“E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o
em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na
hospedaria“. (Lc 2,7)
“Hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que
é o Cristo Senhor". (Lc 2,11)
É noite de alegria. Porque, no meio da escuridão,
uma Luz resplandeceu. No meio das Trevas, uma Luz brilhou, e todos A vieram
contemplar.
O Menino Deus nasceu à noite, porque é na noite que
precisamos da luz. Nasceu à noite, para ensinar que era noite na humanidade;
uma noite longa que se arrastava por séculos. Era noite desde o pecado de Adão.
Todo o mundo jazia no maligno.
Mas uma Luz resplandeceu em meio às Trevas. Na
noite de Belém, nos nasceu um Salvador. E aquela Luz brilhou tão forte nas
trevas do pecado, que todos A perceberam. Os Reis Magos A perceberam, e vieram
adorá-La. Herodes A percebeu, e tentou apagá-La. Porque, em meio às Trevas, é
impossível não notar uma Luz resplandecente. Os filhos da Luz buscam-Na e
sentem-se à vontade junto a Ela; os filhos das Trevas d’Ela fogem horrorizados,
pois têm vergonha das suas obras ímpias, que realizam na escuridão. A Luz atrai
os bons e afugenta os maus. Por isso, o Deus Menino nascido em Belém estava
destinado a ser um sinal de contradição, como profetizou o velho Simeão.
“Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis
que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para
muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições“ (Lc 2,34)
O Cristo Deus, Unigênito do Pai, Deus de Deus, Luz
da Luz, Deus Verdadeiro do Deus Verdadeiro, veio ao mundo destinado a ser uma
causa de queda para muitos. Causa de queda para os que preferissem as Trevas à
Luz. Causa de queda para os que, como Herodes, quisessem apagar essa Luz para
continuar a viver nas Trevas.
E, neste Natal, somos como os Reis Magos, ou somos
como Herodes? Procuramos ao Deus Menino para oferecer-Lhe o melhor que temos,
ou fugimos d’Ele e O queremos matar, justamente para que não nos desfaçamos de
nossos vícios que nos são tão caros? Desejamos que o Cristo nasça? Ou queremos
que Ele não venha, para que possamos viver ainda um pouco mais nas Trevas,
ainda um pouco mais no pecado, sem que nossas torpezas sejam postas a
descoberto?
Se eu tivesse que escolher, diria que estamos muito
mais para Herodes do que para os Reis Magos. Mas eu proponho uma terceira
opção: neste Natal, nós somos como as construções, a cujas portas bateram Santa
Maria e São José. Construções suntuosas como palácios, ricas demais para
perceberem que lhes falta a maior das riquezas. Aconchegantes como hospedarias,
animadas demais para perceberem Alguém que precisa de um pouco de atenção.
Familiares, como casas, mas fechadas demais sobre si próprias para abrirem a
porta a uma Mulher grávida e Seu marido. Ou indignas demais, como estrebarias,
inadequadas para receber um Rei.
Mas não importa que construção nós sejamos, não
importa se somos palácios ou hospedarias, casas ou estrebarias. Importa que
estejamos com Maria. Porque, em Belém, de todas aquelas construções, somente
uma teve a honra de abrigar o Filho de Deus feito Homem: aquela na qual se
encontrava a Virgem Santa. Que assim seja também conosco. Neste Natal, como
naquele primeiro, o Menino Deus só nasce naquelas almas que não negam
hospedagem a Maria Santíssima. Procuremos, pois, abrir as portas de nossa alma
a essa Boa Senhora, e Ela, em troca, abrirá para nós as portas do Céu e nos
trará Jesus Menino, Luz que resplandece nas trevas, Senhor Nosso e Nosso
Salvador.
Um feliz e santo Natal a todos.
_____________________________
Deus lo Vult!
Nenhum comentário:
Postar um comentário