Uma investigação da
estação de televisão TVI, em Lisboa, revela que o brasileiro Edir Macedo, líder
máximo da IURD, está envolvido numa rede internacional de adoções ilegais de
crianças e que os seus próprios “netos” são crianças roubadas de um lar em
Portugal.
Segundo a reportagem “O Segredo dos Deuses”, a Igreja Universal do Reino
de Deus (IURD) tinha, na década de 90, um lar ilegal de crianças, em Lisboa, de
onde foram levados vários menores, à revelia das suas mães.
As crianças eram entregues diretamente no lar, à margem dos tribunais,
por famílias em dificuldades e acabavam no estrangeiro, adotadas por bispos e
pastores da igreja de forma irregular e sem direito de contraditório às
famílias, adianta a investigação das jornalistas Alexandra Borges e Judite
França.
Segundo a TVI, Edir Macedo “está envolvido nesta rede internacional
de adoções ilegais de crianças, e que os seus próprios ‘netos’ são crianças
roubadas do Lar Universal, uma instituição que à época fazia parte da obra
social da igreja”.
De acordo com nota divulgada pela TVI, “um importante membro desta rede
chegou mesmo a roubar um recém-nascido à mãe na maternidade e registrá-lo
diretamente como seu filho biológico”.
“Isto aconteceu debaixo dos nossos olhos e retrata o esquema que estava
montado num lar ilegal”, disse o diretor de informação da TVI, Sérgio
Figueiredo, no final da apresentação da reportagem à imprensa.
A situação “atinge a cúpula da IURD”, adiantou, sublinhando que “as
crianças foram levadas sem que os tribunais ouvissem as famílias das crianças”.
“O Estado não esteve completamente bem aqui, mas nunca é tarde para
repor a verdade”, disse Sérgio Figueiredo.
O lar abriu em 1994 em Lisboa e foi legalizado em 2001. A IURD acabou
por encerrá-lo em 2011, alegando como motivo a crise.
A procuradora-geral
da República portuguesa ordenou um inquérito sobre os procedimentos do
Ministério Público (MP).
Numa nota à comunicação social, a Procuradoria-Geral da República
(PGR) refere que a matéria em questão está "intrinsecamente ligada com
processos concretos que correram termos na jurisdição da família e
crianças", área considerada de "especial e relevante"
intervenção do Ministério Público (MP).
"Assim, por considerar que a
atuação funcional do MP no âmbito deste universo de processos não pode deixar
de ser objeto de análise, a Procuradora-Geral da República [Joana Marques
Vidal] determinou a abertura de um inquérito com vista a averiguar a eventual
existência de procedimentos incorretos ou irregulares" praticados pelo MP,
esclarece a PGR, em comunicado.
A Procuradoria observa que este tipo
de inquérito se encontra previsto no Estatuto do Ministério Público e tem por
finalidade a averiguação de fatos determinados.
A PGR recorda que, na semana passada, já tinha instaurado um
inquérito-crime ao caso das adoções relacionadas com a IURD, observando que a
investigação resultou de notícias sobre aquele assunto.
"Foi instaurado um inquérito-crime
para investigar os fatos ocorridos e o enquadramento jurídico-criminal dos
mesmos", indicou a PGR.
A PGR adiantou que esta investigação
é dirigida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e
encontra-se em segredo de justiça.
Segundo informações avançadas pela
TVI, a IURD tem atualmente nove milhões de fiéis, espalhados por 182 países,
320 bispos e cerca de 14 mil pastores.
Esta igreja evangélica foi fundada
no final da década de 1970, e é liderada pelo bispo Edir Macedo, considerado um
os homens mais ricos do Brasil.
A IURD refuta as acusações de rapto
e de um esquema de adoção ilegal de crianças portuguesas e considera-as fruto
de "uma campanha difamatória e mentirosa".
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TVI24/
África 21 Digital
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