O Arcebispo de Cracóvia (Polônia), Dom Marek
Jędraszewski, anunciou na terça-feira, 11 de março, que os processos de
beatificação e canonização de Karol Wojtyla e sua esposa Emilia de Kaczorowski,
pais de São João Paulo II, começarão nos próximos dias.
A permissão de Dom Jędraszewski, um requisito
legal para iniciar o processo, foi acrescentada ao parecer favorável da
Conferência Episcopal Polonesa e à aprovação da Congregação para as Causas dos
Santos no Vaticano.
Em um comunicado, os bispos da Polônia
informaram que "os documentos apropriados chegarão à paróquia da
Arquidiocese de Cracóvia nos próximos dias e os fiéis serão informados sobre o
início do processo". Estes últimos "serão solicitados a enviar à
Cúria Metropolitana de Cracóvia, antes de 7 de maio de 2020, qualquer
documento, carta ou mensagem sobre os Servos de Deus, tanto positivos quanto
negativos", acrescenta o texto.
“A memória dos pais de São João Paulo II ainda
está viva, principalmente nas comunidades de Wadowice e Cracóvia. Faz muito
tempo desde a sua morte, mas ainda existem pessoas que os conheceram
pessoalmente. Vamos tentar contatá-los e pedir que testemunhem”, disse Pe.
Andrzej Scąber, secretário para a canonização da Arquidiocese de Cracóvia.
O sacerdote disse que serão escutadas várias
testemunhas diretas, inclusive os netos dos servos de Deus.
“O próprio Papa, em certo sentido, será uma
testemunha direta da santidade de seus pais. Existem muitos textos que
confirmam que eram pessoas excepcionais”, acrescenta Pe. Scąber.
Assinalou também que serão realizados dois
processos de canonização separados, nos quais se deverá demonstrar que Emília e
Karol praticaram virtudes heroicas, que disfrutam da reputação de santidade e,
por sua intercessão, as pessoas receberam os favores de Deus.
"Esse processo não será fácil devido ao
pequeno número de testemunhas oculares, mas já podemos dizer que a documentação
que foi compilada, especialmente em relação a Karol Wojtyła, é muito extensa e
mostra que esse homem, ao longo de sua vida, evoluiu em seu relacionamento com
Deus e levou essa amizade de Deus ao filho, o futuro Papa”, explicou o
presbítero.
Finalmente, Pe. Scąber comentou que, em meio a
uma sociedade em crise como a de hoje, com "muitos divórcios, relações de
convivência, crianças abandonadas", a família Wojtyla, "como diz o
Papa Francisco, são santos do bairro, normais, ordinários, que nos mostram que,
em uma situação econômica muito difícil, durante a doença, a morte de dois
filhos, é possível confiar e estar perto de Deus ".
Em 2018, o então Arcebispo de Cracóvia e
ex-secretário pessoal de São João Paulo II, Cardeal Stanislaw Dziwisz, disse
que levava em seu coração a possibilidade de iniciar o processo de beatificação
e canonização dos pais de São João Paulo II.
Biografias de Karol e Emilia
Emilia Kaczorowska, que veio de uma família de
sapateiros, era filha de Feliks Kaczorowski e Maria Scholz. Teve oito irmãos.
Nasceu em 26 de março de 1884, em Cracóvia, e foi batizada na Igreja de São
Nicolau. A família Kaczorowski morava em Smolensk Street e frequentava a igreja
da Congregação das Irmãs de São Félix de Cantalice. Em 1890, Emília iniciou sua
educação primária. Há informações na literatura de que ela frequentou a escola
da Congregação das Filhas da Divina Caridade, mas o material de arquivo da
escola daquela época não sobreviveu. Quando tinha apenas 13 anos, sua mãe
morreu.
Karol Wojtyla nasceu em 18 de julho de 1879 em
Lipnik, perto de Biała, filho de Maciej Wojtyla e Anna Przeczek, em uma família
de alfaiates. Foi batizado na igreja da Divina Providência em Biala. Com dois
anos de idade, perdeu a mãe. Nos anos 1885-1890, frequentou a Escola Folclórica
Alemã em Biała e, em 1890, começou a estudar no ginásio alemão em Bielsko. Em
1900, foi chamado para servir no exército em Wadowice. Depois de um ano, serviu
como cabo e foi direcionado para a Escola de Cadetes de Infantaria de Lviv. Em
1903, completou seu serviço militar no posto de pelotão e conseguiu voltar para
casa. No entanto, decidiu que permaneceria no exército como soldado
profissional e serviu como suboficial em Cracóvia e Wadowice.
Em 1905, Emília conheceu Karol. Sua proposta
de casamento foi aceita e seu matrimônio foi abençoado em 10 de fevereiro de
1906, na Igreja de São Pedro e São Paulo, em Cracóvia, na igreja paroquial de
Emília e na igreja da guarnição militar de Karol. Os novos cônjuges deram à luz
três filhos: Edmund (nascido em 1906), Olga, que morreu pouco depois do
nascimento e batismo (1916) e Karol (nascido em 1920), o futuro Papa.
Os Wojtyla moravam em Krowodrza. Em 1913, a
família se mudou para Wadowice, onde Karol conseguiu um emprego na unidade de
administração militar do governo.
O ano de 1916 foi particularmente doloroso na
vida de Karol, quando sua filha Olga morreu logo após o nascimento e o batismo,
e seu meio-irmão Józef morreu na frente. Em 31 de outubro de 1918, Karol
terminou seu serviço no exército austríaco como segundo tenente e no dia
seguinte uniu-se ao exército polonês, onde se tornou chefe do escritório da
Comissão de Suplementos de Poviat, em Wadowice. Os cartões de qualificação
apresentavam-no como um oficial com pleno conhecimento do ofício, experiência
e, ao mesmo tempo, humilde e amigável.
Quando Emilia teve sua terceira gravidez no
outono de 1919, os médicos assinalaram que a gravidez ameaçava a sua vida. No
entanto, ela não hesitou e decidiu dar à luz um menino. Em 18 de maio de 1920,
seu filho Karol nasceu. Ele estava saudável, enquanto a mãe, segundo os
prognósticos dos médicos, não se recuperou após o parto. Sentia-se pior e a
doença estava piorando. Em 1924, Karol se tornou tenente e, após três anos,
devido à doença progressiva de sua esposa, ele se aposentou.
Em maio de 1929, Karol (filho) recebeu a
Primeira Comunhão. Nesse mesmo ano, a saúde de Emilia se deteriorou
significativamente e ela morreu em 13 de abril, depois de receber os últimos
sacramentos na presença de seu marido. A cerimônia fúnebre foi realizada em 16
de abril na igreja de Wadowice e, em 17 de abril de 1929, ela foi enterrada no
cemitério Rakowicki, em Cracóvia.
O viúvo cuidava da casa e dos filhos. Em 1932,
seu filho Edmund, médico especialista que trabalhou no Hospital Municipal de
Bielsko por dois anos, foi infectado por um paciente e morreu de escarlatina.
Depois que Karol (filho) se formou em 1938,
seu pai se mudou com ele para Cracóvia. Moravam na rua Tyniecka, em Dębniki. O
futuro Papa João Paulo II estudou na Universidade Jagiellonian. Quando começou
a guerra, pai e filho tentaram fugir para o leste do país. Após a invasão do exército
soviético em 17 de setembro de 1939, eles retornaram a Cracóvia e, em 1940,
Karol (filho) começou a trabalhar na empresa Solvay, em Zakrzówek.
Karol (pai) ficou gravemente doente no inverno
de 1940. Ele morreu em um apartamento em Tyniecka, em 18 de fevereiro de 1941,
devido a insuficiência cardíaca. Tinha 63 anos. Seu corpo foi enterrado em 21
de fevereiro no cemitério Rakowicki, em Cracóvia, junto com sua esposa e filho.
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Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital
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