Embora seja a terceira maior solenidade do ano
litúrgico, atrás da Páscoa e de Pentecostes, a liturgia do Natal não tem muitas
particularidades referentes aos ritos. Contudo, alguns detalhes podem ser
observados para a melhor e correta celebração e mais aprofundada
espiritualidade de uma das noites mais belas do ano civil também, ainda que não
se iguale à Vigília Pascal.
As indicações a seguir são feitas mediante as
experiências nas igrejas, o que pode ser aplicado universalmente em vista da
celebração papal e também como forma de coibir algumas imprecisões e sanar
algumas dúvidas.
PREPARATIVOS
A Basílica Vaticana em penumbra
antes da Missa da Noite de Natal,
enquanto entram os Pueri Cantores, do
Coro Pontifício da Capela Sistina
Imagem: Erick Marçal/Direto da Sacristia
|
Antes do
canto do Precônio Natalino ou Kalenda
1. Como dissemos, embora não seja Vigília Pascal,
não é obrigatório que a igreja esteja escura. Contudo, para referir ainda mais
que nesta Missa é celebrado o Mistério da encarnação da Luz do mundo, no
Vaticano, por exemplo, há 2 iluminações: uma penumbra antes do canto
da Kalenda e a iluminação plena e comum momentos antes do início da Missa.
2. Ainda comparando com a Vigília de Páscoa, a
Missa da Noite de Natal não é propriamente um marco litúrgico do Mistério
celebrado: o Sábado de Aleluia, ao contrário, é uma divisão entre a morte e a
vida. A Missa “do Galo”, porém, não apresenta nenhum limite entre 2 períodos:
desde o seu início, já é Natal; desde o seu início, a Missa é comum,
diferentemente da Vigília Pascal, com um rito próprio e único. Portanto, não há
por que marcar o início do Natal apenas com o ingresso da Imagem do Menino
Jesus durante o canto do Glória, que desvia a atenção de todos. É mais adequado
que ou a Imagem esteja velada ou seja colocada no altar após o canto da Kalenda ou,
se esta não for feita, antes do início da Missa.
3. Qualquer pessoa, ordenada ou não, pode cantar o
Precônio Natalino, do ambão, mas antes da Missa, uma vez que ele não faz parte
do rito desta. É um texto antigo, que marca historicamente a encarnação de Deus
como homem, ou seja, situa no tempo este Mistério. Após o canto, a Imagem do
Menino Jesus ou é desvelada (se um digno tecido a encobria) ou é colocada no
altar.
Evite-se imitar aleatoriamente o Vaticano: porque
na Basílica é armado um lugar para a Imagem e o Evangeliário, não quer dizer
que isto pode e deve ser feito em todos os lugares. Dois motivos: o principal,
o costume é que a Imagem seja posta no altar, como a cruz, aos pés desta. Se
isto for possível, ótimo, de modo que Ela esteja voltada para o povo. Além
disto, as rubricas comuns a todos indicam que o Evangeliário, após a
proclamação, seja posto em lugar adequado. O costume no Vaticano é próprio de
lá, segundo uma tradição e permissão dos Sumos Pontífices. Segundo motivo: nem
todas as igrejas têm a estrutura da Basílica Vaticana. Portanto, em
determinadas igrejas, se for armado, desnecessariamente, algo semelhante ao
Vaticano, o altar será pouco visualizado pelos fiéis mais distantes dele, o que
afronta as rubricas do Missal.
A Missa da
Noite de Natal
4. A Missa é iniciada como todas as outras. Um
detalhe: o incenso que acompanha a procissão não é por causa desta, mas sim
para incensar o altar. O rito antigo, nas Missas solenes, tem o turíbulo com
brasas acesas desde a procissão, mas só é deitado incenso nele quando da
incensação do altar. Ou seja, se o turíbulo, na forma nova, chegar ao altar
ainda fumegante, não é necessário deitar mais incenso. Isto é um erro que se
transformou em regra.
5. Sabemos que imagens no altar só são incensadas
no início da Missa. Portanto, segue esta ordem: incensação da cruz, do altar,
da Imagem do Menino Jesus quando estiver diante dela (presumimos que no altar
ou imediatamente diante dele) e do resto do altar. O rito antigo prescreve três
ductos (ou seja, 3 vezes) de 2 ictos (isto é, 2 movimentos na horizontal) como
incensação das imagens de Nosso Senhor. No ofertório, porém, nada mais é
incensado além das ofertas, da cruz, do altar, do Celebrante, dos eventuais
Concelebrantes e do povo.
6. Não é adequado que os sinos toquem durante todo
o canto do Glória, o que o abafaria e se tornaria uma confusão de sons. Tal
como no Vaticano, nas Missas do Natal, da Ceia do Senhor e da Vigília Pascal,
os sinos podem ser tocados ou antes do Glória ou na introdução dos arranjos
musicais do canto. Depois, o som é cessado.
7.
É rubrica do Missal Romano: às palavras “E se
encarnou pelo Espírito Santo” até “e Se fez homem”, obviamente do Credo
Niceno-Constantinopolitano, se cantado, se joelha; se rezado; genuflete apenas
com o joelho esquerdo. Para a participação adequada de todos os fiéis neste
significativo gesto, é necessária uma adequada explicação ou antes da Missa ou
após a homilia, em breves e claras palavras.
8. Convém que seja rezada a Oração Eucarística I,
também em vista das orações próprias desde a Missa da Noite até o fim da Oitava
do Natal. Na Missa da Noite, reza-se “Em comunhão com toda a Igreja celebramos
a noite santa em que a Virgem Maria…”. No dia de Natal até o fim da Oitava,
celebrados liturgicamente como um só dia, reza-se “Em comunhão com toda a
Igreja celebramos o dia santo em que a Virgem Maria…”.
9. A Missa segue conforme o costume até o fim.
10. Após
a bênção final, a Imagem do Menino Jesus pode ser conduzida até o presépio, que
também presumimos que não foi realizado no presbitério, o que seria muito
inconveniente. Em outra procissão, em procissão comum, não seria necessário o
uso de incenso (que, infelizmente, também é um erro que se tornou regra).
Contudo, a procissão para o presépio pode ser igual à inicial, uma vez que ele
será incensado. Só deve haver bênção do presépio se este for novo, do
contrário, só incensação.
_____________________________
Fonte: Direto da Sacristia
Título original: Sobre a Missa da Noite do Natal do Senhor
Nenhum comentário:
Postar um comentário