Milhões de
cristãos em todo o mundo se preparam para celebrar, neste domingo (24), o
Natal, como em Belém, onde, de acordo com a tradição cristã, Jesus Cristo
nasceu. Mas as tensões continuam latentes na região após a onda de indignação
causada pela decisão americana de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.
O
controverso anúncio feito em 6 de dezembro pelo presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, provocou manifestações e confrontos em vários países e também em
Belém, onde os cristãos celebram o nascimento de Jesus Cristo com a missa do
Galo, à meia-noite.
Nesta época
do ano, Belém, localizada na Cisjordânia, geralmente está lotada de turistas,
mas até agora a cidade parece vazia devido aos temores de confrontos entre
manifestantes palestinos e o Exército israelense.
O
arcebispo Pierbattista Pizzaballa, um dos mais altos dignitários católicos do
Oriente Médio, afirmou que “dezenas” de grupos cancelaram suas visitas devido
ao medo.
“Claramente,
isso criou uma tensão em torno de Jerusalém e desviou a atenção do Natal”,
apontou, embora tenha acrescentado que a celebração do Natal não sofreu
alterações.
Os
quase 50.000 cristãos palestinos representam quase 2% da população da
Cisjordânia e Jerusalém Oriental, majoritariamente muçulmana.
Um porta-voz da polícia israelense declarou que novos efetivos
serão implantados em Jerusalém e nos postos de controle de Belém para facilitar
o acesso de “milhares de turistas e visitantes” ao local sagrado.
Israel ocupou Jerusalém em 1967 e depois a anexou, embora a
comunidade internacional evite reconhecer a cidade como sua capital e considera
que seu status deve ser negociado.
Os
palestinos consideram Jerusalém Oriental como a capital do Estado a que aspiram
e o anúncio de Trump foi interpretado como uma rejeição de seu direito de ter
um capital nessa área.
Em
uma declaração anterior ao Natal, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud
Abbas, considerou que o anúncio de Trump “contribuiu para uma desconexão ilegal
entre as cidades sagradas de Belém e Jerusalém”.
Abbas
convocou “os cristãos do mundo a ouvir as verdadeiras vozes dos cristãos
nativos da Terra Santa (…) que rejeitam fortemente o reconhecimento americano
de Jerusalém como a capital de Israel”.
“Eles
são os descendentes dos primeiros seguidores de Jesus Cristo e são parte
integrante do povo palestino”, disse Abbas, que se referiu à comunidade cristã
local como “uma parte inerente de nossas sociedade”.
No Egito, os coptas, que comemoram o Natal em 6 de janeiro,
sofreram um ataque a uma igreja no sábado, quando uma multidão invadiu um
templo localizado em Atfih, cerca de 100 km ao sul do Cairo, destruindo objetos
e depois atacando os cristãos presentes.
A minoria cristã do Egito, que representa 10% dos 100 milhões de
habitantes deste país muçulmano, sofreu cerca de 20 incidentes desse tipo
durante 2017.
No
Iraque, este ano marca uma mudança para melhor para a comunidade cristã na
cidade de Mossul.
Lá,
os cristãos celebraram uma missa pela primeira vez em anos, depois que a cidade
foi libertada do controle do grupo extremista Estado Islâmico (EI) em julho
passado.
A
missa foi celebrada na igreja de São Paulo, a leste de Mossul, onde o patriarca
caldeu monsenhor Louis Sako exortou os fiéis a rezar pela “paz e estabilidade
em Mossul, no Iraque e em todo o mundo”.
Na
Síria, outro ex-reduto do EI, Raqa, reconquistada em outubro por uma coalizão
de curdos e árabes, ainda precisará de mais tempo para recuperar o espírito do
Natal: embora duas igrejas cristãs históricas tenham sido desminadas, os
habitantes ainda não voltaram para elas.
Enquanto
isso, em Homs (centro da Síria), a comunidade cristã vai comemorar o Natal pela
primeira vez desde que a cidade foi reconquistada pelas forças do regime de
Bashar Al-Assad, com procissões, recitais, shows e decorações entre as ruínas.
Na
Europa, onde a ameaça dos grupos extremistas segue presente, cerca de 100 mil
agentes das forças de segurança serão mobilizadas neste domingo e
segundas-feira na França, para garantir a segurança das festas de Natal e dos
locais turísticos e locais de culto, segundo uma fonte oficial.
Neste
domingo à noite, o papa Francisco, líder espiritual de 1,2 bilhão de católicos,
celebrará uma missa de Natal em Roma, às 20h30 GMT (18H30 de Brasília), antes
da tradicional bênção “Urbi et Orbi” na segunda-feira.
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Aleteia/ AFP
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