terça-feira, 30 de agosto de 2016

Homilética: 23º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "Condições para Seguir Jesus".



Hoje somos chamados a viver a sabedoria de Deus, a seguir Jesus Cristo, a sermos santos!

No Evangelho de hoje (Lc 14, 25-33), a palavra “discípulo” aparece três vezes; em todas elas o discípulo aparece como alguém que deve renunciar algo ou alguém. Não será uma visão um pouco negativa? Para compreender melhor a nossa vocação de discípulos do Senhor vale a pena fazer um pequeno passeio pelo Novo Testamento.

Um primeiro fato que chama a atenção é que não são os discípulos quem escolhem o seu mestre, mas é Jesus quem escolhe os seus discípulos e lhes dá uma missão concreta: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens” (Mt 4,19). A primeira coisa que há de notar-se, portanto, na vida do discípulo é que é uma pessoa chamada por Jesus para cumprir uma missão. Dentro desse contexto é que podemos entender as renúncias que Jesus pede aos seus discípulos.

Uma segunda característica do discípulo de Jesus encontra-se no contexto das bem-aventuranças, cuja clave de interpretação é o mandato de Cristo para que sejamos santos: “perfeitos como vosso Pai celeste” (Mt 5,48). Outra maneira de expressar a santidade querida por Jesus é a descrição que S. Marcos faz da escolha dos Doze: “designou doze dentre eles para ficar em sua companhia” (Mc 3,14). Santidade é estar na companhia de Jesus, junto a ele e compartir a sua mesma vida. A renúncia, portanto, é para que possamos viver essa vida nova à imitação do Divino Mestre.

Noutro momento, quando Jesus dava instruções aos seus discípulos e, mais em concreto, aos seus apóstolos, lhes diz: “o discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre” (Lc 6,40). Ou seja, o seguidor de Cristo permanece sempre como discípulo, nunca será mestre, mas a sua imitação do Mestre pode ser perfeita.

O discípulo mantem sempre o desejo de aprender. Conta-se que uma criança ao voltar da escola um pouco desanimada, foi perguntada pelos pais: “E aí, foi bem de aula?”. E o menino respondeu: “Não. Vou ter que voltar amanhã”. Não se pode pretender aprender tudo num só dia nem cansar-se de voltar à escola do Mestre. Uma experiência que todo cristão tem quando passam os anos no seguimento de Cristo é a seguinte: a leitura do Evangelho, das mesmas passagens, recebe sempre distintos coloridos na mente e no coração do que o lê, sempre se descobre coisas novas ou, ao menos, o antigo já sabido se renova, ganhando assim todo o frescor da novidade de redescobrir algo já conhecido e, no entanto, com alguma luz nova.

“Se alguém vem a Mim, mas não odeia o pai, a mãe…”; estas palavras do Senhor não devem desconcertar ninguém. O amor a Deus e a Jesus Cristo deve ocupar o primeiro lugar na nossa vida e devemos afastar tudo aquilo que ponha obstáculos a este amor.

Odiar na linguagem bíblica, ou renunciar, segundo o uso semítico, significa amar menos, pospor, como se pode apreciar no texto paralelo de Mt 10, 37: “Quem amar o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim”. Só Deus tem o direito ao primado absoluto no coração e na vida do homem; Jesus é Deus e, por conseguinte, é lógico que o exija como condição indispensável para ser Seu discípulo.

“Quem não carrega sua Cruz… não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27). O caminho do cristão é a imitação de Jesus Cristo. Não há outro modo de O seguir senão acompanhá-Lo com a própria Cruz. A experiência mostra-nos a realidade do sofrimento, e que este leva à infelicidade se não se aceita com sentido cristão. A Cruz não é uma tragédia, mas pedagogia de Deus que nos santifica por meio da dor para nos identificarmos com Cristo e nos tornarmos merecedores da glória. Por isso é tão cristão amar a dor: “Bendita seja a dor. Amada seja a dor. Santificada seja a dor… Glorificada seja a dor!” (Caminho, 208).

“… Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 33). Se antes o Senhor falou de “odiar” os pais e até a própria vida, agora exige com igual vigor o despreendimento total das riquezas. Esta renúncia das riquezas há de ser efetiva e concreta: o coração deve estar desembaraçado de todos os bens matérias para poder seguir os passos do Senhor. Pois, é impossível “servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 13). Dizia São Josemaria Escrivá: “Se és homem de Deus, põe em desprezar as riquezas o mesmo emprenho que põem os homens do mundo em possuí-las”. (Caminho, 633).

“… os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos” (Sab 9,18).

Quem é o homem sábio à luz da experiência cristã? É aquele que não se deixa enredar pelas coisas, que consegue salvar em cada circunstância o primado de Deus e do Espírito, quem não arrisca o todo pela parte , o eterno pelo transitório, o importante por aquilo que é somente urgente.

Que não caiamos no relaxamento, na falta de comprometimento cristão, no perigo de servir a dois senhores, de ser sal insípido. Saibamos que a Verdade é exatamente o contrário! A tantas comunidades e a tantos cristãos de hoje poder-se-ia dirigir a censura que, no Apocalipse, é dirigida à Igreja de Laodicéia e que incutiu um temor salutar aos leitores de todos os tempos: “Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és, morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,15-20).

Comentários dos textos bíblicos


Leituras: Sb 9,13-18; Sl 89; Fm 9b-10.12-17; Lc 14,25-33

Caríssimos irmãos e irmãs,

Para este domingo a Liturgia da Palavra nos convida a tomar consciência do quanto é exigente seguir o Senhor.  O tema principal que sobressai nas leituras bíblicas é o da primazia do Criador em nossa vida. Já na primeira leitura, tirada do Livro da Sabedoria (cf. Sb 9,13-9), nos sugere indiretamente o motivo desta primazia absoluta de Deus: nele encontramos respostas para as perguntas do homem de todos os tempos que procura a verdade acerca da Divindade e de si mesmo. Sem Deus ficamos enfraquecidos e, sem a oração, isto é, sem a união interior com Ele, nada podemos fazer, como disse claramente Jesus aos seus discípulos durante a Última Ceia (cf. Jo 15,5).

No trecho evangélico temos o caminho a ser percorrido por cada seguidor de Jesus. Ele próprio apresenta as condições necessárias aos seus discípulos: amá-lo mais do que qualquer outra pessoa e mais do que a própria vida; carregar a própria cruz e segui-lo, renunciando a tudo o que possui. É o que ele diz: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (v. 26). E continua: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (v. 27).

Para compreender estas palavras de Jesus é preciso lembrar que o Evangelista São Lucas escreveu o seu Evangelho num contexto de perseguições. Alguns cristãos preferiam morrer a renegar a sua fé. Outros esquivavam, procurando salvar os seus bens, a família e a própria vida. O Evangelista São Lucas quis, não tanto condenar estas fraquezas na fé, mas apresentar um encorajamento àqueles que se mantinham firmes na fé, até à morte. Eram esses, os mártires, os que seguem Jesus até no mistério da sua morte na cruz.

Para sermos discípulos de Jesus, nada podemos antepor ao nosso amor por Ele, devemos carregar também a nossa própria cruz e segui-lo. Jesus bem sabe qual é o caminho que o Pai lhe pede para percorrer: o caminho da cruz, do sacrifício de si mesmo pelo perdão dos nossos pecados. A obra de Jesus é precisamente uma obra de misericórdia, de perdão, de amor.

E este perdão universal e esta misericórdia passam através da cruz. Mas Jesus conta com os seus discípulos para que possam continuar a missão que o Pai lhe confiou.  E Ele dirá aos seus seguidores: “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós… Àqueles que perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,21.22). O discípulo de Jesus renuncia a todos os bens porque encontrou em Cristo o Bem maior e reconhece nos outros bens um valor menor, tais como, os vínculos familiares e as outras relações.

Lembremos que em todos os séculos o Senhor chamou homens e mulheres para que o seguissem.  Eles deixaram tudo e tornaram, no mundo, um sinal luminoso do amor de Deus.  Basta pensar em pessoas como São Lourenço, Santa Luzia, São Bento, São Francisco de Assis, Santa Clara, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila e muitos outros. Todos eles souberam deixar tudo, para estar à disposição de todos.

Para explicar esta exigência, Jesus usa duas parábolas: a da torre para construir e a do rei que vai para a guerra. Esta segunda parábola diz: “Qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz” (Lc 14,31-32). Trata-se de uma parábola, mas, na verdade, existe uma guerra mais profunda que todos nós devemos combater. É a decisão forte e corajosa de renunciar ao mal e às suas seduções e escolher o bem. Esta guerra deve ser contra o mal, contra o ódio, a violência, ao erro e ao pecado.

Apenas o amor de Deus nos torna livres e isto constitui o centro da mensagem que o Senhor nos quer comunicar no trecho evangélico, aparentemente tão severo deste domingo. Com a sua palavra Ele afirma que podemos contar com o seu amor, o amor de Deus feito homem. Reconhecer isto é a sabedoria da qual nos falou a primeira leitura.

Inspirados na Carta de São Paulo a Filêmon (cf. Fm 9-10.12-17), que a liturgia da Palavra nos faz ler na segunda leitura, que é a mais breve de todas as cartas de São Paulo. Endereçada a Filêmon, aparentemente um membro destacado da Igreja de Colossos, São Paulo trata da questão de Onésimo, escravo de Filêmon, que havia fugido da casa do seu senhor. Ao encontrar-se com Paulo, ligou-se a ele e, com este convívio, transmitiu-lhe a fé, fazendo-o cristão e, ao mesmo tempo, seu colaborador.

No entanto, a situação podia tornar-se delicada, pois, de acordo com o princípio legal, ao dar guarda a um escravo fugitivo, Paulo poderia ser cúmplice de uma grave infração ao direito privado. Enfim, Onésimo corria o risco de ser preso, devolvido ao seu senhor e severamente castigado. É neste contexto que Paulo resolve enviar Onésimo a Filêmon, levando consigo uma carta, onde explica a Filêmon a situação e intercede pelo escravo fugitivo, pedindo que o receba, já não como escravo, mas como um irmão em Cristo. E insinua que, sendo possível, lhe devolva Onésimo, já que ele vem sendo de grande utilidade para Paulo. É um significativo texto, carregado de sentimentos fraternos.

A nova fraternidade cristã supera a separação entre escravos e livres e insere na história um episódio de promoção da pessoa que levará à abolição da condição de escravo de Onésimo.  Desta experiência particular de São Paulo com Onésimo, entendemos o impulso da promoção humana dado pelo Cristianismo ao caminho da civilização, do perdão, do amor e da fraternidade entre as pessoas.

Para Paulo, o amor deverá ser a suprema e insubstituível norma que dirige e condiciona as palavras, os comportamentos, as decisões. Ora, o amor tem consequências bem práticas, que os membros da comunidade cristã não podem esquecer. Implica ver em cada homem um irmão, independentemente do seu estatuto social. Todos são “filhos de Deus” e irmãos em Cristo. A conversão ao amor exige o reconhecimento da igualdade fundamental de todos os homens.  A partir do amor, devemos descobrir que todos são filhos do mesmo Deus e irmãos em Cristo; a partir do amor, o escravo descobre a afirmação clara da sua dignidade de homem. É esta a questão fundamental que o texto nos apresenta.

E a Eucaristia que estamos a celebrar é o Sacramento do amor, que nos recorda o essencial: a caridade e o amor de Cristo que renova os homens e o mundo. Sentimos estas manifestações nas expressões de São Paulo na Carta a Filêmon. Nesta pequena carta sente-se de fato toda a mansidão e ao mesmo tempo o poder irresistível da caridade, que é a principal força propulsora para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e também da humanidade. Portanto, devemos sempre lembrar do mandamento antigo e sempre novo: “Amai-vos uns aos outros como o Cristo nos amou” (Jo 13,34).

Peçamos a Maria que nos ensine a colocar em prática os ensinamentos de seu Filho Jesus, para que possamos segui-lo todos os dias e, iluminados pelo Espírito Santo, sejamos no mundo, seus discípulos e testemunhas do amor e da misericórdia de Deus.  Assim seja.

PARA REFLETIR

O “naquele tempo” do Evangelho que escutamos, prolonga-se neste tempo que se chama hoje. “Naquele tempo, grandes multidões acompanhavam Jesus”. Eram muitos os que o admiravam, muitos os que o escutavam… como hoje. Mas, Jesus voltando-se, lhes disse – e diz aos que o querem acompanhar hoje -, com toda franqueza, quais as condições para serem aceitos como seus discípulos: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega e seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. É impressionante a sinceridade do Senhor nosso! Olhemos bem que não são todos os que podem ser seus discípulos! É certo que todos são chamados, pois “o desejo de Deus é que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4), mas também é certo que nem todos estão dispostos a escutar de verdade o convite do Senhor e a aceitar suas exigências. E Jesus é claríssimo: ele somente aceita como discípulo – somente pode ser seu discípulo – quem se dispõe, com sinceridade, a caminhar atrás dele, seguindo seus passos no caminho! É ele quem dá as cartas, é ele quem dita as normas, é ele quem mostra o caminho e quem diz o que é certo e o que é errado! Que palavra tão difícil para cada um de nós, para o mundo atual, que se julga maduro e sábio o bastante para fazer seu próprio caminho e até para julgar os caminhos de Deus! Quem assim age, permanecendo fechado em si mesmo – diz Jesus -, “não pode ser meu discípulo!”

E o que é ser discípulo? É colocar-se no caminho dele, é renunciar a decidir por si mesmo que rumo dar à sua vida, para seguir o caminho do Mestre, colocando os pés nos seus passos; ser discípulo é se renunciar para ser em Jesus, pensando como ele, vivendo como ele, agindo como ele… Ser discípulo é fazer de Jesus o tudo, o fundamento da própria existência: “Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo que tem, a tudo que é, à sua própria segurança, ao seu próprio modo de pensar, não pode ser meu discípulo!”

É preciso que compreendamos que esta exigência tão radical do Senhor não é por capricho, não é arbitrária, não é humilhante ou desumana para nós. O Senhor é tão exigente porque nos quer libertar de nós mesmos, de nosso horizonte fechado e limitado à nossa própria razão, ao nosso próprio modo de ver e pensar as coisas e o mundo. O Senhor nos quer libertar da ilusão de que somos auto-suficientes e sábios, de que somos deuses! Como têm razão, as palavras do Livro da Sabedoria: “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? Quem, portanto, investigará o que há nos céus?” O homem, sozinho, é incapaz de compreender o mistério da vida, que somente é conhecido pelo coração de Deus! Isto valia para ontem, e continua valendo para hoje e valerá ainda para amanhã, mesmo com todo o desenvolvimento da ciência e com toda a ilusão de que nos bastamos a nós mesmos e podemos por nós mesmos decidir o que é certo e o que é errado. O homem, fechado em si mesmo, jamais poderá compreender de verdade o mistério de sua existência e o sentido profundo da realidade. É preciso ter a coragem de abrir-se, de ser discípulo, de seguir aquele que veio do Pai para ser nosso Caminho, nossa Verdade e nossa Vida! “Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões, incertas… Mal podemos conhecer o que há na terra e, com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos”. É por isso que o Salmista hoje nos faz pedir com humildade: “Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria!”

Só quando nos renunciarmos, só quando colocarmos o Senhor como o centro de nossa vida, do nosso modo de pensar e de agir, somente quando ele for realmente o nosso Tudo, seremos discípulos de verdade. Então mudaremos de vida, de valores, de modo de agir. É o que São Paulo propõe a Filêmon, cristão, proprietário do escravo Onésimo. O Apóstolo recorda ao rico Filêmon que ser discípulo de Cristo comporta exigências e mudança de mentalidade: o escravo deve agora ser tratado como irmão no Senhor. Não podemos ser cristãos, apegados à nossa lógica e às coisas próprias do homem velho! Não podemos ser cristãos fazendo política como o mundo faz, tendo uma vida sexual como o mundo tem, pensando em questões como o divórcio, o aborto, o adultério como o mundo pensa, não podemos ser cristãos comportando-nos como o mundo se comporta e fazendo o que o mundo faz! Querer seguir o Senhor sem deixar-se, sem colocá-lo como eixo e prumo da vida, é como construir uma torre sem dinheiro: não se chegará ao fim; é como ir para uma guerra sem exército suficiente: seremos derrotados!“Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo!”

Que o mundo não compreenda esta linguagem, é de se esperar… Afinal, o homem psíquico – homem entregue somente à sua própria razão – não pode mesmo compreender as coisas do Espírito de Deus (cf. 1Cor 2,14). O triste mesmo é que os cristãos, isto é, nós, tenhamos a pretensão de ser discípulos sem procurar sinceramente nos renunciar, mortificando nossas tendências desordenadas, educando nossos instintos desatinados e deixando que a luz do Evangelho ilumine nossa razão e nosso modo de pensar…

Cuidemos bem, para que, no fim de tudo, o nosso cristianismo não seja inacabado, tão inútil quanto uma torre deixada pela metade ou uma guerra na qual a derrota é certa. Que nos valha a misericórdia de nosso Senhor e nos ajude a viver da sua Palavra, porque, como disse hoje o Autor sagrado, dirigindo-se a Deus, “só assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra e os homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos”. Que nos salve o Cristo, Sabedoria de Deus. Amém.

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