O pecado do ser humano rompeu a relação que
Deus tinha com ele e vice-versa. Se antes havia a cordialidade, com o pecado
surgiu o medo, o esconderijo, a fuga dos compromissos. Vejamos estes dados em
Santo Agostinho.
1. O passeio de Deus
Se Deus passeava no paraíso e o homem e a
mulher se encontravam com Deus, algo de novo, de ruim ocorreu com a queda. O
ser humano foge à presença de Deus. Quando Deus veio até eles para julgá-los,
ao ouvirem a sua voz se esconderam de sua presença. O pecado rompe com a
alegria e o amor da pessoa com Deus.
2. O motivo do esconderijo
Por que o ser humano buscou a fuga? Santo
Agostinho afirmou que o homem e a mulher fugiram porque a luz da verdade
interior não estava mais neles. Quem se esconde do olhar de Deus senão aquele
que, abandona-o, para amar o que é lhe é próprio? Eles tiveram que se cobrir
com as vestes da mentira e o que profere mentiras, fala do que lhe é próprio e
não aquilo que é de Deus.
3. O lugar do esconderijo
Eles se esconderam junto à arvore que
estava no meio do paraíso, ou seja, junto a si mesmos que foram estabelecidos
no meio das criaturas, abaixo de Deus e acima das coisas corporais. Segundo
Santo Agostinho, o homem e a mulher se esconderam porque desobedecerem a Deus,
abandonando a luz da verdade que é o Deus vivo e verdadeiro, não vivendo o seu
amor por cada um de nós.
4. O Ser humano interrogado
Adão será interrogado não como se Deus
ignorasse onde estava, mas para obrigá-lo a confessar seu pecado. Adão
respondeu, depois de ouvir a voz de Deus, que se escondera porque descobrira
que estava nu, como se isso pudesse desagradar a Deus, porque foi dessa forma
que Deus o criou no início. A queda ao pecado levou Adão a pensar que o
desagrada a alguém, desagrade a Deus. Ali virá a pergunta de Deus: E quem te
fez perceber que estavas nu, a não ser porque comeste do fruto daquela árvore
que era proibido comer?(cfr. Gn 3,11). O homem e a mulher se apartaram de Deus
e voltaram-se para si mesmos. Assim descobre-se o significado de ter comido o
fruto daquela árvore ao perceber a sua nudez, desagradando a Deus e à todos
porque o amor de Deus pelas pessoas foi violado.
5. A culpa passa adiante
Estando numa atitude de soberba e de
orgulho, Adão acusou o seu pecado à Eva, a sua mulher. Ele quis passar a culpa
adiante, para a mulher. Ele não disse: a mulher deu-me mas acrescentou: a
mulher que me deste(cfr. Gn 3,12). Isso significa que quando a pessoa peca
acusa os outros, os pecados de que são acusados. Isso proveio da desobediência
do homem, de sua soberba pois logo que ele pecou, ao querer ser igual a Deus,
ou seja ficar livre de seu domínio porque só Deus é livre de todo o domínio,
sendo o Senhor de todos, e não conseguindo ser igual a Ele em majestade,
esforçou-se para torná-lo igual a si, considerando-se inocente. Por sua vez, a
mulher ao ser interrogada, passou a culpa para a serpente de modo que os dois
não guardaram o preceito de Deus dando ouvidos às palavras da serpente. A
serpente recebeu logo o castigo, pois não confessou o pecado e nem apresentou
desculpas.
6. O castigo recebido
O ser humano é castigado por não obedecer a
Deus e por não considerar-se sempre como criatura de Deus. Antes do pecado,
podia alegrar-se com a verdade eterna, na qual não permaneceu. Os animais
passaram a ser hostis contra o ser humano, o homem e a mulher.
7. A esperança de se lançar na árvore da
vida
Ao ser expulso do paraíso o homem e a
mulher foram lançados para os trabalhos desta vida em vista de seus sustentos.
Mas segundo Santo Agostinho Deus colocou nele o desejo de novamente abraçar a
árvore da vida, não mais para se esconder de seu pecado, mas para viver
eternamente com o seu Criador. Este desejo será imprimido pela vinda do
Messias, Jesus Cristo que reconciliou o ser humano com Deus de modo que o homem
e a mulher possam de novo algum dia estender a sua mão para a árvore da vida,
que é o Senhor e viver para sempre com Deus.
Dom
Vital Corbellini,
bispo
de Marabá/PA
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Rádio Vaticano
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