Há algumas
objeções levantadas pelos protestantes contra Nossa Senhora que causam
indignação aos católicos. Estes, entretanto, inúmeras vezes, por falta de boa
formação não sabem como responder ficando numa situação embaraçosa. Assim peço
ao Sr. uma palavra de esclarecimento sobre alguns pontos relativos ao culto à
boa Mãe de Deus. Os protestantes dizem que Nossa Senhora era uma mulher como
outra qualquer, a Bíblia trata muito pouco d’Ela e só no Novo Testamento, e
portanto não há motivo para ser venerada. Dizem também que não entendem porque
a Igreja Católica faz tantas festas para Nossa Senhora e não as faz para Jesus
Cristo. Por outro lado, como se explica que existam tantas Nossas Senhoras:
Aparecida, Fátima, das Dores etc??
Com muito gosto passo a responder às objeções
levantadas. Basta abrir o Livro Sagrado, quando, no Gênesis, capítulo 3, é
narrada a queda de nossos primeiros pais tentados pelo demônio sob aparência de
serpente, para vermos um anúncio profético a respeito do Salvador e de sua
Santa Mãe.
Depois de amaldiçoar a serpente (o demônio), Deus
diz "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a
descendência dela. Ela te esmagará a cabeça e tu armarás traições ao seu
calcanhar" (3,15).
Esta mulher, inimiga da serpente, que por ser Mãe
de tal Filho esmagará a cabeça do demônio, é Maria Santíssima.
Pode-se ver também referências proféticas à Virgem,
em Isaías (7,14), "uma Virgem conceberá", em Miquéias (5, 2-3),
Jeremias (31,22), etc.
No Novo Testamento, também se fala da Mãe de Deus.
Quem ainda não leu nos Evangelhos a cena da Anunciação do Anjo a Maria; a
visita dEla à sua prima Santa Isabel, quando Nossa Senhora compôs e entoou o
cântico do Magnificat? Nesse belíssimo cântico, que está logo no início do
Evangelho de São Lucas, Ela diz claramente que, dali por diante, "todas as
gerações me chamarão bem-aventurada, porque grandes coisas fez em mim Aquele
que é poderoso"(1, 48,49)
É o que a Igreja faz: chama Maria de
Bem-aventurada. E os protestantes, o que fazem? Chamam-na de "uma mulher
como outra qualquer".
Pode-se ler ainda nos Evangelhos, a descrição da
viagem d’Ela e de São José a Belém, a procura de hospedagem, o alojamento na
gruta, o nascimento do Menino Jesus, a fuga da Sagrada Família para o Egito e a
volta para Nazaré, o encontro de Jesus entre os doutores, as bodas de Caná,
etc.
Isso é falar pouco de Nossa Senhora? Exclamemos com
os Santos e com a Igreja "De Maria nunquam satis"! Ou seja, as
glórias de Maria não têm limites!
Por que os
protestantes são contra as homenagens a Nossa Senhora?
Em segundo lugar, objetam os herejes: por que se
fazem tantas festas e coroações de Nossa Senhora e não se faz o mesmo a Nosso
Senhor? Objeção totalmente descabida. Pois, todas as festas da Igreja têm a
Nosso Senhor como centro: Ele é o Mediador absoluto do qual Nossa Senhora é por
excelência a Medianeira por participação. Até mesmo os Santos -- embora
imensamente abaixo de Nossa Senhora -- podem também ser mediadores por
participação.
Assim, ao glorificarmos a Excelsa Mãe de Deus ou um
destes mediadores secundários é ao Mediador principal que estamos glorificando.
Além disso, na Igreja há inúmeras festas a Nosso
Senhor. O Ano Litúrgico gira todo em torno dos Mistérios de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Os cinqüenta e dois Domingos do ano celebram a Ressurreição! Eu me
lembro em criança das procissões da Semana Santa, por exemplo com Nosso Senhor
morto -- a célebre Procissão do Enterro -- após a cerimônia das três horas da
tarde; a Festa de Corpus Christi; a Festa do Sagrado Coração de Jesus, etc.
Agora, se o povo manifesta ternura e entusiasmo por
Nossa Senhora, é porque tem verdadeiro amor por Nosso Senhor. Porque, como
dizia o grande São Luís Maria Grignion de Montfort, "não tem a Deus por Pai
quem não tem Maria por Mãe".
Existem
várias Nossas Senhoras?
Por último a questão das várias invocações de Nossa
Senhora. Não existe nenhuma diferença quanto à Pessoa Venerada; trata-se sempre
da mesma Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo que aparece na Bíblia.
São apenas diferentes invocações ou títulos que
lembram os lugares em que Ela apareceu, ou o modo como Ela se manifestou, ou
algum privilégio de que Ela está adornada, ou finalmente algum aspecto especial
pelo qual Ela deve ser venerada.
Assim, dou alguns exemplos: Nossa Senhora de
Fátima. Esta invocação surgiu a partir das aparições da Virgem em 1917 na Cova
da Iria -- periferia de Fátima em Portugal, onde Ela se manifestou a três
pastorinhos, anunciando castigos para a humanidade se esta não se convertesse,
mas que por fim seu Imaculado Coração triunfaria.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Por que
Aparecida? Porque uma imagem da Imaculada Conceição foi achada --
"apareceu" -- no Rio Paraíba, em São Paulo, há duzentos e oitenta anos
atrás, numa pesca milagrosa, que deu início a um série de prodígios e bênçãos
para a Terra de Santa Cruz.
Nossa Senhora da Imaculada Conceição -- nesta
invocação os fiéis exaltam o privilégio altíssimo dado por Deus a Nossa
Senhora, o fato de ter sido Ela concebida sem pecado original, ou seja, a sua
concepção foi sem mácula, sem a mancha do pecado de origem, cometido por nossos
primeiros pais no Paraíso. Privilégio único.
Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos -- com esta
invocação a Igreja incentiva todos os fiéis que estiverem aflitos a se voltarem
com especial confiança para a Virgem Santíssima. É a Mãe e Senhora da
Consolação!
E, assim por diante, cada invocação de Nossa
Senhora tem sua razão de ser, sua luz, seu perfume. Haja vista a Ladainha
Lauretana, que é a Sua Ladainha...
Aí estão as explicações sobre as várias invocações
a Nossa Senhora. E, para encerrar, como de Maria nunca é demais falar, cito as
ardentes palavras de S. Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem: "Jesus Cristo deu mais glória a
Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido
toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Oh! quão altamente
glorificamos a Deus, quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a
exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo".
Se examinarmos atentamente o resto da vida de
Jesus, veremos que foi por Maria que Ele quis começar seus milagres. Pela
palavra de Maria Ele santificou São João no seio de Santa Isabel; assim que as
palavras brotaram dos lábios de Maria, João ficou santificado, e foi este seu
primeiro milagre na ordem da graça. Foi ao humilde pedido de Maria, que Ele,
nas núpcias de Caná, mudou água em delicioso vinho, sendo este seu primeiro
milagre em público, na ordem da natureza. Ele começou e continuou seus milagres
por Maria, e por mediação de Maria continuará a operá-los até o fim dos
séculos. É Ela a Medianeira de todas as Graças.
Cônego José
Luiz Villac
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Catolicismo:
revista de cultura e atualidades
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