O Primeiro de
Maio é tratado, equivocadamente, como Dia do Trabalho. Visitemos sua história
para entendermos que, na realidade, é Dia de Luta da Classe Trabalhadora, e
procuremos celebrá-lo de acordo com seu verdadeiro significado, visando o bem
comum e, acima de tudo, o Reino de Deus.
Como surgiu esse
dia? Imaginemos milhões de pessoas trabalhando das 6 da manhã às 10 da noite,
ou seja, 16 horas por dia, seis dias por semana, recebendo salários miseráveis,
morando em condições extremamente precárias, estando frequentemente doentes e
não tendo nenhum direito trabalhista garantido por lei. Assim era a condição
dos trabalhadores, entre os quais milhões de crianças e mulheres, há pouco mais
de 100 anos, no mundo todo.
Os trabalhadores
de então se organizaram, criaram sindicatos e começaram a lutar por uma jornada
diária de 8 horas de trabalho. Passaram a fazer manifestações para conseguirem
esse e outros direitos. Foi assim que na cidade de Chicago, nos Estados Unidos,
no dia primeiro de maio de 1886, milhares de trabalhadores em greve, saíram às
ruas, reivindicando a redução da jornada de trabalho para 8 horas.
Eles foram
fortemente reprimidos. Muitos foram mortos e alguns foram condenados à prisão
perpétua. Quatro deles foram enforcados. Por esse fato, três anos mais tarde,
um grande encontro mundial de trabalhadores realizado na França, declarou o dia
primeiro de maio como um dia de luta, no qual os trabalhadores e trabalhadoras
saem às ruas para exigir seus direitos.
Desde então, as
lutas da classe trabalhadora se espalharam pelo mundo inteiro. Hoje, temos
muitos direitos garantidos, graças a essas lutas. Há outros ainda por
conquistar. No entanto, estamos correndo riscos de perder muitos direitos já
adquiridos.
No Brasil, por
exemplo, a maioria dos deputados e senadores, por serem empresários ou terem
sido eleitos com o apoio empresarial, decidem leis a seu favor, que prejudicam
a classe trabalhadora. É o caso do Projeto de Lei 30/2015 da Câmara Federal,
que aguarda decisão do Senado. Ele quer favorecer ainda mais a terceirização do
trabalho, acabar com os pisos salariais que já são baixos, cortar direitos
adquiridos em convenções coletivas e fragilizar ainda mais a organização dos
trabalhadores.
Devemos nos
perguntar se outras decisões de caráter trabalhista e político no âmbito do
Congresso Nacional, não estariam nessa mesma lógica. Se ficarmos como
expectadores dessas decisões, ou ingenuamente favoráveis, em lugar de
conquistarmos novos direitos, perderemos os que já temos.
Como celebrar,
então, o Primeiro de Maio, senão pela continuidade da luta por melhores
condições econômicas e pela ampliação de direitos sociais e culturais. Por
isso, nesse dia, em lugar de churrasco e futebol de empresas, que tal
atividades educativas que esclarecem o momento político atual e sua relação com
o presente e o futuro da classe trabalhadora deste país?
Que tal incluir
nessas atividades um estudo sobre a Doutrina Social da Igreja, particularmente
a Encíclica sobre o Trabalho Humano, do Papa João Paulo II, de 1981? Vale a
pena entendermos que desde a perspectiva da fé cristã católica, lutar em favor
do que é justo para a classe trabalhadora significa lutar em prol do bem comum,
que sinaliza na história o Reino definitivo de Deus.
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