo.
A meditação sobre o Céu deve também
estimular-nos a ser mais generosos na nossa luta diária “porque a esperança do
prêmio conforta a alma para que empreenda boas obras”( S. Cirilo de Jerusalém).
O pensamento desse encontro definitivo de amor a que fomos chamados nos ajudará
a estar mais vigilantes nas nossas tarefas grandes e nas pequenas,
realizando-as de um modo acabado, como se fossem as últimas antes de irmos para
o Pai.
O pensamento do Céu, agora que estamos
próximos da festa da Ascensão, deve levar-nos a uma luta decidida e alegre por
tirar os obstáculos que se interpõem entre nós e Cristo, deve estimular-nos a
procurar sobretudo os bens que perduram e a não desejar a todo custo as
consolações que acabam.
Jesus promete aos discípulos o envio de um
defensor (Jo 14, 16-17), de um intercessor, que irá animar a comunidade cristã
e conduzi-la ao longo da sua história. Trata-se do Paráclito que é o nosso
Consolador enquanto caminhamos neste mundo no meio de dificuldades e sob a
tentação da tristeza. “Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens,
podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus
ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados. A presença e a ação do Espírito Santo
na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e
dessa paz que Deus nos prepara” (Cristo que passa, nº 128). Invoquemos sempre o
Espírito Santo! Ele é a força que nos anima e sustenta na caminhada cotidiana e
nos revela a verdade do Pai.
“Para avançar na vida interior e no
apostolado, o necessário não é a devoção sensível; mas a disposição decidida e
generosa da vontade, em face das instâncias divinas.” ( Sulco, 769 ).
COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
Liturgia: At 8,5-8.14-17; Sl 65; 1Pd 3,15-18; Jo
14,15-21
Caros irmãos e irmãs, o Evangelho deste sexto
domingo do tempo pascal nos mostra que Jesus garante aos seus discípulos: “Não
vos deixarei órfãos” (v.18) e promete o “Paráclito”; que conduzirá a comunidade
cristã em direção à verdade; e a levará a uma comunhão cada vez mais íntima com
o Pai. Estas palavras de Jesus soam como a um “testamento final”: Ele sabe que
vai partir para o Pai e que os seus discípulos vão continuar no mundo. Jesus
fala a eles do caminho que percorreu e que ainda deverá percorrer, até à
consumação da sua missão e convida os discípulos a seguir o mesmo caminho de
entrega a Deus e de amor radical para com os irmãos.
E Jesus assegura aos seus discípulos que vai
estar presente ao lado deles, dando-lhes a coragem para prosseguir a missão a
eles confiada. É neste contexto que
Jesus fala no envio do “Paráclito” que estará sempre com os discípulos (v. 16).
A palavra grega “paráklêtos”, utilizada pelo evangelista São João, pertence ao
vocabulário jurídico e designa, nesse contexto, aquele que ajuda ou defende o
acusado. Pode, portanto, traduzir-se como “advogado”, “auxiliar”, “defensor” e
também como “consolador”.
No Antigo Testamento, Deus é o grande
consolador de seu povo e São Paulo assim o identifica: “Deus da consolação” (Rm
15, 4). O Espírito Santo, sendo aquele que continua a obra de Cristo, não podia
deixar de definir-se, também Ele, como “o Consolador que estará convosco para
sempre” (v. 16), como Jesus o apresenta.
O termo Paráclito significa ainda
“intercessor”, exprime a ideia de uma assistência dada aos fiéis, como a de um
advogado que encoraja seus clientes e defende suas causas. Os discípulos, com isto, não seriam deixados
à própria sorte, numa espécie de perigosa orfandade. Eles teriam sempre a quem
recorrer, pois o Espírito Santo estaria continuamente com eles.
O Espírito Santo desempenhará, neste contexto,
um duplo papel: em termos internos, conservará a memória da pessoa e dos
ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a interpretar esses ensinamentos
à luz dos novos desafios; por outro lado, dará segurança aos discípulos, irá
guiá-los e defendê-los quando eles enfrentarem a oposição e a hostilidade do
mundo. Nas mais diversas situações é o Espírito Santo que conduzirá essa
comunidade em marcha pela história, ao encontro da verdade, da liberdade plena,
da vida definitiva.
No Evangelho o termo “Paráclito” é também
apresentado como o “Espírito da Verdade” (v. 17). A comunidade cristã poderia correr o risco de
ser levada pelo espírito da mentira. Por
isso, precisava da presença constante do Espírito da Verdade para que todos os
discípulos de Jesus pudessem continuar no bom caminho. É o Espírito Santo que os conduzirá em
direção à verdade e à vida.
Enquanto esteve com os discípulos, Jesus os
instruiu e os defendeu; mas, após a sua ascensão, será o Espírito Santo que
ensinará e cuidará da comunidade de Jesus.
A sua ação se processa no interior da pessoa para ensiná-los a verdade
pura e levá-los ao ensinamento de Cristo, a verdade total e dirigi-los, com
seus dons, no caminho da verdade e da santidade.
A palavra “verdade” é um dos eixos sobre os
quais caminhou a história da salvação no Antigo Testamento. E, no Novo, o próprio Jesus diz de si mesmo:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a vida” (Jo 14,6). A Verdade também é uma contraposição ao erro. A morte de Jesus, de certa maneira, era o fim
de um mundo cheio de falsidades e erros, e a vitória da verdade se concretiza
no único Deus e Redentor. O Espírito
Santo paráclito ajudaria aos apóstolos a compreender esse fato novo.
Em muitos momentos a humanidade procurou a
verdade. Foram muitos os que, como
Pilatos, se perguntaram: “O que é a verdade?” (Jo 18,38). E Jesus se apresenta como a Verdade e diz que
veio ao mundo para dar testemunho da Verdade (Jo 18,37). Ele também promete o
Espírito Santo que conduzirá os apóstolos para a Verdade (Jo 16,13). Esta é a missão da Igreja e a nossa missão:
defender a Verdade, e torná-la vitoriosa num mundo tantas vezes dominado pelo
erro, o que o torna incapaz de conhecer a Verdade, pois, para conhecê-la,
pressupõe os olhos da fé.
Depois de garantir aos discípulos o envio do
“Paráclito”, Jesus reafirma que não os deixará “órfãos” no mundo. A palavra
utilizada “órfãos” é bem significativa.
No Antigo Testamento, o “órfão” é o protótipo do desvalido, do
desamparado e vítima de todas as injustiças. Jesus é claro: os seus discípulos não
vão ficar indefesos, pois Ele vai estar ao lado deles. E garante aos discípulos que mesmo indo para
o Pai, irá encontrar forma de continuar presente e de acompanhar, passo a
passo, a caminhada dos seus discípulos.
O Espírito Santo é quem inspira e dá vigor à
pregação dos Apóstolos, que assumiram a missão de proclamar a Boa Nova. O Paráclito dá a estes mensageiros a
valentia, a perseverança, a imaginação e a linguagem apropriada para comunicar
a todos o evento tão significativo e base da nossa fé: a ressurreição de Jesus
Cristo. Os apóstolos são os enviados
pelo Espírito Santo, para, no mundo, serem os instrumentos utilizados para
proclamar o mundo a glória do plano de
Deus.
Em cada celebração Eucarística nossa presença
é a resposta à nossa fé em Deus. Ao
estarmos reunidos sentimos de maneira especial a presença do Espírito da
Verdade entre nós. Ele é o nosso único
intercessor. Toda Eucaristia nos reúne
para compartilhar na comunidade o pão e o vinho, o Corpo e Sangue de
Cristo. Jesus uma vez mais se se doa a
cada um de nós para darmos testemunho de seu amor aonde quer que
estejamos. Assim, nutridos com seu corpo
e sangue seguimos adiante em nosso discipulado pedindo que cada vez mais o
Espírito da Verdade seja o centro de nosso existir e de nosso atuar.
Também hoje a vocação da Igreja é a
evangelização através dos discípulos de Jesus Cristo, onde, pelo Batismo, somos
assim inseridos, fazendo parte da grande família de Deus. O Batismo abre o
nosso coração para a ação do Espírito Santo, e quando chegamos a uma idade
madura, recebemos ainda o sacramento da Confirmação, também conhecido como
Crisma e, com isto, somos vinculados mais perfeitamente à Igreja e somos
chamados a difundir e a defender a fé com a nossa palavra e com a nossa
conduta, como verdadeiras testemunhas de Cristo. Mediante este sacramento nosso
compromisso na Igreja torna-se ainda maior. Somos chamados a proclamar o
Evangelho, porque o Espírito Santo também está conosco e nos proverá todo o
necessário para esta missão.
E como discípulos de Cristo, saibamos imitar
os apóstolos, os santos e, sobretudo, a Virgem Maria, aquela que, por meio do
Espírito Santo, recebeu a mensagem do anjo Gabriel e aceitou a missão de ser a
mãe do Salvador. Que ela interceda por
todos nós, para que, participando regularmente na Eucaristia, nos tornemos
também testemunhas da Verdade e do bem em todos os lugares, e que o anúncio do
Evangelho atinja o coração de muitas pessoas e multipliquem e alarguem no mundo
os espaços nos quais os homens reencontrem a alegria de viver como filhos de
Deus. Assim seja.
PARA REFLETIR
Nestes dias pascais em honra do Ressuscitado,
contemplamos e experimentamos nos santos mistérios não somente a sua
ressurreição e ascensão, como também dom do seu Espírito Santo em pentecostes.
Pois bem, caríssimos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus que escutamos nesta
liturgia do VI Domingo da Páscoa coloca-nos precisamente neste clima. Com um
coração fiel e recolhido, contemplemos o mistério que o Evangelho de hoje nos
revela! Meditemos nas palavras do Senhor Jesus:
“Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós!
Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu
vivo e vós vivereis!” São palavras estupendas, cheias de promessa e de vitória…
Mas, será que são verdadeiras? Como pode ser verdade tudo isso? Uma coisa é
certa: o Senhor não mente jamais! E ele nos garante: Eu virei a vós! Eu vivo!
Vós vivereis! Mas, como se dá tal experiência? Como podemos realmente
experimentar tal realidade estupenda em nossa vida e na vida da Igreja? Eis a
resposta, única possível: somente no Espírito Santo que o Ressuscitado nos deu
ao derramá-lo sobre nós após a ressurreição. Vejamos:
“Eu virei a vós!” Na potência do Santo
Espírito, Cristo realmente permanece no coração de sua Igreja, primeiro pela
Palavra, pregada na potência do Espírito, como Filipe, na primeira leitura,
que, anunciando o Cristo, realizava curas e exorcismos e, sobretudo, tocava os
corações! Uma Palavra que realmente toca os corações e coloca os ouvintes
diante do Cristo vivo e atuante. Mas, conjuntamente com a Palavra, os
sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia. Em cada sacramento é o próprio
Espírito do Ressuscitado quem age, conformando-nos ao Cristo Jesus, unindo-nos
a ele, fazendo-nos experimentar sua vida e sua força. Pelo Batismo, mergulhados
no Espírito do Ressuscitado, realmente nascemos para uma nova vida, como nova
criatura; pela Eucaristia, seu Corpo e Sangue plenos do Espírito, entramos na
comunhão mais plena que se possa ter neste mundo com o Senhor: ele em nós e nós
nele, num só Espírito Santo que ele nos doa!
“Vós me vereis!” Porque o Santo Espírito do
Senhor Jesus habita em nossos corações, nós experimentamos Jesus em nós como
uma Presença real e atuante e, com toda a certeza, proclamamos que Jesus é o
Senhor, como diz São Paulo: “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no
Espírito Santo” (1Cor 12,3). Porque vivemos no Espírito, experimentamos todos
os dias Jesus como Alguém vivo e presente na nossa vida, em outras palavras:
vemos Jesus; vemo-lo de verdade!
“Eu vivo!” Sabemos que o Senhor está vivo:
“morto na sua existência humana, recebeu nova vida pelo Espírito Santo”.
Sabemos com toda a certeza da fé que Cristo é o Vivente para sempre, o Vencedor
da Morte!
“Vós vivereis”. O Senhor Jesus não somente
está vivo, totalmente transfigurado pela ação potente do Espírito que o Pai
derramou sobre ele… Vivo na potência do Espírito, ele nos dá esse mesmo
Espírito em cada sacramento. Assim, sobretudo no Batismo e na Eucaristia,
tornam-se verdadeiras as palavras do Senhor: “Vós vivereis!”, isto é: recebendo
meu Espírito, nele vivendo, tereis a minha vida mesma! Vivereis porque meu
Espírito“permanece junto de vós e estará dentro de vós!”
Então, caríssimos, palavras de profunda
intensidade e de profunda verdade! Num mundo da propaganda, da ilusão, dos
simples sentimentalismos, essas palavras do Senhor são uma concreta e
impressionante realidade. Mas, escutemos ainda o Senhor: “Naquele dia sabereis
que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós!” É na oração, na prática
piedosa dos sacramentos, na celebração ungida e piedosa da Eucaristia que
experimentamos essas coisas! Aqui não é só a inteligência, aqui não basta a
razão, aqui não são suficientes os nossos esforços! É na fé profunda de uma
vida de união com o Senhor, na força do Espírito Santo que experimentamos isso
que Jesus disse: ele está no Pai, no Espírito ele e o Pai são uma só coisa.
Mas, tem mais: experimentamos que nós estamos nele, nele enxertados como os
ramos na videira, nele incorporados como os membros do corpo unidos à Cabeça!
Repito: é nos sacramentos que essa experiência maravilhosa torna-se realidade
concreta. Um cristianismo que tivesse somente a Palavra de Deus, sem valorizar
os sete sacramentos – sobretudo o Batismo e a Eucaristia -, seria um
cristianismos mutilado, deficiente, anêmico, não condizente com a fé do Novo
Testamento e a Tradição constante da Igreja! Irmãos e irmãs, atenção para a
nossa vida sacramental!
Ora, é esta comunhão misteriosa e real com o
Senhor no Espírito, que nos faz amar Jesus e viver Jesus com toda seriedade de
nossa vida. É cristão de modo pleno quem experimenta o Senhor Jesus vivo e
íntimo em sua vida e celebra tal união, tal cumplicidade de amor, nos sacramentos!
Aí sim, as exigências do Senhor, seus mandamentos, não nos parecem pesados, não
nos são pesados, não são um fardo exterior que suportamos porque é o jeito.
Quem vive a experiência desse Jesus presente e doce no Espírito derramado em
nós, experimenta que cumprir os preceitos do Senhor é uma exigência doce,
porque é exigência de amor e, portanto, libertadora, pois nos tira de nós
mesmos e nos faz respirar um ar novo, o ar do Espírito do Ressuscitado, o Homem
Novo!
Mas, quem pode fazer tal experiência? Somente
quem vive de modo dócil ao Espírito Consolador, que nos consola mesmo nos
desafios mais duros. Somente viverá o cristianismo com um dom e não como um
peso quem vive na consolação do Espírito, que é também Espírito de Verdade,
pois nos faz mergulhar na gozo da Verdade que é Jesus. Ora, o mundo jamais
poderá experimentar esse Espírito! Jamais poderá experimentar o Evangelho como
consolação, jamais poderá experimentar e ver que Jesus está vivo e é doce e
suave vida para a nossa vida! Por isso mesmo, o mundo jamais poderá compreender
as exigências do Evangelho: aborto, casamento gay, assassinato de embriões com
fins pseudo-científicos, assassinato de embriões anencéfalos, eutanásia… Como o
mundo poderá compreender as exigências do Evangelho se não conhece o Cristo? “O
mundo não mais me verá!”Nunca nos esqueçamos disso! Ai dos Boffs e dos Bettos
da vida, que pensam que a Igreja deve correr atrás do mundo! Este não é capaz
de receber, de acolher o Evangelho porque – diz Jesus – não vê nem conhece o
Espírito Paráclito! Mas, vós, cristãos, “o conheceis porque ele permanece junto
de vós e estará dentro de vós!”Irmãos, como nosso Senhor é claro, como é
verdadeiro, como nos preveniu!
É essa
experiência viva de Jesus no Espírito que nos dá a força cheia de entusiasmo na
pregação como Filipe, na primeira leitura. Dá-nos também a coragem e o
discernimento para dar ao mundo “a razão da nossa esperança”, santificando o
Senhor Jesus em nossos corações, isto é, pregando Jesus primeiro com a
coerência da nossa fé na vida concreta e, depois, com respeito pelos que não
crêem como nós, mas com a firmeza de quem sabe no que acredita! Dá-nos, enfim,
a graça de participar da cruz do Senhor, ele que “morreu uma vez por todas, por
causa dos nossos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a
Deus”. Assim, com ele morreremos para uma vida velha e ressuscitaremos no
Espírito para uma vida nova. Eis! Esta será sempre a grande novidade cristã, o
centro, o núcleo de a nossa identidade e nossa força! Nunca esqueçamos disso!
Vamos! Sigamos o Senhor! Abramo-nos ao seu Espírito!
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