Jesus diz que a verdade liberta, apesar de o
processo de libertação exigir grande esforço, busca de ideal elevado,
honestidade e remar contra a correnteza de quem é corrupto e não quer saber da
verdade. Esta inclui valores de cidadania, honradez, grandeza de caráter, ética
e atitude moral de quem valoriza a vida com suas virtudes humanas.
Por falar a verdade e criticar a incredulidade dos
judeus reunidos na sinagoga, eles se colocaram contra o Mestre, expulsaram-no
da cidade e queriam matá-lo (Cf. Lucas 4,25,30). As agressões contra as pessoas
que defendem o bem, a justiça e a verdade muitas vezes acontecem. Em muitas
campanhas eleitorais assistimos agressões verbais, perseguições, mentiras e até
mortes de opositores políticos. Mesmo durante o mandato de alguns políticos
vemos perseguições em relação a quem defende a ética na política. Acontece
muito a reprovação contra quem compra e quem vende o voto, sendo corruptos ou
corruptores, bem como o modo imoral de governar e legislar, o roubo e o caixa
dois na arrecadação ou na prestação de contas em relação a verbas de
campanha.
Não podemos ter medo de defender a verdade e o bem
comum, assim como a lisura nas campanhas políticas, nas eleições e no mando
político. Afinal, a boa política é a melhor forma de fazer a caridade, conforme
nos lembraram alguns Papas, como Pio XI e Paulo VI. De fato, a verdade
defendida também no bom encaminhamento da promoção da coisa pública, ajuda
o serviço ao bem comum e, principalmente, aos que são injustiçados na
convivência social.
A verdade, fundamentada nos valores inerentes à
obra criada por Deus e revelados por Ele através de seu Filho, não pode ser
negada sem o efeito danoso para quem vive enganando os outros. Usa-se, então,
da mentira, da irracionalidade e da ofensa à dignidade da pessoa humana, criada
à imagem e semelhança do Criador. A mentira ou a falsidade não se coaduna com
quem tem o coração realmente humano, superando atitudes desumanas com o próximo
. Viver enganando ou sendo enganada, faz a pessoa de pequeno ou de nulo porte
de caráter. Ninguém pode trocar a riqueza ilícita e qualquer vantagem social
pela grandeza moral e de caráter. O pouco com honestidade vale muito mais do
que o muito com desonestidade!
Paulo nos lembra a grandeza do amor ou da caridade,
que é fruto da verdade ou da bondade de Deus e de quem O tem na prática da convivência
com o semelhante: “A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é
vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira,
não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniqüidade, mas se
regozija com a verdade” (1 Coríntios 12,4-6).
Quem é da verdade, é do bem não persegue, não
derruba, não diminui os outros, não se vinga, sabe colaborar com o bem do
semelhante, ajuda-o a corrigir-se com método fraterno e misericordioso. Saber
rever-se e corrigir seu modo de se relacionar, de exercer liderança e de
colaborar com o bem comum. Sabe exercer cargos para servir e não para tirar
proveito de modo ilícito, desonesto e irresponsável. É humilde em aceitar
crítica, correção e sugestões. Por reconhecer a verdade de si, dos outros e de
Deus não se julga superior aos outros e sim servidor e responsável. Colabora
com a promoção da justiça e da dignidade humana, tendo afeição e compromisso
principalmente com os mais fragilizados.
Hoje precisamos de quem realmente promova, defenda
e viva os valores humanos e sociais, com a ação de implantar a verdade na
família, na comunidade e sociedade. Isso faz a pessoa até enfrentar
corruptos e imorais que ofendem o bem do ser humano.
Dom José
Alberto Moura
Arcebispo de
Montes Claros (MG)
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