“A graça de Deus, nosso Salvador, apareceu a todos os
homens e nos ensinou a viver no século presente com piedade, aguardando a
beatitude que esperamos, e o futuro glorioso de nosso grande Deus e Salvador
Jesus Cristo.” (Tt 2, 11)
Considera que, por essa graça de que aqui fala o
apóstolo, entende-se o ardente amor de Jesus Cristo aos homens, amor que não
merecemos e que por essa razão é chamada graça. Esse amor em Deus foi sempre o
mesmo, mas não apareceu sempre.
Foi primeiro prometido por um grande número de profecias
e anunciado por muitas figuras; mas apareceu manifestamente quando o
Redentor nasceu, quando o Verbo eterno se mostrou aos homens sob a
forma duma criancinha, reclinada sobre palha, chorando e tremendo de frio,
começando assim a satisfazer pelas penas por nós merecidas, e fazendo-nos
conhecer o afeto que nos tinha pelo sacrifício que fez de sua vida por nós.
Jesus veio primeiro sob a forma de uma criança pobre e
reclinada sobre a palha. No último dia, porém, aparecerá como juiz sobre um
trono glorioso.
“Nisto conhecemos o amor de Deus”, diz S. João, “em ter
ele dado a sua vida por nós” (1Jo 3, 16). Apareceu pois o amor do
nosso Deus e apareceu a todos os homens. Mas por que não o conheceram todos, e
ainda hoje nem todos o conhecem? Eis como Jesus mesmo responde, a essa
pergunta: “A luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à luz” (Jo 3,
19). Não o conheceram e não o conhecem, porque não querem conhecê-lo,
amando mais as trevas do pecado do que a luz da graça.
Procuremos não ser do número desses infelizes. Se no
passado fechamos os olhos à luz pensando pouco no amor de Jesus Cristo, procuremos
no resto da nossa vida não perder jamais de vista as dores e a morte de nosso
Salvador, a fim de amarmos, como devemos, Aquele que tanto nos amou. Assim
teremos direito de esperar, segundo as divinas promessas, o belo paraíso que
Jesus Cristo nos adquiriu com seu sangue, esperando a beatitude e o glorioso
advento de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo: “Vivendo a esperança,
aguardamos a vinda de Cristo Salvador”.
No seu primeiro advento, Jesus veio sob a forma duma
criança pobre e desprezada, nascida num estábulo, coberta de míseros paninhos e
reclinada sobre palha; no segundo aparecerá como juiz sobre um trono glorioso.
“Eles verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu, com grande poder e
majestade” (Mt 24, 30). Feliz de quem o tiver amado! Mas ai
de quem não o tiver amado!
Afetos e
Súplicas
Ó santo Menino, vejo-vos hoje sobre a palha, pobre,
aflito e abandonado; mas sei que um dia vireis, para julgar-me, num
trono resplendente e cercado de anjos. Ah! perdoai-me antes desse dia
terrível. Então devereis agir como juiz rigoroso; mas hoje sois Redentor e Pai
de misericórdia. Eu, ingrato, fui um dos que não vos conheceram, porque não
quis conhecer-vos; eis por que, em vez de pensar em amar-vos considerando o
amor que me testemunhastes, só pensei em satisfazer-me desprezando vossa graça
e vosso amor.
Os homens não conheceram a Cristo e não o conhecem,
porque não querem conhecê-lo, amando mais as trevas do pecado do que a luz da
graça.
Entrego agora nas vossas mãos a alma que perdi; salvai-a. “Em tuas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque
vós me salvareis, ó Deus fiel” (Sl 30, 6). Ponho em vós todas as
minhas esperanças, sabendo que, para resgatar-me do inferno, destes o vosso
sangue e a vossa vida. Não me fizestes morrer quando estava em pecado, e
esperastes-me com tanta paciência, a fim de que, caindo em mim e arrependido de
vos haver ofendido, comece a amar-vos, e vós possais depois perdoar-me e
salvar-me.
Ó meu Jesus, quero corresponder a tanta bondade: arrependo-me
sobre todas as coisas dos desgostos que vos dei; arrependo-me e amo-vos
sobre todas as coisas.
Salvai-me por vossa misericórdia, e a minha salvação
consista em amar-vos sempre nesta vida e na eternidade. Maria, minha querida
Mãe, recomendai-me a vosso divino Filho. Dizei-lhe que sou vosso servo e que
pus em vós a minha esperança; ele vos ouve e nada vos recusa.
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Notas
Extraído e adaptado do livro “Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo”,
São Paulo: Cultor de Livros, 2016, pp. 249-251. A versão original italiana desta novena pode ser livremente consultada aqui.
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Cristo Nihil Praeponere
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