A celebração do
Dia do Trabalho ou do Trabalhador convida-nos a refletir sobre a dignidade do
trabalho humano. O trabalho é uma dimensão fundamental da existência que
apresenta duas dimensões: objetiva e subjetiva.
Em sentido
objetivo, o trabalho é o conjunto de atividades, recursos, instrumentos e
técnicas de que o homem se serve para produzir. Além disso, o trabalho no
sentido objetivo constitui o aspecto contingente da atividade do homem, que
varia incessantemente nas suas modalidades com o mudar das condições técnicas,
culturais, sociais e políticas.
O trabalho em
sentido subjetivo é o agir do homem enquanto ser dinâmico, capaz de levar a
cabo várias ações que pertencem ao processo do trabalho. O homem é um ser
dotado de subjetividade, capaz de agir de maneira programada e racional, capaz
de decidir por si mesmo e com a tendência de realizar-se a si mesmo. O sentido
subjetivo é a dimensão estável do trabalhador, porque não depende do que o
homem realiza concretamente nem do gênero de atividade que exerce, mas só e
exclusivamente da sua dignidade de ser pessoa.
A dimensão
subjetiva confere ao trabalho a sua peculiar dignidade, que impede de
considerá-lo como uma simples mercadoria ou elemento impessoal da organização
produtiva. O trabalho, independentemente do seu menor ou maior valor objetivo,
é expressão essencial da pessoa, é um ato pessoal. Cada trabalhador deixa na
atividade realizada a sua marca pessoal. Qualquer forma de materialismo e de
economicismo que tente reduzir o trabalhador a mero instrumento de produção, a
simples força de trabalho, a valor exclusivamente material, acabaria por
desnaturar irremediavelmente a essência do trabalho, privando-o da sua finalidade
mais nobre e profundamente humana.
A dimensão
subjetiva do trabalho deve ter a preeminência sobre a objetiva. Se faltar esta
consciência ou se não se quiser reconhecer esta verdade, o trabalho perde o seu
significado mais verdadeiro e profundo. Se a dimensão objetiva fica mais
importante que a subjetiva, as técnicas utilizadas, os instrumentos e os
produtos se tornam mais importantes do que o trabalhador. A dignidade do
trabalho se fundamenta na dignidade de quem o realiza, isto é, na pessoa humana.
Dom Rodolfo Luis Weber
Arcebispo de Passo Fundo
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