Serão abertos oficialmente neste fim de semana
os processos de beatificação de dois brasileiros, Padre Léo Tarcísio Gonçalves
e Marcelo Henrique Câmara; os tribunais arquidiocesanos de ambos serão
instalados na Arquidiocese de Florianópolis (SC).
Este novo passo na caminhada de Pe. Léo e
Marcelo Câmara rumo aos altares se dará após a Congregação para as Causas dos
Santos, no Vaticano, ter concedido no ano passado o nihil obstat (nada consta),
o qual garante que não há obstáculos por parte da Santa Sé para a abertura
dessas causas.
O primeiro a ter sua causa aberta oficialmente
será Pe. Léo, em cerimônia que acontecerá no sábado, 7 de março, na sede da
Comunidade Bethânia, fundada pelo próprio sacerdote, em São João Batista (SC).
Já no caso de Marcelo Câmara, acontecerá no domingo, 8 de março, no Santuário
Sagrado Coração de Jesus, em Florianópolis.
Com a abertura dos processos de beatificação,
Pe. Léo e Marcelo recebem o título de Servo de Deus e os fiéis poderão prestar
culto particular, com orações e pedidos de intercessão.
Segundo a Arquidiocese de Florianópolis, o
Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano e de Apelação de
Florianópolis, Pe. Tarcísio Pedro Vieira, será o Delegado Arquidiocesano para
essas duas causas.
Para o sacerdote, o andamento dos processos
cria um clima especial nesta Igreja particular, de oração, vida fraterna,
caridade cristã, enfim, de santidade, de desejo do céu.
“Entre nós há tantas pessoas que se destacam
pela prática das virtudes e pelo amor a Jesus e sua Igreja. Todos somos
chamados à santidade. O processo canônico de instrução de uma causa de beatificação
e canonização é um meio especial para comprovar a vivência heroica das
virtudes, confirmar a fama de santidade, o seguimento total de Jesus Cristo e a
existência de sinais extraordinários, de graças e milagres”, declarou ao site
arquidiocesano.
Pe. Léo
Tarcísio Gonçalves Pereira, que posteriormente
ficou conhecido como Pe. Léo, nasceu em 9 de outubro de 1961, em uma família
humilde de Delfim Moreira (MG), no vilarejo de Biguá, local que veio a ser
muito citado pelo sacerdote em suas pregações.
Era o nono filho Joaquim Mendes Pereira e
Maria Nazaré Guimarães. Como ele mesmo contou, antes de ingressar no seminário,
trabalhou muito, tendo atuado como torneiro mecânico e também em uma fábrica de
armas.
Foi em 1982 que ingressou no seminário da Congregação
dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, em Lavras (MG). Fez seu noviciado em
Jaraguá do Sul (SC), cursou Filosofia em Brusque (SC) e concluiu Teologia em
Taubaté (SP).
Foi ordenado sacerdote em 1990 e, em 1995,
fundou a Comunidade Bethânia, que tem como carisma o acolhimento de pessoas
marginalizadas, dependentes químicos e vítimas da prostituição.
Pe. Léo também atuou nos meios de comunicação,
tendo publicado 27 livros e conduzido programas de televisão na Associação do
Senhor Jesus e na Comunidade Canção Nova.
Em 4 de janeiro de 2007, aos 45 anos, partiu
para a Casa do Pai, vítima de infecção generalizada por causa de um câncer no
sistema linfático.
Entretanto, mesmo quando estava doente, não
deixou de lado sua missão evangelizadora. Em 2006 fez a sua última pregação no
Hosana Brasil, da Comunidade Canção Nova, com o tema “Buscai as coisas do
alto”.
Na ocasião, disse: “Quer ser feliz? Busque as
coisas do Alto. Esta é a grande palavra que Deus trouxe ao meu coração neste
tempo. A doença me tirou tudo: não consigo mais andar sozinho, não enxergo
direito. Estou cego do olho direito e vejo apenas cerca de 40% com o olho
esquerdo. Mas veio ao meu coração: ‘Ai de mim se eu não evangelizar’ (1
Coríntios 9,16b)”.
Marcelo Câmara
O jovem leigo Marcelo Henrique Câmara nasceu
em 26 de junho de 1979, em Florianópolis (SC). Formou-se em Direito e foi
promotor de Justiça no estado catarinense e membro do Opus Dei. Faleceu aos 28
anos, 20 de março de 2008, devido a um câncer.
De acordo com a Arquidiocese de Florianópolis,
após intensa conversão em um retiro promovido pelo Movimento de Emaús, Marcelo
buscou se santificar na vida cotidiana, ordinária, em meio às realidades
temporais, celebrando as alegrias e carregando as cruzes da sua existência,
tornando-se um verdadeiro apóstolo da juventude, sobretudo em meio aos grupos
de jovens desse movimento.
Participava da vida paroquial na Paróquia
Sagrado Coração de Jesus, no bairro dos Ingleses, onde era catequista de
adultos e ministro extraordinário da Sagrada Comunhão.
Dedicou-se ao máximo aos estudos e pesquisas
no curso de Direito e, depois, no ensino, como professor titular no IES e
professor substituto na Universidade Federal de Santa Catarina.
Mesmo em meio à doença, estudou com afinco
para se tornar promotor de justiça, cargo que exerceu por um ano com
profissionalismo ético e dedicação evangélica.
Identificou-se com o sofrimento redentor de
Cristo no oferecimento da sua enfermidade (leucemia), vivida com alegria e paz
cristã, durante quatro anos, em consonância com os ensinamentos de São
Josemaria Escriva, fundador do Opus Dei.
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ACI Digital
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