“'Se
um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. Se uma casa se
dividir contra si mesma, igualmente, não conseguirá manter-se firme' (Mc 3,24).
Caros Irmãos e Irmãs,
Que a paz de Jesus Cristo esteja presente em seu
coração e na sua família!
Na manhã do dia 28 de novembro, mais exatamente às
10h30, na Cúria Diocesana, estive reunido com o Pe. Wilson Luis Ramos, com o
Cônego João Carlos Batista, Vigário Geral da Diocese e com o Pe. Maurício
Pereira Sevilha, Chanceler. Procurei esclarecer ao Pe. Wilson sobre o resultado
do Relatório da Audiência com a Paróquia Santo Antônio de Pádua de Adamantina,
ocorrido no dia 14 de outubro das 08h15 às 16h45 na Casa Pastoral Dom Osvaldo
Giuntini, na presença do Pe. Orandi da Silva, Vigário Episcopal da Região
Pastoral II e do Pe. Marcos Cesário da Silva, membro do Conselho de Presbíteros
da Diocese. Apresentei ao Pe. Wilson o resultado da Audiência e também vários
e-mails e mensagens que me foram enviados.
Este resultado apresenta uma
Paróquia dividida, com ‘grave prejuízo ou perturbação à comunidade eclesial’
(Código de Direito Canônico, Cânone 1741). Diante desta realidade, orientei o
Pe. Wilson para que entregasse a Paróquia, no que Ele, gozando de sua liberdade
e consciência, a entregou. Espero que esta decisão contribua para que se
estabeleça entre nós o Ano da Paz, que deverá ser inaugurado no próximo dia 30
de novembro, por iniciativa da CNBB. Não consigo enxergar, nesta situação, nem
vencedores e nem vencidos, apenas pessoas que amam a Jesus Cristo e à sua
Igreja e querem trabalhar pelo crescimento do Reino de Deus. Confesso que tenho
recebido e recebi várias mensagens e testemunhos pró e contra o trabalho do Pe.
Wilson, o que vem confirmando a divisão interna da Paróquia. Tenho rezado e
pretendo continuar rezando para que, pela intercessão do Glorioso Santo
Antônio, possamos caminhar juntos e evangelizar. A todos concedo a minha
bênção”.
Dom Luiz Antonio Cipolini
Bispo da Diocese de Marília
ENTENDA O CASO
A comunidade católica de Adamantina iniciou na
terça-feira (2), no Centro da cidade, uma mobilização, por meio de um
abaixo-assinado, para reivindicar a permanência do padre Wilson Ramos na
Paróquia de Santo Antônio.
Segundo Franciele Spina, de 22 anos, participante
do movimento, desde que chegou para assumir a paróquia, há aproximadamente um
ano e cinco meses, o padre recebe ofensas racistas de algumas pessoas por ser
negro e, por conta disso, o bispo da Diocese de Marília, Dom Luiz Antonio
Cipolini, quer mudá-lo de cidade.
“Só hoje [2],
já recolhemos três mil assinaturas. A mobilização ‘Fica, Padre Wilson’
continuará até a quarta-feira que vem [10], sempre no Centro, das 9h às 16h.
Além do ponto fixo, há pessoas passando com livros pelos bairros também.
Pretendemos recolher aproximadamente 20 mil assinaturas até a semana que vem”,
ressaltou Franciele ao site iFronteira.
O padre Wilson Luis Ramos explicou ao iFronteira,
na tarde desta terça-feira (2), a sua versão sobre a história envolvendo a
transferência e revelou que foi pressionado a entregar a paróquia.
“Existe um
grupo de pessoas insatisfeitas na paróquia que não aceitaram a minha chegada.
Elas entraram em contato com o bispo e conversavam quase sempre com ele. O que
aconteceu foi que o bispo as escutou e disse que eu estava dividindo a paróquia
e isso não é verdade. A própria movimentação é uma forma de reforçar que isso
não é verdade”, disse o sacerdote.
De acordo com Ramos, no início houve um preconceito
muito grande por parte de alguns fiéis da paróquia. “Em cima da igreja, há um galo de bronze e esse grupo chegou a sugerir
que ele fosse tirado para colocarem um urubu no lugar. Foi a partir daí que
começou todo alvoroço”, contou ao iFronteira.
“A nota diz
que eu aceitei em liberdade e consciência, mas a gente vai sendo pressionado,
pressionado, pressionado, que uma hora você precisa ceder, diante de tanta
insistência. Isso não é uma escolha minha. Eu queria ficar, eu desejo ficar,
não tenho nenhum motivo para sair”, revelou Ramos ao iFronteira.
Sobre a manifestação, por meio do abaixo-assinado
realizado pela comunidade católica, o sacerdote avalia como um ato de carinho e
reconhecimento de seu trabalho.
“Agradeço de
coração, isso é uma maneira de expressar a confiança e o carinho que eles têm
por mim. É uma coisa muito bonita. Apesar de toda essa confusão, estou
recebendo uma prova de amor e de respeito e isso para mim é muito gratificante,
é o reconhecimento de todo um trabalho”, declarou o padre.
“Eu
acredito que o principal, nessa hora, seria o diálogo. É muito mais evangélico
sentarmos e conversarmos, ao invés de ficar nessa guerra toda”, desabafou o sacerdote ao iFronteira.
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Com informações: iFronteira
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