O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, quatro padres, um
monsenhor e funcionários administrativos foram presos na manhã desta
segunda-feira (19) durante operação do Ministério Público do Estado de Goiás
(MP-GO) contra desvios de recursos na Igreja Católica em Posse e em duas
cidades do Entorno do Distrito Federal – Formosa e Planaltina. O prejuízo
estimado é de mais de R$ 2 milhões.
Em dezembro de 2017, fiéis
denunciaram que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora,
passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto,
havia três anos.
“O que nós temos certeza é que as
contas da cúria não fecham. Então, nós queremos a abertura pública das contas
da cúria (administração da diocese) e dos gastos da casa episcopal”, disse uma
fiel, que preferiu não se identificar.
O grupo que contesta as contas informou
que não recolheria o dízimo até que as medidas sejam atendidas. A diocese disse
na época que o custo das 33 paróquias é de cerca de R$ 12 milhões por ano. Já a
arrecadação, no mesmo período, é de R$ 16 milhões. O restante é destinado ao
fundo de cada unidade.
Dom José Ronaldo alegou na época que não tocava no dinheiro e que não houve o
pedido, por parte do grupo, para a apresentação de contas. “Não tem nada de
impropriedade. Não toco nos repasses financeiros das paróquias que são
destinados à manutenção das necessidades da Diocese, casa do clero, seminário,
estrutura da cúria, funcionários, etc.”, declarou.
Dinheiro apreendido com fundo falso de guarda-roupa do monsenhor preso em operação contra desvios na Igreja Católica, em Goiás (Foto: TV Anhanguera/Reprodução) |
Com base nas denúncias, o Ministério Público do Estado de
Goiás (MP-GO) realizou na manhã desta segunda-feira, 19 de março, uma operação
contra desvios de recursos na Igreja Católica em três cidades goianas do
Entorno do Distrito Federal. A ação, batizada de "Caifás", apura que
o esquema se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações
de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos. A
suspeita é que o prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões.
Foram cumpridos 13 mandatos de prisão
e dez de busca e apreensão em Formosa, Posse e Planaltina. Entre os presos,
estão o bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, quatro padres e um monsenhor. Além
de residências e igrejas, até um mosteiro é alvo da investigação.
Segundo o promotor de Justiça Douglas
Chegury, um dos responsáveis pela operação, foram apreendidas caminhonetes da
cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie,
cujo valor ainda não foi divulgado.
De acordo com o MP-GO, a suspeita é
que a associação criminosa atuava na cúria da Diocese da Igreja Católica de
Formosa e outras paróquias relacionadas a elas nas outras cidades. Participam
da ação cerca de dez promotores de Justiça, além das polícias Civil e Militar.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o
grupo comprou
uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de
dízimos e doações. Em decisão, juiz
disse haver indícios de que o dinheiro era usado para despesas pessoais e que
carros da Diocese de Formosa eram usados com fins particulares.
“[Apuração aponta que as verbas
arrecadadas] estão sendo sistematicamente desviados por ordem de José Ronaldo e
igualmente aprovados em favor dos demais clérigos, chegando ao ponto na
participação efetiva em atividades econômicas (pelo menos, atividade de pecuária
e de exploração de casa lotérica). Além disso, é possível que veículos
adquiridos pela diocese estejam sendo destinados para uso particular do Padre
Moacyr na cidade de Posse”, declarou o juiz.
O juiz afirmou
ainda que os padres forjavam informações para que as contas das igrejas de
Posse, Formosa e Planaltina fossem ajustadas. À TV Anhanguera, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse estar buscando informações para
conhecer melhor a denúncia.
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Com
informações: G1 Goiás
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