domingo, 7 de dezembro de 2014

Primeira Pregação do Advento: a paz dom de Deus


Nesta sexta-feira, dia 5 de dezembro tiveram início as pregações pregações de Advento propostas pelo Padre Raniero Cantalamessa ao Papa Francisco e à Cúria Romana na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. O sacerdote capuchinho e Pregador da Casa Pontifícia denominou este ciclo de pregações com o título “Paz na terra aos homens que Deus ama”. Esta primeira pregação teve como temática a paz como dom de Deus em Jesus Cristo sendo que as próximas sextas-feiras terão com orientação temática a paz como tarefa pela qual trabalhar, no dia 12 e a paz como fruto do Espírito no dia 19 de dezembro.

O Padre Cantalamessa começou por propôr as palavras de S. Paulo na Carta aos Romanos:

“Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, mediante o qual também tivemos, pela fé, o acesso a esta graça em que estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5, 1-2).

O Padre Raniero recordando o Armistício da Segunda Guerra Mundial e fazendo um paralelismo com o tempo do Apóstolo Paulo referiu que “quando falamos de paz, somos levados a pensar quase sempre numa paz horizontal: entre os povos, entre as raças, entre as classes sociais, entre as religiões. A palavra de Deus ensina-nos que a paz primeira e mais essencial é a vertical, entre o céu e a terra, entre Deus e a humanidade.”

O Padre Cantalamessa apresentou, assim, Jesus Cristo como Aquele que traz a paz através da Sua cruz. “A Igreja apostólica nunca se cansa de proclamar o cumprimento, em Cristo, de todas as promessas de paz feitas por Deus. Falando do Messias que nasceria em Belém da Judeia, o profeta Miqueias tinha predito: ‘Ele será a nossa paz!’” – sublinhou o Padre Raniero. 

A paz é, desta forma, um fruto da cruz de Cristo, podemos mesmo dizer que “não se entende a mudança radical ocorrida no relacionamento com Deus se não se entende o que aconteceu na morte de Cristo.” – afirmou o Padre Cantalamessa que continuou dizendo: “Por um lado, havia os homens que, pecando, tinham contraído com Deus uma dívida e precisavam lutar contra o demónio que os mantinha escravos: situações, estas, que eles não podiam resolver, sendo a dívida infinita e eles prisioneiros de Satanás, de quem tinham de se livrar. Por outro lado, Deus podia expiar o pecado e vencer Satanás, mas não devia fazê-lo, não era obrigado a fazê-lo, já que não era Ele o devedor. Tinha de ser alguém que unificasse em si mesmo o combatente capaz de o vencer: é o caso de Cristo, Deus e homem.”

Esta paz de Cristo é operante nas nossas vidas mediante a ação do Espírito Santo – observou o Pregador da Casa Pontifícia que recordou expressões e atitudes da vida cristã que ainda revelam um certo sentido de punição. Exemplo disso é o ‘Kyrie eleison’ que clama piedade a Deus, quando no sentido bíblico esta piedade debe ser vista talvez desta forma: “Senhor, cobri-nos com a vossa ternura!” – afirmou o Padre Raniero.

No final da sua pregação o Padre Cantalamessa referiu ainda que na relação entre o homem e Deus com a vinda de Jesus “o filho tomou o lugar do escravo; o amor, o lugar do medo. É assim que se chega verdadeiramente à reconciliação com Deus” – concluiu o Padre Raniero Cantalamessa. (RS)



Rádio Vaticano

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